O céu estava cinzento e ameaçava chuva quando Ethan e James estacionaram a caminhonete em um ponto afastado da estrada de terra que levava ao galpão abandonado próximo ao Lago Três Irmãs. O lugar parecia ter saído de um pesadelo: árvores retorcidas cercavam a propriedade, e o silêncio era denso, pesado, sufocante. Nem o som dos pássaros ousava quebrá-lo.
Ambos desceram do veículo em silêncio. Os olhares trocados não precisavam de palavras, sabiam o que estavam prestes a enfrentar.
— Está armado? — perguntou James, baixo.
— Sim. Mas pretendo não usar — respondeu Ethan, com o maxilar trincado. — A não ser que ela me obrigue.
Avançaram com cuidado até a entrada lateral do galpão. A porta estava entreaberta, rangendo ao vento, como se os convidasse a entrar. Ethan empurrou com força. O ambiente escuro cheirava a mofo, óleo velho e poeira. Lâmpadas penduradas piscavam aqui e ali, criando sombras que se moviam de forma quase sobrenatural.
E então a viram.
No centro do galpão, sob a luz principal, Miranda estava em pé, de costas para eles, vestindo um vestido preto colado ao corpo e segurando algo nas mãos, uma fotografia amassada.
Ao ouvir os passos, ela virou-se devagar… e sorriu.
— Eu sabia que viriam.
Ethan e James pararam, lado a lado. A frieza no olhar de Miranda era cortante, mas o que mais assustava era a tranquilidade no sorriso. Como se tudo aquilo fosse um grande jogo. Um espetáculo criado por ela mesma.
— Miranda — disse James, cauteloso. — Isso precisa parar.
Ela o ignorou, caminhando lentamente em direção aos dois. A luz oscilava sobre seu rosto, revelando olheiras profundas, a pele pálida e os olhos vermelhos. Mas havia algo além da aparência: um vazio.
— Sabem o que é engraçado? — disse, com a voz doce, como se falasse de um sonho. — Eu tentei tanto ser boa. A filha perfeita, a aluna exemplar, a mulher ideal. Tudo para agradar. Tudo para ser digna de amor. Do seu amor, James.
Ele respirou fundo, firme.
— Você precisava de ajuda. E eu…
— Cala a boca! — ela gritou de repente, a voz ganhando um tom estridente, quase infantil. — Você me usou! Fez promessas com os olhos, com seus malditos sorrisos. E depois… depois me deixou como se eu fosse lixo!
James não respondeu. Sabia que qualquer palavra errada podia acender o pavio que ela segurava nas mãos.
Ethan deu um passo à frente.
— Miranda, onde está o hacker? Onde estão os arquivos, os planos? O que você está tramando?
Ela riu. Uma risada seca, amarga, sem qualquer humor.
— Vocês não entendem, não é? Não é sobre planos. É sobre justiça. É sobre ela. Aquela vadia. A Helen destruiu tudo. Ela tomou o meu lugar.
— Você nunca teve lugar algum com James. Ele não te amava. Nunca amou! — Ethan disse, a voz carregada de raiva.
— CALE A MALDITA BOCA! Helen tem o que deveria ser meu por direito. — berrou Miranda, com os olhos vidrados. — Você também, Ethan… Você, o príncipe da empresa, o marido perfeito, o cavalheiro. Aposto que ela faz carinha de santa quando geme o seu nome, não é?
Ethan avançou, furioso e James tentou segurá-lo.
— Ethan, não. Ela quer provocar.
— Ela passou dos limites — murmurou ele, com os punhos cerrados.
Miranda virou-se para James, com um sorriso sombrio.
— Vai deixar ele me bater, James? Vai assistir de novo, como assistiu quando todos me viraram as costas?



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