A luz do fim da tarde atravessava os painéis de vidro do prédio da Carter Enterprises com suavidade, tingindo o ambiente de dourado. Lá embaixo, a cidade parecia respirar com mais calma. Nada de sirenes, nenhum telefonema urgente. Era como se Nova York, por um breve instante, tivesse decidido dar uma trégua. O mundo, de repente, parecia sorrir para Ethan Carter e ele sorria de volta.
Depois de meses mergulhado em investigações, noites insones, ameaças e uma guerra silenciosa contra a loucura de Miranda, os dias finalmente pareciam normais. Mas não um “normal qualquer”. Era um novo tipo de normal: repleto de pequenas alegrias, esperas doces, silêncios acolhedores e risadas inesperadas.
Helen estava em casa, afastada da empresa por ordens médicas e, claro, pela insistência incansável de todos. Com a barriguinha já saliente e a energia um pouco mais contida, ela passava os dias entre almofadas, planilhas floridas com temas de chá revelação e sessões de cozinha improvisada com Melissa e Katerina. O evento, marcado para o sábado seguinte, era a nova obsessão da família.
E no escritório… algo havia mudado.
Ethan, que costumava ser o CEO implacável, focado, metódico até o último suspiro, agora andava pelos corredores com os ombros mais relaxados e um brilho suave nos olhos. Um brilho que ninguém jamais tinha visto nele. O olhar de um homem apaixonado. E mais do que isso: o de um homem grato por estar vivo, inteiro… e prestes a conhecer seu filho.
Na sala envidraçada do último andar, ele acabava de encerrar uma reunião com investidores internacionais e ainda mantinha o sorriso no rosto. O tipo de sorriso que escapa sem pedir permissão.
Foi então que Simone entrou. Como sempre, elegante. Vestido lilás, salto médio, coque firme e um tablet na mão.
— Senhor Carter… a paternidade te fez bem! — provocou, já com um sorriso esperto no rosto. — Quase não reconheço o senhor sorridente depois de uma reunião dessas. Cadê o CEO carrancudo que aterrorizava até o café da recepção?
Ethan ergueu os olhos do relatório e soltou uma risada sincera.
— Eu sou o homem mais feliz do mundo, Simone. Tenho uma mulher maravilhosa, uma família incrível e agora… um bebê. Caralho, não poderia estar mais feliz!
Simone arregalou os olhos e depois caiu na gargalhada, quase deixando o tablet cair.
— Senhor Carter?! — disse, fazendo aspas no ar com os dedos. — O senhor formal, polido, dono de fala pausada e vocabulário elegante… soltando palavrão no expediente? O que é isso? Milagre?
Ele coçou a nuca, um pouco envergonhado, mas sem perder o bom humor.
— Escapou. Foi o entusiasmo.
— Escapou… — Simone balançou a cabeça, divertida. — Escapou igual o Ethan Carter fugindo de uma reunião com gráficos de auditoria. Olha, eu esperei por esse momento por dez anos. Tânia vai desmaiar quando eu contar.
— Ah, então agora virou fofoca interna?
— Já virou manchete nos bastidores da firma. “CEO Carter flagrado sorrindo e dizendo palavrões! Estaria doente? Teria sido abduzido?”
Ethan riu alto de novo, jogando-se de leve contra a cadeira.
— Eu deveria mandar você para o RH.
— Pode mandar. Mas vai ficar sem bolo de “desejos impossíveis” no chá revelação. Eu e Tânia já estamos com os vestidos combinando e os discursos ensaiados.
A porta se abriu com um estrondo típico, interrompendo a conversa com estilo.
— Ei, papai do ano! — anunciou Liam, entrando com o celular numa mão e um sorriso debochado no rosto. — Melhor levantar agora, ou Zoe vai te buscar com uma escada e uma vara de pescar. E você conhece a sua irmã… ela é capaz.
— Nossa… — Ethan olhou para o relógio e piscou, surpreso. — Nem vi que já estava tão tarde.
— Claro que não viu. Estava ocupado fazendo cara de CEO feliz. E isso exige concentração.
Ethan fechou o notebook e se levantou, pegando o blazer pendurado na cadeira.
— Simone — disse, ajeitando os punhos da camisa e pegando o celular —, sério agora, apareçam hoje. Helen está contando com isso. Vocês prometeram levar o bolo dos desejos impossíveis, e ela disse que se vocês faltarem, vão ser cortadas da lista de padrinhos honorários.


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