A porta da sala de maternidade se abriu devagar, como se o mundo inteiro precisasse pedir permissão para entrar. E era exatamente isso que acontecia: David Carter havia chegado, e o mundo, ao menos o da sua família, precisava se reorganizar ao redor daquele pequeno ser de gorro azul e nariz arrebitado.
Helen estava sentada na poltrona com o bebê nos braços. Os cabelos soltos, o rosto sem maquiagem, a camisola hospitalar um pouco amarrotada… e ainda assim, parecia uma pintura renascentista. Ethan estava ao lado dela, segurando a mão de Helen com uma, e com a outra, fotografando cada detalhe do rosto do filho como se precisasse documentar sua existência para a posteridade.
A porta rangeu e uma cabeça apareceu timidamente.
— Podemos?
— Entrem — disse Ethan, com um sorriso.
Zoe foi a primeira a entrar, seguida por Melissa e Donald. Logo atrás vinham Katerina e Richard, Liam com uma cesta de flores, e James… ainda de samba-canção, agora com um jaleco emprestado.
— Olha esse ser humano minúsculo! — disse Zoe, já com os olhos marejados.
— Eu juro que tentei esperar do lado de fora — disse James, mas Tânia começou a chorar no elevador e me obrigou a vir. Ela tá lá fora falando com a mãe no viva-voz.
— Helen… — Donald se aproximou da filha, os olhos úmidos. — Você tá linda. E… ele… — olhou para o neto — ele é um pedacinho do céu.
— Obrigada, pai. — sussurrou ela, emocionada.
Katerina já se aproximava com os olhos atentos de avó experiente.
— Deixa eu ver o rostinho dele… — disse, abaixando-se com cuidado. — Oh… meu Deus… ele é…
— A cara do Ethan! — dispararam Zoe e Melissa ao mesmo tempo.
Ethan deu um sorrisinho debochado e ergueu o queixo com orgulho.
— Eu sou basicamente uma máquina de clonagem humana de alta performance.
— Com muito ego envolvido — acrescentou Zoe, rindo.
Melissa olhou atentamente para o bebê.
— Gente, olha esse nariz. É igual ao do Ethan quando ele dorme com a cara amassada no travesseiro.
— E esse biquinho? — Zoe apontou. — Igualzinho ao pai quando tá tentando convencer alguém de que não fez nada errado.
— Tá vendo, filho? — Ethan murmurou para David. — Já começou a herança genética de sucesso.
Helen revirou os olhos com carinho.
— Só espero que ele não herde sua teimosia.
— Minha teimosia salvou esse parto. — rebateu Ethan. — Eu fiquei firme. Chorei, sim. Quase desmaiei? Talvez. Mas resisti!
— Você gritou com a enfermeira porque ela não queria te dar um lenço umedecido. — disse Helen, sorrindo.
— Era uma questão de honra!
Zoe se aproximou da poltrona, olhos brilhando.
— Posso? — perguntou, com as mãos estendidas.
— Claro — respondeu Helen, com cuidado.
Ethan entregou David para a tia com delicadeza, como quem entrega um tesouro de vidro.
Zoe o recebeu com os olhos arregalados, a boca entreaberta, como se o mundo parasse de girar por um segundo.
— Ele é… tão pequeno.
— Dá pra colocar no bolso da calça — comentou James, do canto.
— Com esse tamanho de cabeça? Que exagero. — respondeu Liam, arrancando risos da sala.
— Ele é lindo — murmurou Zoe, ignorando os dois. — E tão quentinho… Liam, acho que quero um bebê.
Liam se engasgou com o café no mesmo instante e todos riram.
Melissa encostou no ombro da irmã.
— Eu quero ser a próxima.
— Espera. Tô tendo um momento mágico.
— Zoe, você disse isso quando abraçou o panda no zoológico. — resmungou Melissa.
Katerina se aproximou, pegando o bebê com experiência de quem já embalou uma geração inteira.

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