— Os papéis do divórcio! — disse, olhando-o nos olhos. — Estão todos assinados por mim. Só falta você.
Ethan empalideceu.
— Divórcio? Você está brincando?
— Eu pareço estar brincando?
Ele abriu a pasta, os olhos correndo pelas páginas. Sua mente recusava-se a acreditar no que lia.
— Helen… não… Você não pode estar falando sério.
Ela cruzou os braços, mantendo-se ereta, mesmo com a dor subindo pela garganta como fogo.
— É sério. Eu tentei de todas as maneira Ethan. Mesmo sabendo que essa merda de casamento era apenas um contrato, eu o respeitei, e fiz de tudo para vivermos como amigos. Mas… por mais que tudo não passe de uma mentira, eu … eu esperava que ao menos você tivesse um pingo de respeito por mim.
— Helen você precisa me ouvir. — ele caminhou até Helen mas ela deu um passo para trás. — Eu fui no apartamento da Miranda para dar fim a tudo o que existia entre nós dois. Porque eu…
— Não diga mais uma palavra Ethan. Não quero ouvir as suas mentiras.
Ethan se calou.
— Não se preocupe, o seu cargo de presidente vai permanecer com você. Mesmo que você nunca tenha pensado em mim, não serei cruel em destruir o seu sonho e também não sou injusta, você mais que qualquer outro merece estar no lugar que está hoje.
— Helen, você precisa ouvir o que tenho a dizer — ele disse, dando a volta na mesa. — Eu….eu…
— Basta, Ethan! — ela retrucou. — Por favor assine a droga desses documentos de uma vez por todas. Assim você pode viver o seu sonho adolescente e finalmente dar a Miranda aquilo que ela sempre desejou.
Ele estendeu a mão, tocando o braço dela com leveza.
— Helen… eu cometi erros. Mas estou tentando… a gente ainda pode…
— Não, Ethan. — Ela tirou o braço com delicadeza, mas com firmeza. — Não diga mais nada.
Ele fechou os olhos por um instante, como se estivesse tentando conter a dor.
— Você vai mesmo jogar tudo fora? O que estávamos construindo nos últimos meses?
— Eu não estou jogando nada fora. E foi você quem destruiu tudo, quando traiu a minha confiança em você, apenas estou me libertando de algo que só me fazia definhar.
Ela abriu a pasta novamente, puxou uma das folhas e a colocou sobre a mesa diante dele.
— Leia a cláusula 7. Como eu disse, está escrito claramente: você continua como CEO. A empresa é sua, a direção continua sua. Não estou atrás de nada. Não quero destruir sua carreira, nem sua imagem. Só quero… sair disso com dignidade.
Ele pegou o documento e leu em silêncio. A cláusula estava ali. Clara como o dia. Helen havia cuidado até disso. Ela estava realmente determinada.
— Você pensou em tudo — ele disse, num sussurro.
Uma. Duas. Três vezes.
Ao fim, soltou a caneta com dedos trêmulos e sentiu algo rasgar dentro de si. O peito, a alma, o futuro.
— Pronto. Está livre.
Helen pegou os papéis, olhou para a assinatura e guardou-os na pasta com a mesma calma com que entrou.
— Ótimo.
Ela virou-se para sair, mas antes de alcançar a porta, Ethan falou, quase num sussurro:
— Eu não assinei pelas ameaças.
Ela parou.
— Eu assinei… porque vi a dor nos seus olhos. E fui eu quem a colocou aí.
Helen não respondeu. Porque naquele momento, nenhuma palavra era capaz de aliviar o que os gestos haviam destruído.
E então ela se foi. E ele ficou, com o peito em ruínas e o silêncio como única companhia. E, naquele momento, Ethan sentiu a dor mais aguda de sua vida. Não era o divórcio, não era o papel assinado. Era a certeza de que, dessa vez, ele havia perdido algo que não poderia mais reconstruir.

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