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Após o Divorcio Meu Marido Se Arrependeu romance Capítulo 62

A chave girou na fechadura com um clique abafado.

Helen empurrou a porta devagar, como se não quisesse que a casa percebesse sua chegada. A luz do fim da tarde tingia o corredor com tons dourados, e o silêncio que preencheu o ambiente ao seu redor foi como um alívio imediato.

Nada de passos pesados no corredor. Nenhum murmúrio grave vindo da sala. Nenhum olhar azul capaz de deixá-la sem chão.

— Graças a Deus… — murmurou, encostando-se na porta por um breve instante.

Ela ainda não estava pronta para encará-lo. Não depois do que tinha descoberto hoje.

O coração ainda doía, confuso, bagunçado. A conversa que ouvira no restaurante entre Miranda e aquele homem reverberava em sua mente como um sussurro cruel e persistente: “Ele foi lá pra terminar comigo… eu forcei o beijo.”

Helen fechou os olhos com força.

Ele não mentiu, Ethan tinha dito a verdade desde o início e ela duvidou dele.

O acusou, o feriu. O chamou de hipócrita, de canalha, quando na verdade… ele apenas tinha sido pego em uma armadilha criada por uma mulher ressentida.

E mesmo assim, mesmo sabendo disso agora… ainda era difícil olhar para ele. Não por vergonha. Mas por tudo o que ainda sentia. Por tudo o que o corpo gritava quando ele estava perto. Por tudo o que o coração ainda não conseguia esquecer.

Suspirou fundo e caminhou pelo corredor, em direção ao quarto, mas parou no meio do caminho.

O quarto dele estava com a porta entreaberta. Um feixe de luz atravessava as persianas parcialmente fechadas e iluminava parte da cama, os lençóis negros ainda desarrumados, jogados como se uma tempestade tivesse passado ali.

Deu um passo hesitante para dentro do cômodo. A camisa de Ethan estava jogada sobre a poltrona ao lado. Azul-marinho, levemente amassada, ainda com o colarinho virado para cima. Helen estendeu a mão, quase com culpa, e pegou a peça de roupa com cuidado. Levou até o rosto e fechou os olhos.

O perfume dele ainda estava ali.

Amadeirado, forte, masculino. Uma mistura de colônia cara, lençóis e… Ethan.

Ela inspirou fundo.

— Deus… como eu o amo. — sussurrou, quase num soluço.

Por um instante, sentiu vontade de deitar naquela cama. De puxar os lençóis sobre si e esperar por ele ali, em silêncio, até que ele a encontrasse. Até que ele dissesse alguma coisa, qualquer coisa, mas se conteve.

Jogou a camiseta de volta no encosto da cadeira e saiu do quarto.

Não, Helen. Não se sabote de novo. — pensou.

Seguiu até o onde já tinha sido o seu quarto e entrou com a porta já puxada com mais força. Queria distância daquela fragilidade. Daquela vontade estúpida de correr até ele.

Tudo estava do jeito que ela havia deixado. Até mesmo a cama desforrada, era como se ele tivesse querendo preservar o último dia que ela esteve ali.

Sorriu triste.

Caminhou até o seu closet e viu ainda algumas roupas, escolheu um vestido e resolveu tomar um banho. Iria sair de lá mesmo, não voltaria para o seu apartamento, estava precisando conversar e esquecer. Mandou uma mensagem para Zoe dizendo que estava no seu antigo apartamento e que ela poderia buscá-la lá mesmo.

Ligou o chuveiro e deixou a água cair sobre os ombros com força. Lavou os cabelos com mais firmeza do que o necessário. Como se estivesse tentando arrancar de si os pensamentos que insistiam em voltar. As memórias, o toque dele. A maneira como ele a olhava quando pensava que ela não estava vendo.

— Atrasada, madame!

— Pontual como sempre — rebateu Helen, entrando no carro.

— Tá linda. E com aquela cara de quem ou tá apaixonada ou prestes a cometer um crime passional.

— Talvez as duas coisas.

Zoe riu alto.

— Perfeita. Vem, hoje a gente vai afogar todos os problemas no gin.

Helen olhou pela janela, o coração ainda apertado, mas disfarçado por um sorriso.

— Uma dose por cada vez que eu quase chorei hoje.

— E uma por cada vez que meu irmão te deixou confusa?

— Vou morrer de coma alcoólico.

Zoe acelerou.

E enquanto as luzes da cidade acendiam ao redor, Helen sabia que não estava pronta para resolver tudo. Mas pelo menos… hoje à noite, ela tentaria esquecer. Ou pelo menos, beber o suficiente para fingir que já não o amava como no primeiro dia.

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