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Após o Divorcio Meu Marido Se Arrependeu romance Capítulo 66

A noite chegou com um vento gelado lá fora, mas dentro do apartamento estava tudo absurdamente aconchegante. Eu preparei a sala com cobertores no sofá, pipoca quentinha, luzes mais baixas e até acendi uma vela com cheiro de baunilha, e olha que eu nunca fui de ligar pra esses detalhes. Mas hoje… bom, hoje seria diferente.

Helen apareceu descalça, com os cabelos soltos e ainda úmidos do banho. Usava outro pijama, dessa vez, um com pequenos pinguins dançando. Eu ri assim que a vi.

— E aí, desfilando a nova coleção outono-inverno “animais fofinhos”?

— Fica quieto, vai. Esse aqui é o meu favorito — disse, jogando uma almofada em mim antes de se jogar no sofá. — Por sinal, encomendei um para você.

— Para mim?

— Claro, nunca viu fotos onde o marido e a mulher usam o mesmo pijama?

— Nossa que cafona!

— Não acho!

— Eu não vou usar pijama de pinguim.

Helen me dá língua e faz uma careta engraçada. Por Deus, como ela é linda! Em seguida se aconchegou do meu lado e puxou o cobertor para as pernas. Eu me ajeitei, tentando manter uma distância segura. Segura pra quem?, pensei. Porque bastava um olhar dela, um sorriso torto, e toda minha força de vontade já começava a desmoronar.

— Você que escolhe o filme — falei, entregando o controle.

— Certeza? Não vai ficar com medo?

— Ah, não começa…

Ela riu, colocou um clássico de terror com casa mal-assombrada, crianças demoníacas e aquelas trilhas sonoras que já dão medo antes mesmo de qualquer coisa acontecer. E, claro, vinte minutos depois ela já estava encolhida no meu braço.

— Por que eu faço isso comigo mesma? — murmurou, com as mãos meio tapando os olhos.

— Porque você gosta de se fingir de corajosa só pra ter uma desculpa pra grudar em mim.

Ela me cutucou na costela, mas não se afastou. Pelo contrário, ajeitou melhor a cabeça no meu ombro e soltou um suspiro baixinho. Meu coração deu um nó.

Ela cheirava a shampoo de frutas vermelhas. O tipo de coisa boba que deveria passar despercebida, mas eu não conseguia ignorar. E o calor do corpo dela, a suavidade da sua pele no meu braço, a forma como os dedos dela se enroscaram distraidamente nos meus… tudo isso era tortura.

Percebi que minha respiração começou a mudar, e o pior, ela também percebeu. Porque levantou os olhos devagar, me olhando por um segundo longo demais.

Nossos rostos estavam perigosamente próximos. Só alguns centímetros separavam minha boca da dela. O desejo de beijá-la queimava dentro de mim como uma brasa viva.

Não, Ethan. Não agora. Não estrague tudo novamente, ela ainda está confusa e você também.

O filme já rolava nos créditos finais quando percebi que Helen havia adormecido. Sua respiração estava lenta e suave, e sua cabeça repousava no meu peito como se aquele lugar fosse feito pra ela. Me mexi devagar, tentando não acordá-la.

Passei um braço ao redor de seu corpo e a abracei, apenas por um instante, permitindo que meu coração se aquecesse com a paz que aquela mulher me trazia. O perfume dela ainda pairava no ar : doce, delicado… inconfundível.

Com cuidado, a envolvi nos braços e me levantei do sofá, levando-a no colo. Ela se aconchegou instintivamente em mim, os braços frouxamente ao redor do meu pescoço. Caminhei até o quarto, sentindo um aperto no peito. Era difícil demais ficar perto dela e fingir que tudo estava sob controle.

Deitei Helen com todo o cuidado sobre a cama, como se fosse feita de vidro. Ela se remexeu levemente, mas não acordou. Ajeitei o travesseiro sob sua cabeça e fiquei ali, parado, observando seu rosto sereno e a respiração calma. O jeito como os cílios longos tocavam a bochecha, o sorrisinho leve que surgiu quando minha mão roçou de leve sua pele.

Meu peito apertou de novo. Eu queria deitar ali. Queria sentir o calor dela junto ao meu, queria abraçá-la a noite inteira. Mas eu tinha medo… medo de perder o controle, de confundir desejo com sentimento ou pior, de confundir o que ela sentia.

Acariciei seu rosto uma última vez, o toque leve como uma promessa silenciosa que eu mesmo não sabia se podia cumprir. Ajeitei o cobertor sobre seu corpo, tentando abafar o impulso de me deitar ao lado dela.

Inclinei-me devagar e sussurrei junto ao seu ouvido:

— Chatinha… se você soubesse…

Seus lábios se moveram levemente, mas eu já estava me afastando. Dei as costas, deixando o quarto com passos lentos e o coração pesando no peito. Mal percebi que, atrás de mim, no escuro, uma voz suave escapava entre sonhos e sussurros:

— Ethan… eu amo você…

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