Miranda Fletcher
O sol queimava a minha pele como se me punisse, como se soubesse que dentro de mim havia um inferno. Um incêndio que não se apagava. Um ódio que me consumia como ácido.
Eu saí daquela maldita cafeteria com os passos firmes, os saltos batendo no chão como marteladas. A raiva deixava meus dedos trêmulos, mas não de fraqueza, de fúria. De uma raiva limpa, crua, sangrenta.
As pessoas me olhavam, claro. Sempre olham. Talvez pelas lágrimas que desciam, talvez pelo meu andar tempestuoso. Mas que se danem. Elas não sabem. Ninguém sabe. Ninguém entende o que é ter tudo roubado. O que é ser apagada por alguém que finge brilhar com pureza, mas carrega as garras bem afiadas atrás do olhar submisso.
Helen Bennett.
O nome dela me arde nos ossos.
Essa mulher… essa sombra de mulher… sempre cruzando meu caminho, sempre sorrindo com aquela cara de santa. Fingida. Frágil. Mas por trás daquela pose doce, existe uma predadora. Uma parasita.
Ela sempre rouba, sempre.
Ela me tirou James e agora está tirando Ethan.
Sim, Ethan. O mesmo Ethan que eu tirei dela. O mesmo Ethan que fiz meu com os dentes, com o corpo, com a minha entrega distorcida. Ethan, que me conheceu em todas as perversões, que me desejava com fúria, que me fazia gemer, gritar e implorar por mais. Ethan, que era meu caos, meu campo de guerra, meu prêmio e meu troféu.
E agora ele quer voltar para ela. A santa, a doce, a vítima.
Mas ela não é vítima. Ela nunca foi.
Helen é uma maldição na minha vida. Desde o colégio, desde os primeiros dias em que a vida decidiu que ela teria o amor dos outros e eu, as sobras. Sempre ali, sorrindo, com seus olhos que parecem pedir perdão por existir e no fim, é ela quem fica com tudo. Os olhares, as palavras doces, os elogios, os homens.
E eu? Eu sou a vilã da história. Eu sou o furacão, o escândalo, a possessiva. Mas só porque nunca aprendi a aceitar que me roubassem. Porque eu não nasci para aceitar perder, eu nasci para vencer.
Helen se finge de mansa, mas ela ataca onde dói. Devagar, sorrindo. Ela se infiltra, se insinua. Ela se torna indispensável até o dia que você percebe que perdeu tudo. Ela faz isso sem sujar as mãos. Mas eu não. Eu vou sujar cada maldita unha se for preciso para fazer ela pagar.
Ela pensa que venceu que agora Ethan é dela, que pode desfilar ao lado dele, reescrever a história, apagar o que vivemos. Mas não. Ela não vai. Eu não vou permitir.
Ethan ainda é meu.
Ele pode não me amar e isso pouco me importa, porque eu também não o amo, nunca o amei. Apenas entrei na vida do Ethan para destruir ela, porque eu sabia que ela o amava, que sempre o amou.
E aos poucos, ela vai adoecer. Não fisicamente, vai adoecer por dentro. Vai duvidar de si mesma, questionar se merece aquilo, se culpar por algo que nunca entendeu.
E Ethan… Ethan vai se perder nela. Vai se irritar com os silêncios, com as inseguranças, com as lágrimas que ela tenta esconder. E então… ele vai lembrar de mim.
E quando ele voltar ,porque ele vai voltar, estarei esperando. Inteira, lúcida, pronta.
Mas não por amor e sim por vingança.
Porque o que ela ama… eu vou destruir.
Porque o que ela sonha… eu vou arrancar.
Porque a paz que ela achou… eu vou transformar em ruína.
E então, quando ela estiver sozinha, afundada nas lágrimas que eu mesma provoquei, ela vai entender que mexeu com a mulher errada.
Eu sou Miranda Fletcher e eu não perdoo jamais!

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Após o Divorcio Meu Marido Se Arrependeu