O shopping estava movimentado naquela tarde de sexta, mas dentro da luxuosa boutique onde Helen estava com Zoe e Tânia, parecia que o mundo lá fora tinha ficado em segundo plano.
Araras de roupas sofisticadas, manequins com lingerie ousada e espelhos que refletiam mais do que apenas silhuetas, refletiam possibilidades.
— Helen, pelo amor de Deus, você não vai levar só calça de alfaiataria e blusas de gola alta pra Rússia, vai? — exclamou Tânia, já com três peças penduradas no braço.
— Claro que não! — Helen riu, meio sem jeito. — Mas também não vou desfilar de renda no aeroporto.
— Ai, que mulher comportada. — comentou Zoe, com um olhar matreiro. — Aposto que quando o Ethan aparece sem camisa na sala, você finge que não olha.
Helen pigarreou, vermelha, e desviou o olhar.
— Eu… não é bem assim…
Tânia se aproximou e colocou uma peça na frente dela. Uma lingerie cor de vinho, com renda delicada, decote profundo e alças finíssimas.
— Imagina isso… debaixo de um casaco pesado, num quarto de hotel em Moscou. Você tirando devagar… e ele surtando. Porque, minha querida, homens amam o contraste entre o recato e a perdição.
Zoe gargalhou, pegando uma camisola preta transparente.
— Sabe o que você faz? Entra no quarto usando isso aqui, se inclina pra frente fingindo que tá procurando algo na mala e deixa o baby doll escorregar um pouco… pronto. Ele vai pensar que a viagem virou um filme proibido.
— Gente! — Helen cobriu o rosto, rindo, sem saber onde se enfiar. — Vocês são um perigo juntas!
— E você é um perigo e não sabe! — Tânia rebateu. — O problema é que ainda não explorou o poder que tem. E Ethan, com aquela cara de homem sério e os ombros de gladiador, precisa de uma dose da sua malícia.
Zoe assentiu com convicção.
— Aposto que ele tá se segurando. E só de imaginar você deitada, usando isso aqui… — ela ergueu uma calcinha de seda com tiras laterais — …duvido que ele resista.
Helen ficou vermelha até a alma.
— Mas…estamos indo com calma.
Tânia bufou e segurou as mãos dela.
— Helen, calma e vocês dois por uma semana num quarto de hotel sozinhos… não vai rolar. Amiga, você é linda. Sexy. Inteligente. Ele com certeza está subindo pelas paredes e essa viagem vai ser o momento perfeito para vocês se entregarem de uma vez.
Zoe riu e apontou:
— E se ele resistir mesmo assim, você tranca a porta, j**a a chave pela janela e senta no colo dele com uma taça de vinho na mão. Garanto que funciona.
Helen riu tanto que quase deixou cair o celular.
— Vocês são impossíveis.
— E você precisa ser mais impossível com ele. — completou Zoe. — Com o Ethan, você tem que provocar o corpo… mas também mexer com a cabeça dele.
— Tipo… lingerie + sarcasmo leve + olhar de lado?
— Exatamente. — Tânia deu um tapa carinhoso no ombro da amiga. — A fórmula perfeita para deixar um homem de joelhos. Literalmente.
Helen suspirou, olhando para a lingerie que agora estava em sua mão. Seu coração acelerava só de imaginar.
— Ok… eu vou levar. Mas se ele desmaiar, a culpa é de vocês.
— Se ele desmaiar, você aproveita e monta. — sussurrou Zoe, fazendo todas rirem alto.
Elas saíram da loja com sacolas cheias, sorrisos largos e ideias perigosas. E Helen, no fundo, sentia que essa viagem seria… diferente.
Ela só não fazia ideia de quão diferente.
Dois dias depois…
O som da mala sendo arrastada no corredor misturava-se ao leve burburinho vindo da sala. Helen, de camiseta branca, jeans justinho e o cabelo preso num rabo de cavalo alto, girava em círculos pela casa, tentando lembrar o que ainda faltava colocar na mala.
— Escova de cabelo, carregador, adaptador de tomada… — murmurava sozinha, com os olhos atentos.
— Nervosa? — ele perguntou, sem olhar.
— Um pouco. Mas é bom. Nervosismo também é sinal de algo importante.
— E o que seria esse “algo importante”? — ele ergueu os olhos com um sorriso.
Helen sorriu de lado, fingindo mistério.
— Descubra na Rússia.
Ele se aproximou, com a voz baixa e rouca no ouvido dela:
— Se for um código secreto pro seu pijama de panda, estou pronto pra decifrar.
— Você é um caso perdido. — disse ela, encostando a cabeça no ombro dele.
E assim ficaram até o anúncio do embarque.
Na fila, ele passou o braço ao redor da cintura dela com naturalidade. Helen não recuou. Pelo contrário, encostou-se mais.
Quando finalmente sentaram-se lado a lado no avião, com os cintos afivelados e a decolagem iminente, Ethan se inclinou e segurou a mão dela com firmeza.
— Pronta?
Ela olhou para ele. Os olhos calmos, seguros, firmes.
— Com você… sempre.
E enquanto o avião subia, rasgando o céu dourado do fim de tarde, um novo capítulo se abria.
Um país novo, um mundo novo. Mas principalmente… um novo começo.

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