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Após o Divorcio Meu Marido Se Arrependeu romance Capítulo 80

A neve fina caía como uma dança silenciosa do céu pálido de Moscou quando o carro preto parou em frente ao majestoso Hotel Zorya Imperial. A fachada, imponente em mármore branco e vidro fumê, reluzia sob a luz dourada do entardecer, como se a cidade estivesse pronta para receber dois personagens de um filme prestes a mudar de rumo.

Ethan saiu primeiro, ajustando o sobretudo escuro com uma elegância despreocupada. Logo atrás, Helen deslizou para fora do carro, envolta no cachecol macio, os olhos curiosos devorando a paisagem nevada. A cidade parecia um cartão-postal vivo, e ela, apesar do frio, sentia-se estranhamente aquecida — talvez pela mão de Ethan que roçou discretamente a sua, num gesto cúmplice e silencioso.

O porteiro os saudou com uma reverência contida, e os dois cruzaram o saguão luxuoso do Hotel Zorya Imperial. Helen prendeu a respiração. Candelabros de cristal pendiam como estrelas congeladas do teto altíssimo. Espelhos antigos refletiam a luz quente das arandelas, e o mármore sob os pés parecia pulsar com elegância em veios dourados. Era o tipo de lugar que faria qualquer pessoa se sentir uma personagem prestes a viver algo grande.

— Bem-vindos ao Zorya Imperial, senhor Carter. — anunciou a recepcionista com um sorriso profissional. — Sua suíte está pronta.

A palavra “suíte” reverberou de forma diferente agora. Já estavam juntos. Não era mais como nas outras viagens, em que trocavam olhares indecifráveis e fingiam que nada acontecia. Agora, o fogo entre eles havia se acendido de vez. E Helen sentia esse calor queimar sob a pele, ainda que Ethan parecesse perfeitamente calmo.

O elevador os levou até o último andar. Helen tentava disfarçar a inquietação crescente, e Ethan… bem, Ethan parecia saborear o desconforto dela com um sorriso discreto no canto dos lábios.

— Está tremendo? — ele perguntou, com aquela voz baixa e grave que escorregava pela espinha dela como um sussurro indecente.

— É só o frio. — retrucou ela, firme.

— Sei. Mas se quiser esquentar… tem um jeito rápido. — disse ele, se aproximando por trás, os lábios quase tocando o lóbulo da orelha dela. — Quer companhia no banho?

Helen soltou uma risada nervosa e deu um empurrão leve no peito dele quando as portas do elevador se abriram.

— Ethan!

— Só uma sugestão, querida. — murmurou ele, com um olhar debochado e deliciosamente malicioso. — Russos são ótimos com banhos quentes. Posso te provar isso.

Ela saiu primeiro, tentando esconder o sorriso bobo, e ouviu a risada baixa dele ecoar atrás dela.

Quando a porta da suíte se abriu, Helen achou que seu coração fosse sair pela boca. Era mais do que uma hospedagem. Era um convite à tentação. As janelas gigantes revelavam Moscou coberta de neve, e a decoração, elegante, discreta, impecável, parecia saída de um filme de espiões milionários.

Mas o que tirou o fôlego dela, mais do que tudo, foi a cama. Uma cama king-size, solitária e provocadora, no centro do quarto, como uma promessa.

Ela não teve nem tempo de comentar.

Ethan largou o sobretudo na poltrona e, ao passar por ela, a puxou com firmeza pela cintura. Helen soltou um suspiro surpreso e antes que pudesse dizer qualquer coisa, os lábios dele tomaram os dela com uma fome deliciosa.

O beijo foi profundo, intenso, cheio de intenção. A mão dele apertou a curva da sua cintura enquanto a outra subia por suas costas, e Helen se sentiu derreter como se todo o gelo lá fora não pudesse competir com o calor que crescia entre eles. Quando ele finalmente se afastou, os olhos ainda colados aos dela, disse num tom rouco:

— Melhor tirar o cachecol… ou eu faço isso por você.

Helen tentou recuperar o fôlego e, com um empurrão leve, se soltou do abraço.

Enrolou-se no roupão e, com o coração disparado, abriu a porta do banheiro devagar, espiando o quarto com cuidado.

Ethan estava lá, sim… dormindo profundamente. Deitado de lado, abraçado a um travesseiro, os cabelos bagunçados, os lábios ligeiramente entreabertos. Um ronco baixo saía de sua garganta, e a expressão dura que sempre carregava no rosto havia desaparecido.

Era quase injusto. Um homem como ele, grande, poderoso, dominador, dormindo com a doçura de um menino. Helen mordeu o lábio para não rir. O frio no estômago foi embora, substituído por um calor inesperado no peito.

— Pelo menos ele não viu o meu desfile de roupão. — murmurou, pegando a roupa e voltando ao banheiro com passos leves.

Minutos depois, já vestida, ela se sentou no sofá e observou Ethan em silêncio. Ele continuava dormindo, os cílios longos descansando sobre a pele dourada. Tudo nele parecia, por um momento, simples. Humano. Tão diferente do homem que conhecera nos corredores frios da empresa.

Lá fora, a neve continuava a cair. O mundo parecia suspenso, como se o tempo tivesse parado para deixá-los ali, naquele espaço entre um suspiro e o próximo.

E então ela pensou: não importava o motivo da viagem, o país, nem as reuniões com nomes russos que ela jamais conseguiria pronunciar sem gaguejar. O que importava era o que estava nascendo entre eles. Aquilo que nenhum contrato podia prever. Que nenhum dos dois planejou. Que só acontecia quando o corpo tremia, e o coração não sabia se era medo ou desejo.

Essa viagem mal havia começado… e já estava virando um terremoto emocional.

E o mais perigoso?

Helen começava a gostar da ideia de perder o chão. Principalmente se fosse com ele.

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