O céu de Moscou escurecia aos poucos, tingido de tons azul-acinzentados, enquanto as luzes da cidade começavam a brilhar como um colar de jóias espalhado por entre as ruas nevadas. A suíte de Ethan e Helen já estava mergulhada em uma penumbra confortável quando o celular vibrou com a notificação do restaurante reservado.
— Você vai usar aquele vestido preto? — perguntou Ethan, escorado na moldura da porta do banheiro, com os olhos percorrendo o reflexo de Helen no espelho.
Ela o fitou pelo espelho com um meio sorriso, o batom a meio caminho dos lábios.
— Por quê? Vai querer me tirar ele antes da sobremesa?
Ethan arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços.
— Só se for no elevador.
Helen riu, virando-se para ele. Estava deslumbrante. O vestido, ajustado na medida, revelava suas curvas com elegância, e o decote em V mostrava o suficiente para que ele engolisse seco e não fosse só pelo vinho que tomariam depois.
— Você devia ser preso por andar assim pela cidade — provocou ele, caminhando até ela e segurando sua cintura com firmeza. — Ou melhor, devia andar só por mim.
Ela sorriu, mas o coração acelerava com cada toque dele. Ethan era um homem de poder, mas quando a olhava daquele jeito, ela não sentia medo. Sentia que era desejada, escolhida.
O carro os levou até o restaurante “Beluga”, no topo de um prédio envidraçado com vista panorâmica para a cidade. Por dentro, o salão era pura sofisticação: velas altas, pianista ao vivo, taças cintilando sob a luz tênue. Tudo ali conspirava para criar um clima de intimidade.
Sentaram-se próximos, não frente a frente, e Ethan fez questão de que seus joelhos tocassem os dela sob a mesa. Helen fingiu ignorar no início, mas a cada toque leve, a tensão aumentava.
— A comida aqui é boa? — ela perguntou, abrindo o menu.
— Nem tanto quanto você me dando patadas. Mas dizem que o caviar é decente.
Ela riu, balançando a cabeça.
— Você realmente se diverte me provocando, não é?
— Me divirto mais ainda quando você tenta fingir que não gosta.
Helen sentiu o calor subir pelo pescoço. Pediu uma taça de vinho branco, apenas para ter algo gelado nas mãos. Ethan, claro, pediu tinto, forte, como ele.
O garçom trouxe entradas sofisticadas que ela mal sabia pronunciar, mas Ethan estava à vontade era fluente no idioma. A cada gesto dele, Helen o via sob outra luz. Mais do que o homem dos negócios e do sarcasmo afiado, havia ali alguém com histórias, cicatrizes e olhares profundos que às vezes escapavam quando ele achava que ela não estava olhando.
— Você já esteve aqui antes? — perguntou ela, entre um gole de vinho e outro.
— Algumas vezes. Sempre por negócios. Mas hoje… — ele virou a taça entre os dedos. — Hoje tem outro gosto.
— Que gosto?
— O gosto de querer que a noite não acabe.
Helen abaixou os olhos, sorrindo de leve. Não era comum ouvir esse tipo de coisa dele. Tudo parecia um sonho, e ela não queria acordar jamais.
— Está tentando me seduzir com frases doces agora? — ela provocou.
— Não. Só estou deixando você saber que, se quiser fugir comigo daqui agora… o carro ainda está esperando lá fora.
Helen sorriu, mas o olhar revelava mais do que provocação. Havia algo crescendo entre eles. Algo que nem os melhores pratos do restaurante podiam distrair.
A sobremesa chegou uma obra de arte em forma de mousse de chocolate com framboesas cristalizadas. Ethan pegou uma colherada e, em vez de levá-la à própria boca, ofereceu a ela.
— Vamos ver se Moscou tem algo melhor que seus beijos. — disse ele com um tom leve, mas o olhar queimava.
— Isso é uma ameaça?
Ele caminhou até ela parando a centímetros. O calor entre os dois parecia ferver o ar.
— É uma promessa.
O silêncio que se seguiu foi denso de expectativa. Helen podia ouvir o próprio coração, a respiração entrecortada, e o cheiro dele tão perto.
Mas Ethan não a beijou, não ainda. Apenas passou os dedos pela linha do queixo dela e sussurrou:
— Vá tirar esse vestido antes que eu perca o controle.
Ela sentiu as pernas estremecerem. O fogo estava aceso, e o desejo… pronto para explodir.
Ela sorriu, virou-se lentamente e caminhou em direção ao banheiro. Antes de entrar, olhou por cima do ombro:
— Vai ficar aí parado ou vai vir ver se eu preciso de ajuda?
Ethan passou a mão pelos cabelos, respirando fundo.
— Helen… você me testa de todas as maneiras possíveis.
— E você adora cada uma delas.
Ela desapareceu atrás da porta, e ele ficou ali… rindo sozinho, com os olhos brilhando.
A noite em Moscou não havia acabado, estava apenas começando.

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