A luz suave da manhã filtrava-se pelas cortinas semi abertas da suíte do Zorya Imperial, atingindo os lençois brancos com um dourado discreto. O silêncio era quebrado apenas pelo som abafado da neve caindo do lado de fora, como se o mundo lá fora estivesse em modo soneca. Dentro do quarto, porém, um outro tipo de calor pairava no ar.
Helen abriu os olhos lentamente, espreguiçando sob os lençois bagunçados. Sentia os músculos relaxados, a pele ainda sensível e o coração… perigosamente leve. A primeira coisa que viu ao virar-se foi o rosto de Ethan, deitado ao seu lado, com os cabelos bagunçados, barba por fazer e um sorriso preguiçoso estampado nos lábios.
— Bom dia, senhora Carter. — murmurou ele, com a voz rouca e irresistivelmente grave. — Dormiu bem depois de ontem à noite… ou preferia não ter dormido?
Ela riu, enfiando o rosto no travesseiro por um segundo.
— Você não tem um botão de desligar, né?
— Não desde que me casei com uma mulher que geme meu nome daquele jeito. — respondeu ele, virando-se de lado e colando o corpo nu no dela debaixo dos lençois. — Aliás… a senhora Carter foi bem vocal ontem.
Helen corou, empurrando o peito dele com uma risada.
— Você é impossível.
— E você é deliciosa. — Ethan mordiscou de leve o ombro dela. — Sabe que ontem à noite me arruinou, né? Não tem volta depois daquilo.
— Cuidado… posso querer um replay.
— Por favor. Me ameaça mais.
Ela riu, mas a verdade é que também estava tentada. O corpo ainda guardava os ecos da noite anterior: a entrega, os toques, os sussurros e o modo como ele dissera o nome dela quando perdeu o controle. Ainda sentia os dedos dele cravados em sua cintura e a respiração ofegante contra sua pele. Estavam casados há oito meses, mas juntos como marido e mulher era a primeira vez. Desde o beijo e da conversa que decidiram tentar, Helen vivia um conto de fadas, um que ela jamais queria acordar.
Ethan esticou o braço e puxou-a de novo, colando o nariz no pescoço dela.
— Estou pensando seriamente em cancelar qualquer compromisso hoje. Ficar aqui, pelado, comendo você no café da manhã.
— Ethan! — ela deu um tapa leve no braço dele, rindo.
— Que foi? Somos casados, lembra? E agora que somos oficialmente marido e mulher, não espere decência de alguém como eu.
— Esperava pelo menos um pouco mais de compostura.
— Com você de camisola, eu perco qualquer compostura que tenho. Aliás… — ele olhou para o decote dela com adoração cômica. — Acho que essa peça deveria ser proibida por lei internacional. Convenhamos, mulher, isso é um atentado à moral e aos bons costumes matrimoniais.
Helen bufou, virando-se para pegar o telefone e pedir o serviço de quarto. Mas então, antes que ela pudesse fazer qualquer coisa… Ethan se levantou.
Sem lençol, sem pudor e completamente pelado.
Helen virou o rosto automaticamente, arregalando os olhos, mas não antes de ver tudo. E que “tudo”.
O corpo de Ethan era a perfeita combinação de força e desejo. Ombros largos, costas definidas, músculos que desenhavam caminhos até os quadris… e entre as pernas, o membro másculo e imponente, ereto, como se o próprio corpo dele ainda exigisse mais da noite anterior.
Helen arregalou os olhos, sentindo o rosto arder.
— Ethan!
— Ah, então agora você finge que nunca viu? — disse ele, estufando o peito e fazendo uma pose de gladiador romano. — Não foi esse mesmo cavalheiro aqui que você arranhou inteiro ontem?
Ela afundou no travesseiro, abafando o riso.
— Você não tem vergonha!
— Tenho. Mas ela caiu no chão junto com a cueca, aparentemente. — Ele olhou para baixo e depois lançou um olhar maroto. — Culpa sua. Olha só o que você faz comigo. Isso aqui é amor… ou testosterona. Ainda estou decidindo.
Helen riu, jogando um travesseiro nele, que ele pegou com facilidade.
— Veste alguma coisa, antes que o serviço de quarto chegue e alguém precise fazer terapia.
— Pelos dois. Nessa ordem.
— Vou fingir que não me magoei.
Eles continuaram ali por mais um tempo, como se o mundo tivesse parado. Helen encostou a cabeça no ombro dele, e Ethan passou o braço ao redor da cintura dela.
— Eu gosto disso. — disse ela baixinho.
— Disso?
— De acordar com você. Rir com você. Me apaixonar de novo… mesmo depois de tanto tempo.
Ele ficou em silêncio por um instante. Ouvir Helen falando isso mexeu com algo dentro dele. Lembrou de antes do casamento da discussão que tiveram, dela falando que o amava. Por Deus, como nunca percebeu os seus sentimentos? Claro, porque sempre acreditou que amava Miranda. Mas agora, vivendo isso que estava vivendo ao lado de Helen, Ethan apenas tinha certeza de uma coisa, nunca amou Miranda e estava aprendendo a amar pela primeira vez e não deixaria nada nem ninguém atrapalhar isso.
— Terra para Ethan Carter.
— Ei, o que foi chatinha?
— Em que estava pensando?
Ethan virou o rosto e segurou o rosto de Helen com as mãos e olhando nos olhos dela disse:
— Em como é fácil me apaixonar por você.
Helen corou e sorriu e Ethan a beijou dizendo:
—Não pense que nossa manhã acabou.
E, pela forma como os olhos dela brilharam… ela também não queria que acabasse.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Após o Divorcio Meu Marido Se Arrependeu