Era uma sexta-feira à noite e tudo o que Helen queria era uma coisa: um cinema, um balde de pipoca maior que o bom senso e a companhia do homem mais teimoso, sarcástico e delicioso que já havia cruzado seu caminho: seu marido.
— Vai se arrumar, chatinha — ele tinha dito mais cedo, com aquele sorrisinho torto. — Hoje você é minha namoradinha.
Ela fingiu surpresa, jogando o cabelo para o lado com ar dramático.
— Nossa, que honra! Mas você vai me levar pra onde? Um rodízio de pizza ou no drive-thru da esquina?
— Cinema. Pipoca amanteigada e refrigerante que faz arrotar. Tudo incluso.
— Meu Deus. Tá tentando me conquistar?
— Helen… Eu te conquisto toda vez que respiro.
Helen estava usando um vestido simples, porém justo, daqueles que Ethan sempre fingia odiar, mas que não conseguia desgrudar os olhos. Ele, por sua vez, usava jeans e uma camiseta preta, básica, mas o maldito conseguia fazer aquilo parecer desfile de passarela.
Chegaram ao shopping de mãos dadas. O cinema estava cheio, mas a energia entre eles era leve, quase juvenil. Riam de piadas idiotas, tiravam selfies no corredor, e Ethan ainda arriscava esbarrar nela de propósito só para ouvir o “ai!” indignado seguido de um tapa no braço.
— Balde de pipoca médio ou grande? — ele perguntou, já na fila do balcão.
— Grande, óbvio. E com manteiga e chocolate. E refrigerante duplo, a gente merece.
— O nosso colesterol que lute.
— Foca no prazer, Ethan, não na consequência.
Ele riu, puxando a carteira para pagar. E enquanto esperavam o pedido, Helen se aproximou de leve e sussurrou no ouvido dele:
— E se eu disser que não estou usando calcinha?
Ethan congelou.
Virou o rosto devagar, como se processasse a informação em tempo real.
— Você tá… O QUÊ?
— Fala baixo! — repreendeu. — Isso mesmo que ouviu. — Ela piscou.
Ele engoliu seco, pegando o refrigerante como se fosse uma arma sagrada.
— Ok. Isso muda tudo.
Entraram na sala de cinema como dois adolescentes que mal conseguiam segurar o riso. Encontraram seus lugares, uma fileira no fundo da sala, e Helen jogou a bolsa no colo, fingindo inocência.
O filme era uma comédia romântica boba, daquelas que Helen amava e Ethan fingia odiar, mas sempre se divertia. Começaram a assistir, trocando comentários bobos, dando risadas, dividindo a pipoca e fazendo barulhos com o canudinho no refrigerante.
Mas então…As luzes se apagaram, e o jogo virou.
Helen virou levemente o rosto para ele, com os olhos brilhando com malícia. Ela encostou a boca no ouvido dele.
— Tá confortável?
— Até agora, sim — ele respondeu, ainda atento ao filme.
Mas então sentiu a mão dela. Devagar, precisa e ousada se movendo pela sua coxa com uma leveza perigosa.
— Helen… — ele sussurrou, virando o rosto para ela.
— Shhh — ela disse, com aquele sorriso diabólico nos lábios.
— Chatinha, não provoca…
— Por quê? — ela murmurou, os dedos roçando o volume que começava a crescer em sua calça. — Quer que eu pare?
Ethan virou o rosto para ela e mordeu o lábio.
— Um caralho!
Ela soltou uma risadinha baixa, vitoriosa, e inclinou-se um pouco mais. Os olhos dela brilhavam com desafio. Discretamente, seus dedos encontraram o zíper da calça jeans dele, fazendo Ethan agarrar a lateral do assento, respirando fundo.
— Você não vai fazer isso aqui— ele sussurrou, sem muita convicção.
— Não vou? — ela rebateu, deslizando o zíper devagar. — Me prova.
Quando o zíper se abriu, Ethan desceu o rosto até o pescoço da esposa, sentindo o perfume doce da pele dela.
— Abre as pernas pra mim, vai…
Helen estremeceu.
Ela afastou um pouco as pernas, sentindo a respiração acelerar, enquanto os dedos dele se infiltraram sob o tecido do vestido.
— Só tô dizendo, chatinha… Se isso for uma detenção, valeu a pena.
E os dois riram como cúmplices de um crime leve, deliciosamente errado.
Voltar ao filme depois daquilo era quase impossível. Ethan não parava de olhar para Helen com um sorriso torto. Ela, fingindo normalidade, comia pipoca como se nada tivesse acontecido, mas o rubor em seu rosto entregava tudo.
— Você é maluca — ele sussurrou, divertido.
— E você é facilmente influenciado.
— Por você? Sempre. Mas só você.
Ela sorriu sentindo o coração acelerar. Os últimos meses tudo parecia um sonho, os dois viviam um conto de fadas. Ethan ainda não tinha dito que a amava, mas não era preciso, ela sentia e isso era suficiente para ela.
Quando o filme acabou, levantaram-se e caminharam pelo corredor como dois adolescentes que tinham quebrado as regras. Cada um segurando sua parte do riso, se cutucando, se provocando, se amando com os olhos.
Na saída, Helen o puxou pela mão.
— Vai me levar pra casa agora?
— Não — ele respondeu, sério.
— Não?
— Vou te levar pro meu carro. Vou te beijar até você esquecer seu nome. Depois vou te levar pra casa. Te jogar no sofá e terminar o que a gente começou.
Helen sorriu.
— Ethan…
— Que foi?
— Você tá me estragando.
— Então deixa eu te estragar inteira.
E riram juntos.
Eles saíram do cinema de braços dados e com um sorriso no rosto, nem perceberam que estavam sendo observados.

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