Cinco meses.
Cinco malditos meses desde que Ethan Carter ousou me apagar da vida dele como se eu fosse um erro de digitação.
“Acabou Miranda.”
Foi a mensagem que recebi, a única, há cento e cinquenta e dois dias. Desde então, o silêncio.
E eu não sou uma mulher feita para o silêncio.
Estou parada na calçada, minhas mãos fechadas dentro do casaco de couro como se, com força suficiente, eu pudesse esmagar a raiva que pulsa dentro de mim. O frio da noite de outono morde a pele, mas é o calor do ódio que me mantém de pé.
Acho que fui estúpida demais. Estúpida por pensar que poderia desaparecer por um tempo e, quando voltasse, ele ainda estaria lá, como sempre esteve. Ethan me desejava, disso eu nunca tive dúvidas. Eu via nos olhos dele. Via na forma como me olhava, como seu corpo reagia ao meu. Ele me desejava como se eu fosse a última mulher do mundo.
Mas o desejo é frágil.
E homens fracos, como Ethan se revelou ser, se agarram à primeira ilusão de paz que encontram. E é exatamente isso que Helen é: uma maldita ilusão.
Minhas unhas cravam a palma da mão quando os vejo saindo do cinema. Rindo, como se a vida fosse uma comédia. Como se nada tivesse existido antes deles. Como se eu… nunca tivesse existido.
Helen está com aquele maldito sorriso no rosto. Sabe aquele sorriso que parece arrancado de uma pintura angelical, doce demais para ser real. Falso, como ela. A falsidade pulsa naquela mulher como um perfume barato.
Ethan segura a mão dela como se fosse frágil. Como se ela fosse algo a ser protegido.
Eu já fui essa mulher para ele. Já fui o mundo inteiro nos braços dele, mas ela não entende. Helen não sabe quem é Miranda Fletcher.
Ela acha que pode simplesmente ocupar o espaço que era meu. Ela não tem a menor ideia do que eu sou capaz de fazer. Ela já me roubou uma vez o amor do único homem que amei, James Foster. O único homem que fazia meu coração bater mais forte e mais rápido ao mesmo tempo. Eu nunca amei Ethan, mas eu aceitei esse relacionamento apenas para machucá-la, para fazê-la sangrar, chorar, sofrer…
Mas o que essa maldita fez? Usou sua docura e encantou esse idiota. Todos se encantam por essa mentirosa. Ela finge ser doce, inocente e bondosa, mas eu sei, sei quem ela é de verdade, uma mentirosa dissimulada.
Eu poderia matá-la ali mesmo, não literalmente. Mas com um olhar, uma palavra. Com a frieza que aprendi a cultivar desde criança. Desde o momento em que aprendi que, neste mundo, ou você domina… ou é dominada.
E eu não fui feita para ser dominada.
Ethan soltou a mão dela por um momento e a envolveu pela cintura. Ela riu e encostou no peito dele como uma adolescente apaixonada. Que cena patética.
Cinco meses e ele age como se ela fosse a única mulher que já o tocou. Como se não tivesse me prendido contra a parede do escritório dele, uma semana antes da nossa última briga, dizendo que ninguém mais o fazia perder o controle como eu.
E agora ele sorri pra Helen? Ele caminha com ela pelas ruas como se ela fosse um prêmio?
Não.
Não.
E o final de Helen e Ethan será reescrito com a minha tinta.
Porque se eu não posso tê-lo, ela também não terá.
Já me disseram que não há nada mais perigoso do que uma mulher com o ego ferido. E eu não tenho apenas o ego ferido. Tenho a alma marcada.
Ethan pode fingir que me esqueceu. Pode encenar esse romancezinho barato com a idiota da Helen. Pode até tentar se convencer de que ela é a mulher certa.
Mas em breve… ele vai se lembrar. Vai se lembrar do gosto da minha boca, do cheiro da minha pele, do prazer que só eu sabia proporcionar.
Helen nunca vai alcançar o que nós fomos. Porque ela não é mulher o suficiente para isso.
Ela é frágil e eu vou quebrá-la.
Começarei devagar. Vou usar minhas artimanhas para acabar com esse romance e Helen vai chorar, enquanto Ethan vai se arrepender por ter me descartado.
Vou arrancar Helen da vida dele da forma mais dolorosa possível. Ele vai sangrar assim como ela, mas uma coisa eu garanto: Eles não ficarão juntos, nem que para isso eu tenha que jogar sujo.
Helen, querida… aproveite o que tem. Porque logo, você vai implorar para que eu apenas destrua sua relação.
Mas eu vou destruir você.

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