As duas faces do meu chefe romance Capítulo 15

Layonel L. Drevitch

Após deixar Hana em casa segui diretamente para minha, tomei um banho demorado e deixei a água gelada esfriar meus pensamentos e a minha cabeça que estava completamente confusa.

Meus nervos estavam a flor da pele e tensão em meu corpo por causa da festa não ajudava nem um pouco meu estado crítico e lastimável de humor. Odeio ter que aparecer em uma festa organizada pelo meu pai, se eu tenho que aparecer em público o mínimo seria que eu pudesse organizar tudo da minha maneira.

Nas próximas festas não faltará uma boa e forte bebida para esfriar minha mente quando necessário. Meu pai acha que colocar o vinho como uma bebida principal trará mais compradores, porém isso é apenas paranoias dele.

É um erro pensar dessa forma, se eles estão ali é porque estão interessados na compra e força-los a beber não mudará em nada a opinião dos compradores, mas quem discute com um velho rabugento quando enfia algo na cabeça?

Estou cansado dessa vida, gostaria de seguir as coisas como bem intender, mas como filho único me forcei a aceitar os negócios da família, pois seria um grande desgosto o único filho não assumir a empresa que meu avô custou tanto a construir.

Eu amo os vinhos, a produção, amo tudo que envolve a empresa, mas odeio a liderança, simplesmente odeio me sentar atrás daquela mesa que me obriga a esconder quem realmente sou vestindo uma máscara impassível e cheia de mentiras.

A água fria escorrendo pelo meu corpo me causa uma sensação boa, sensação de conforto e paz. Paz que busquei arduamente ao colocar os pés naquela festa e Hana não ajudou muito com aquele vestido.

Douglas exagerou ao contar para ela o que aconteceu no meu passado e sinceramente aquilo me irritou, não por ela ter me tirado daquela fatídica situação constrangedora, mas o fato de que ela não deveria tirar conclusões precipitadas.

Lívia realmente mexeu com minha cabeça no passado, mas faz tanto tempo que a única coisa que sinto por ela no momento é pena e gratidão.

Pena, pois ela se casou com um dos piores homens da cidade e gratidão por ter me livrado de me casar com alguém tão mesquinha.

Hana é muito perspicaz e de longe percebeu a minha tensão e desconforto. O único problema é que realmente estava irritado. Não com a presença de Lívia e sim por ter tantas pessoas a minha volta fazendo perguntas desnecessárias e comentários ridículos. Eu simplesmente odeio socialização, pessoas me rodeando e se fingindo de gentis quando não são.

Aquela movimentação a minha volta era sufocante e não me deixava esclarecer minhas ideias. Sou o tipo de pessoa que odeia ficar entre muitos empresários. Eles são chatos e não sabem falar de outro assunto a não ser suas empresas, suas contas bancarias e seus novos contratantes.

O mundo não se resume somente em dinheiro.

De todos os empresários ali presente, um ou outro tinham assuntos diversificados e nada entediantes. De certa forma me sinto culpado por manter Hana ao meu lado sem deixar que ela saísse nem mesmo por um momento, mas ela me acalma.

Apoio as mãos na parede deixando a água fria escorrer pelos meus cabelos. A sua presença me acalma. Isso é estranho, me assusta, mas é a realidade.

Ela é gentil e sejamos sinceros aquele vestido estava pra lá de perfeito em seu corpo. Eu simplesmente não queria outros homens a cobiçando enquanto ela caminhava livre entre os convidados.

Fala sério aonde eu estava com a cabeça de deixar que ela usasse um vestido daqueles? Maria com toda certeza do universo exagerou na escolha daquele vestido exuberante e agarrado.

Senti meu coração se acelerar e a respiração ficar irregular assim que coloquei meus olhos nela naquele salão de beleza. Quando ela se virou de frente para mim seus olhos cor de mel sinceros e cheio de vida reservam no fundo um brilho de felicidade. Seus cabelos longos caídos sobre os ombros roçavam seu busto farto e apertado pelo delicado pano do vestido me tirando suspiros involuntários, além do seu lindo corpo curvilíneo se destacar perfeitamente no vestido. Seus lábios reluzentes e carnudos prendiam completamente minha atenção com o batom suave.

Eu não consigo entender os motivos, mas Hana Ravallo mexe com os meus sentidos de maneira que nenhuma mulher jamais mexeu, nem mesmo Valéria.

Nunca me senti assim, essa culpa exagerada por ser mal educado com uma das minhas funcionárias. É claro, que reconheço meu erro e sei que lhe devo desculpas, muitas desculpas, mas quando se trata dela tudo estranhamente muda e isso me irrita.

As coisas não deveriam sair do controle, mas saem, todos os meus planos se perdem dando espaço a confusão e incerteza.

Eu deveria estar satisfeito por ela reconhecer que exagerou, mas de certa forma me sinto decepcionado comigo mesmo ao ver a magoa explicita em seus olhos depois das minhas duras e exageradas palavras quando ela tentou me ajudar.

Ela me livrou do constrangimento de dispensar uma conversa com Lívia e eu deveria ter aceito com cavalheirismo, mas tive medo do sentimento de prazer que tomou meu corpo ao sentir sua mão deslizar por dentro do meu terno tocando meu peito e dos seus lábios encostando em meu pescoço.

A decepção presente naqueles olhos cor de mel me tirando a paz até agora.

Sei que naquele momento eu merecia ouvir uns belos e bons xingos vindo dela, mas ela simplesmente abaixou a cabeça e reconheceu que não deveria ter se metido em minha vida pessoal. Nesse momento a decepção se instalou em meu coração porque na realidade queria que ela se aproximasse, mas acabei a afastando de uma maneira horrível.

Não deveria me sentir dessa forma, não deveria querer beija-la após nossa dança como quase fiz. Se não fosse a salva de palmas teria selado seus lábios aos meus sem pensar duas vezes.

Por mais que tente tira-la da minha mente a imagem de seu corpo girando e retornando aos meus braços na dança fica passando pela minha mente a todo instante seguido dos seus olhos magoados e tristes.

Sinto vontade de gritar por ser tão idiota em não perceber que seria uma péssima ideia contrata-la. Desde o momento em que coloquei os olhos nela sabia que ela me daria mais trabalho do que o normal, mas caramba como poderia imaginar que ela mexeria com a porcaria dos meus sentimentos dessa forma?

Eu tenho trinta e seis anos para me sentir tão confuso e instável dessa maneira, me sinto ridículo. É tão irritante ficar com essa sensação de impotência dentro do peito, sempre fui centrado o suficiente para não reservar sentimentos como esses e agora me encontro aqui em um labirinto criado pela minha própria mente onde todas as saídas estão lacradas me jogando para o mesmo lugar.

Queria uma resposta para esse desespero, principalmente uma resposta para a culpa que estou carregando por ter sido um completo idiota mal agradecido, levei Hana para outro estado a fim de ensina-la e lhe apresentar a fazenda da família, mas a verdade era que eu queria sua presença na festa comigo por não saber como pedir adequadamente que ela me acompanhasse.

Desde quando eu tenho que mentir para levar alguém em uma festa? Porra eu estou fodido.

Fui tão absurdamente injusto que na segunda dança ela estava tão tensa que mal se entregava as batidas da música. Percebi sua hesitação em aceitar a dança, mas mesmo assim ela segurou minha mão e internamente agradeci por isso achando que tudo estava bem, entretanto foi um completo fiasco.

Ela evitou de todas as formas olhar em meus olhos e manteve uma distância considerável de nossos corpos, posicionou suas mãos hesitante em meu ombro e tento frustrantemente entrar no ritmo e mesmo assim para não me deixar envergonhado diante dos convidados colocou a culpa em si mesma.

Hana não bebeu tantas taças de vinho a ponto de se embebedar, ela apenas usou a si para não me causar problemas.

O que posso dizer sobre isso? Ela é uma mulher incrível.

Não sei como será daqui para frente, mas sinceramente espero que ela aceite minhas sinceras desculpas por descontar minha irritação nela.

Esse assunto está me enlouquecendo bagunço meus cabelos molhados vendo que está quase no horário de ir para empresa.

Chegamos por volta das cinco e pouco da manhã e estou aqui me preparando para o trabalho. Essa é minha vida, a vida que escolhi para matar a mim mesmo aos poucos, para me martirizar e me obrigar a sofrer.

Eu odeio tudo isso, mas me forço a aceitar para apagar a dor constante em meu peito. Apesar de tudo, não manter minha mente ocupada era pior do que ter tempo para pensar em meu doloroso passado.

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