-O que está fazendo? –Pergunto curioso.
-Os vermelhos são os mais gostosos por isso vamos comer depois. –Ela começa a separar os vermelhos das demais cores me fazendo rir.
-Tudo bem. –A ajudo a separar os vermelhos cuidadosamente. –E agora? –Pergunto curioso.
-Pode comer os outros. –Ela afirma pegando bolinha por bolinha com os dedinhos pequenos os levando até a boca animadamente.
Acabo rindo da sua delicadeza e me fascino com seu jeito meigo e doce, como alguns deixando a maioria dos doces para ela, mas ao perceber que eu não estava comendo ela começa a colocar um em sua boca e um na minha.
Finalmente chegamos nos vermelhos e agora ela divide injustamente os doces para mim e para ela.
-Dois para você e um para mim. –Ela separa. -Dois para você e um para mim.
A interrompo.
-Está errado, é um para você e um para mim. –Começo separar novamente.
-Não, você é maior, fica com mais. –Segura minha mão me impedindo de dividir novamente os docinhos.
Arregalo os olhos ao entender sua linha de pensamentos e a puxo para um abraço inconscientemente.
-Você é um anjo. –Beijo sua testa.
Ela começa a rir passando as mãos nos olhos envergonhada.
-Meu pai sempre dizia isso. –Vejo a triste assumir seus olhos cheio de vida.
-Porque está triste? –Acaricio seus cabelos.
-Ele foi embora. –Abaixa a cabeça entristecida.
-Quer me contar o que aconteceu? -Tento descaradamente retirar informações de uma criança.
-Mamãe disse que ele tinha uma viagem muito importante, por isso foi embora. –Brinca os doces entre os dedos. –Ela disse que o papai me ama, mas ele nunca vem me ver.
-Ele te ama pequena, não fique triste. –Passo o dedo em seu rosto beijando sua testa.
–Tia Ellen disse que eu posso ter outro papai. –Agora ela está radiante.
-É claro que você pode. –Confirmo sorrindo.
-Como é seu nome mesmo? –Ela coloca a mão na testa confusa.
-Layonel.
-Tipo leão? –Pergunta surpresa.
-Leão? –Pergunto sem entendê-la.
-Sim, o tio da escola diz que o leão chama “laion”. –Ela puxa a letra N.
Não consigo segurar a risada.
Sua pequena mão envolve a gola da minha camisa me puxando para baixo fazendo dois botões se soltarem, mas me concentro em ouvir o que ela queria dizer.
-Eu não gosto do tio da escola, não quero que ele seja meu novo pai. –Ela sussurra bem baixinho no meu ouvido.
-Porque? –Pergunto curioso.
Ela solta minha gola com cara feia.
- A tio leão ele é chato e quando mamãe vai lá fica rindo e conversando sem parar quando eu quero ir embora. –Faz um bico cruzando os braços.
Rio acariciando seus cabelos até sentir seus dedos correrem pelo meu peito.
-O que é isso. –Pergunta curiosa.
Seguro sua mão a retirando do meu peito abotoando a camisa novamente para esconder minhas tatuagens. A certas coisas do passado que deve permanecerem enterradas.
-Isso é um segredo, você promete não contar para ninguém? –Suplico.
Ela se encolhe e tampa a boca com as duas mãos rindo.
-Não vou contar.
-Isso, não pode contar nem mesmo para mamãe, é um segredo meu e seu. –Falo em seu ouvido e ela assente animada.
-O que vocês estão fazendo. –Escuto Hana atrás de mim e sinto meu coração.
-É segredo mamãe. –Daisy quase me causa um mini ataque cardíaco.
-Segredo? –Ela franze as sobrancelhas perdida. –Que segredo? –Se levanta apoiando a mão na cabeça.
-Estamos comendo M&M’s os vermelhos ficam para o final. –Mudo de assunto e Daisy segue meus pensamentos.
-Os vermelhos são os melhores. –Ela joga as mãos para cima animada e eu agradeço aos céus.
Crianças tem uma inocência pura demais, isso é demais para mim, tento acalmar os meus batimentos cardíacos, mas está difícil.
Hana resmunga de dor na cabeça e contenho meus pensamentos impuros ao ver seus cabelos bagunçados e desalinhados de uma forma sexy e sensual.
-O que aconteceu? Acho que dormi demais. –Esfrega os olhos com a manga do terno. –Minha cabeça vai explodir.
-Victor te deu um calmante. –Digo por fim.
-Nossa. –Ela parece surpresa. –Você não deveria estar na empresa? –Me observa pensativa.
-Deveria. –Observo o relógio.
–Passou a noite aqui? –Pergunta chocada ao analisar minhas roupas.
-Pedi para Victor lhe entregar um lanche enquanto eu buscava um refrigerante no supermercado, quando cheguei você estava dormindo então te coloquei ai. –Aponto para maca e vejo suas bochechas corarem.
-Vamos comer os vermelhos diz animada. –Colocando os chocolates em minha boca.
-O titio já comeu, pode comer você. –Acaricio seu rostinho pequeno sorrindo.
-Vocês comeram um pacote? –Ela observa o pacote jogado sobre a cama.
-Não. –Minto cinicamente como se ela fosse louca.
-Sim. –Daisy grita jogando as mãos pro alto me desmentindo.
Hana semicerra os olhos me encarando.
-Isso também era um segredo. –Sussurro para Daisy e ela tampa a boca com as mãozinhas.
-Foi só pouquinho mamãe. –Olha para Hana inocente.
-Pelo que posso ver você está ótima e os dois fazem uma ótima dupla de mentirosos. –Cruza os braços no peito nos observando.
-Acredito que estamos sendo acusados injustamente. –Defendo.
Daisy acaba se entretendo novamente com os M&M’s vermelhos que estavam espalhados sobre a cama. Caminho até Hana que está de cabeça baixa fitando o chão e me encosto na maca ao seu lado cruzando os braços.
-Me desculpe por mais cedo. –Hana sussurra.
-Acho que ultimamente estamos pedindo bastante desculpas um para o outro. –Sorrio.
Ela faz uma careta desviando o olhar.
-Muito obrigada por ter me ajudado, se não fosse você eu não sei o que teria feito, não sei como te agradecer.
-Tudo bem, eu só queria entender um pouco mais sobre você. –Fixo meus olhos nos dela e vejo tristeza domina-los.
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