Layonel passou a tarde toda brincando com Daisy, me surpreendi ao ver a felicidade estampada nos olhos dele ao passar horas com minha filha.
Minhas intuições dizem que depois que ele conheceu Daisy algo dentro dele mudou. Ele está mais cheio de vida e menos carrancudo. As suas mudanças constantes de humor têm se amenizado e isso me surpreende.
Bom, não sei o que está acontecendo, mas sei que Daisy lhe faz bem e não vou impedi-lo de ver minha filha. A minha única preocupação é que ela acabe o associando a uma figura paterna e isso é preocupante.
Tento não focar nesses pensamentos me concentrando nas cartelas de vinho a minha frente e nos inúmeros preços que vinham junto com eles. Eu gosto de mexer com números, mas sinceramente hoje não estava com cabeça para organizar tantas planilhas de uma única vez.
Um dia de descanso rende trabalho dobrado para a semana inteira e mais um pouco, além das reuniões de Layonel estarem todas atrasadas devido a sua falta inesperada.
Me sinto culpada por vê-lo abarrotado de trabalho até o pescoço, mas sou muito grata, pois ele cuidou de Daisy como um verdadeiro pai. Isso é importante para mim e para minha filha, mas não quero sobrecarrega-lo com um cargo que não é dele.
Obviamente não sou idiota o suficiente de não perceber que ele sente algo por mim e quer se aproximar. Não posso negar e nem esconder que sinto o mesmo já que meu coração palpita e minhas pernas ficam bambas em sua presença, mas isso seria algo complicado demais já que seu status e fama são grande.
Ele é um homem maravilhoso e acho que nunca vou me cansar de dizer isso. Adoro estar com ele e sentir seus dedos percorrer meu corpo me faz suspirar. Sinceramente estou doida para arrancar aquele terno caro e ver o que tanto esconde embaixo daqueles panos. Disperso esses pensamentos impuros, ele é meu chefe e eu jamais faria algo assim, forço-me a acreditar.
Layonel não colabora com minha sanidade mental, ele provoca e me instiga descaradamente e ainda sussurra coisas desnecessárias em meu ouvido quando estou distraída. O único problema nisso tudo é que estou me apegando.
Esses pequenos detalhes fazem com que eu sinta sua falta. Falta dos seus toques e da sua voz, do seu perfume, da sua preocupação constante e esses sentimentos me causam medo.
Estou me apegando excessivamente a Layonel e ele só faz isso aumentar o que me irrita.
Tenho medo de contar sobre a dívida, eu sei que ele pode me ajudar com os seus advogados, mas o que ele fará se não conseguir diminuir a porcentagem dos juros? Ou se não encontramos Ivan para acabar de uma vez com essa palhaçada?
Não quero causar problemas para Layonel, ele tem uma imagem a zelar e precisa se preocupar com a enxurrada de reportagens maldosas que geraria qualquer deslize de sua parte. Eu sei que ele não se importa com isso, mas eu me importo e me preocupo.
Continuo concentrada nos afazeres e minha mente cria diversas possibilidades para as minhas desconfianças.
Estou preocupada com a imagem dele quando na verdade não temos nada além de um relacionamento indefinido. Talvez se eu deixasse ele se aproximar as coisas mudariam, me repreendo mentalmente.
O que eu faço com esses sentimentos?
O telefone da minha mesa apita e aperto um botão esperando as ordens do meu belíssimo e misterioso chefe.
-Hana venha até minha sala.
-Já estou indo.
Levanto-me e sigo para sua sala receosa, meus pensamentos me levam a imaginar coisas desnecessárias e a expectativa que isso me causa só me deixa ainda mais frustrada.
Bato na porta por educações mesmo ele liberando minha passagem, ele ergue o olhar assim que passo pelas portas de vidro analisando demasiadamente os meus quadris. Incomodada troco o peso de uma perna para outra esperando o que ele tem a dizer.
Layonel ajeita os seus óculos no rosto me observando com um sorriso no rosto.
-Em que posso ajudá-lo?
-Tenho uma reunião no horário do almoço e você vai comigo. –Ele não deixa possibilidades de escolha.
-Tenho muito trabalho a fazer é realmente necessário que eu vá? –Pergunto desanimada.
Eu odeio participar das reuniões.
-Na verdade não é bem uma reunião Hana, fui convidado para um almoço e não quero ir sozinho, pois será caótico, mas não pude recusar já que faz parte de um possível contrato. –Suspira visivelmente cansado.
-Posso saber do que se trata? –Pergunto curiosa.
-É melhor que você descubra na hora. –Ele afirma.
-Tudo bem. –Desisto e ele me observa duvidoso.
-Tudo bem? Não vai questionar ou recusar? –Franze as sobrancelhas.
-Não, se você está me convidando então eu aceito. –Sorrio.
-Aceita jantar comigo?
O observo pensativa vendo que ele já estava abusando daquela pequena oportunidade.
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