Coloco o vestido preto com decote comportado, mas que acentua delicadamente minhas curvas, amarro meu cabelo em um rabo de cavalo alto e passo um gloss rosado nos lábios os deixando mais volumosos. O vestido levemente rodado solto até a altura do joelho realça a cor da minha pele, uso um sapato baixo já que Daisy iria comigo.
Ellen e Daisy me esperam na sala.
Daisy já está arrumada com um vestido branco florido e rodado, sua bolsinha pequena da Elsa e sua sapatilha cor de rosa claro. Seus cabelos estão amarrados com uma fita de cetim rosa que somente Ellen consegue fazer parar em seus cabelos lisos.
Daisy irradia felicidade e não consegue parar quieta por um segundo, pois iria ver seu amado titio Leão. Além disso está ansiosa, pois irá convida-lo para a apresentação do dia dos pais na escola. Isso de certa forma me preocupa, gostaria que ela não o convidasse, mas não posso priva-la quando seus olhos brilham como duas fogueiras em chamas.
Tenho medo de acabar lhe machucando com essa aproximação. Ele realmente gosta de Daisy -isso é visível-, mas ele está começando a assumir um papel complicado para minha filha.
Como vou explicar a uma criança de seis anos que Layonel não é seu pai, ela está se apegando a ele por falta de uma figura paterna e não posso culpa-la. Apesar de Ivan não ser muito apegado a filha ela ainda sente falta do pai, ainda mais nessa fase onde a figura paterna é essencial. Vê-la feliz dessa forma me deixa igualmente feliz, mas preocupada.
-Mãe eu vou ver o tio leão. –Ela pula no meio da sala animada e feliz.
-Se você continuar pulando dessa forma vai ficar suada e o tio leão não vai gostar. –A abraço cheirando seu pescoço que tinha cheirinho de morango. –Hum... Eca que cheirinho de suor. –Esfrego o nariz em seu pescoço e ela começa a rir.
-Para mãe. –Empurra meu rosto com as mãozinhas.
Ellen ri da cena me entregando o casaco de Daisy para precauções.
-Obrigada Ellen. –Sorrio.
-Estou confiante de que encontrou um homem maravilhoso. –Seu sorriso está de orelha a orelha.
-Ellen você sabe que isso não tem nada haver. –Falo envergonha.
-Claro que não, beijos e abraços as escondidas é bem normal hoje em dia. –Ela pisca para mim se fazendo de desentendia.
Sinto minhas bochechas esquentarem.
-Eu jamais deveria ter contado para você. –Falo constrangida revirando os olhos.
-Só estou dizendo a verdade pare de fugir Hana. Você fica colocando empecilhos onde não há nada.
-Ele é meu chefe não há possibilidades de algo assim acontecer. –Afirmo.
-Então comece a procurar outra pessoa e se afaste dele. Daisy não precisa ter dois pais ausentes. –Ellen cruza os braços me observando.
-Eu já entendi Ellen. –Suspiro pensativa.
-Cadê o papai? -Daisy pergunta abraçando meu pescoço.
Suspiro olhando para Ellen que dá de ombro e sai deixando a responsabilidade de mais uma vez explicar para ela o que aconteceu, mordo minha língua para não falar o quão cretino e vagabunda Ivan é.
-O papai precisou ir embora princesa. Ele foi viajar para bem longe e a mamãe não sabe se ele vai voltar. –Acaricio seus cabelos.
-E porque ele foi embora? Ele não gosta da gente? –Seus olhos tristes cortam meu coração.
-É claro que ele gosta. –Beijo sua bochecha, pois não sabia mais o que responder.
-Eu vou ter um papai?
-Vai sim minha princesa você vai ter um papai. –Falo sentindo o nó em minha garganta me sufocar.
-Tio leão pode ser meu papai? –Sua voz chorosa e manhosa me deixa aflita.
-A mamãe não sabe te responder essa pergunta Daisy. –Beijo sua testa.
-Eu quero que ele seja meu papai. –Ela olha para baixo triste. -Na escolinha Jéssica fala do papai policial dela e isso me deixa triste.
A abraço encostando sua cabeça em meu peito enquanto beijo seus cabelos.
-Me perdoe querida. –Ela envolve os abraços em meu pescoço me abraçando de volta enquanto fica com a cabeça apoiada em meu ombro.
Sinto meu coração em pedaços, minha vontade é de me trancar em meu quarto e chorar por horas até sentir esse nó e aperto no peito desaparecer, mas não posso fazer isso.
Preciso ser forte pela minha filha, pois ela só tem a mim.
-Eu quero ver o tio leão. –Diz manhosa.
-Se você continuar triste ele não vai vir tem que sorrir e esperar ele feliz. –A coloco no chão.
-Eu “tô” feliz mãe.
-Isso mesmo tem que ficar feliz. –Arrumo seu vestido e logo a campainha toca.
A triste em seus olhos castanhos é convertida em felicidade em questão de segundos, agora seus pequenos olhinhos brilham de alegria.
-Tio leão chegou. –Ela corre para porta tentando abrir a maçaneta, mas não consegue de primeira pois a porta estaca trancada.
-Tio leão. –Daisy grita.
-Minha Elsa? –Escuto a voz de Layonel do lado de fora e acabo rindo.
Destranco a porta e ela sai igual um furacão em direção ao portão quase tropeçando no meio do caminho, mas Layonel a pega no colo mordendo sua barriga.
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