Layonel
Estou deitado com Daisy no chão da minha sala enquanto lhe apresento minha coleção de carros miniaturas que ficam atrás dos meus livros, ela se encanta com uma das motos e sorrio com seu jeito meigo e delicado.
-Você gostou dessa? –Pergunto animado.
-Sim. –Ela sorri vendo os detalhes da réplica de uma Harley Davidson miniatura.
-Quer brincar?
-Podemos? –Pergunta ansiosa.
-É claro que sim.
Lhe entrego a moto e me sento no chão para observa-la enquanto ela engatinha pela sala fazendo barulhos com os carinhos e motos, no final acabo sendo sua pista de corrida enquanto ela usa meu corpo para brincar.
A princípio tive medo dessa aproximação, mas agora não consigo me desgrudar dessa pequena sapeca. Daisy é uma menina desinibida e muito inteligente a cada dia que se passa me surpreendo com sua doçura.
Não conheço seu pai biológico e para ser franco prefiro não conhecer. Não consigo entender como um homem pode abandonar sua esposa e sua filha por um caso incerto.
Hana é uma mulher sensacional e ela não merece passar por tudo isso, mas ela é forte, batalhadora e pela sua filha não desiste de lutar. Tenho vontade de socar a cara desse Ivan incontáveis vezes enquanto ele suplica o perdão de Hana e ela o despreza.
É exatamente isso que ele merece o desprezo da filha e da sua ex-mulher.
Já conversei com os meus advogados e estou esperando um retorno da parte deles, tentarei não fazer nada que ela não queria, mas se for necessário usar meu dinheiro para ver seu sorriso e a paz em seus olhos farei sem pensar duas vezes.
Eu não me importo com o dinheiro - nunca me importei - isso tudo são somente consequências e aparências.
O primeiro dia que vi Hana seu sorriso me cativou, aquele olhar cheio de esperança me atingiram em cheio. Talvez pelo fato de que enxerguei nela o que não havia em mim, mas hoje posso dizer que a esperança cresce dentro do meu peito.
Esperança de construir uma vida de paz com Hana e a pequena Daisy, mas o medo ainda me consome lentamente.
Com o passar dos dias a tristeza dominou os olhos cor de mel de Hana dando lugar a amargura, solidão, magoas e dor.
Aquilo me incomodou e eu queria saber mais sobre ela mesmo sabendo que era errado, pois trabalhamos juntos e meu pai é rígido com as regras dentro da empresa. Sinceramente não faço ideia de qual será sua reação quando souber sobre Hana, porém não me importo nem um pouco com a opinião dele desde que ela me aceite.
Esse pensamento me causa um calafrio, pois a aceitação é um dos meus maiores medos. Não sei se Hana aceitara o meu verdadeiro eu e muito menos o meu passado, mas sei que está chegando a hora de contar tudo para ela, ainda assim tentarei guarda-lo para mim o máximo que puder.
Daisy continua me usando como pista de carrinho e tento dispersar aqueles pensamentos focando nela.
-O que mais você quer fazer? –Pergunto curioso sem saber muito bem lidar com uma criança.
É tudo novo para mim então estou aprendendo aos poucos com ela.
-Fantasia da Elsa. –Diz pensativa.
-Você quer uma fantasia da Elsa? –Pergunto surpreso.
-Sim, eu amo a Elsa, ela a minha princesa preferida. –Diz animada. -Eu pedi para mamãe, mas ela disse que não podia me dar agora. –Diz triste. –Talvez o papai traga da viagem que ele está fazendo do outro lado do mundo. –Um sorri inocente surge em seus pequenos lábios cheios de vida e meu coração se aperta ao ver a esperança em seus olhos e a vontade de matar Ivan triplica.
-Tio leão vai comprar para você. –A abraço.
-Vai? –Pergunta animada.
-Sim.
-Eba. –Joga as mãos para cima feliz. -Eu vou contar para mamãe. –Se prepara para correr mais antes que ela consiga eu a seguro a abraçando.
-É nosso segredo. –Sussurro em seu ouvido.
-Porquê? –Pergunta confusa.
-A mamãe ficar brava com o titio se ela souber. –Faço uma careta e ela tampa a boca com as mãozinhas.
-Eu não vou contar. –Ela balança a cabeça em negativo.
-Isso mesmo não pode contar porque vai ser uma surpresa. –Sorrio.
Ela me abraça feliz enquanto fica quietinha de repente. Pensativa ela me observa um pouco receosa, franzo as sobrancelhas sem entender o que está acontecendo.
Será que fiz algo errado? Fico preocupado sem saber o que fazer ou que falar.
-Tio leão. –Ela me chama sussurrando em meu ouvido bem baixinho. –Eu quero que você seja meu papai.
Meu coração bate descompassadamente depois daquele pedido quase pulando para fora do peito, preciso apoiar a mão no chão para me segurar depois daquele pedido tão inocente.
Me sinto paralisado a observando sem resposta enquanto meu coração quase sai pela minha boca.
Eu não esperava um pedido tão inocente vindo da parte dela, apoio minha mão tremula em suas costas a abraçando com tanta força que tenho até medo de machuca-la.
-Você não quer ser meu papai? –Pergunta inocente e entristecida.
Engulo em seco respirando profundamente e forço minha voz tremula sair sentindo meus olhos arder com as lágrimas que querem escorrer.
-É claro que eu quero minha princesa. –Tento ao máximo conter minhas emoções e com muito custo engulo meus sentimentos atordoados.
Seu sorriso se ilumina e ela envolve os braços envolta do meu pescoço feliz.
-Eu tenho um papai como Jessica. –Diz feliz.
Hana com toda certeza não vai gostar de saber disso -faço uma careta-, mas não me importo já que a gratidão e felicidade dessa pequena me renova.
-Desse jeito eu não aguento. –Sussurro para mim mesmo passando a mão no peito para aliviar a sensação de aperto e ao mesmo tempo felicidade que crescia ali.
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