Layonel
Me perco em alguns corredores da escola por ser grande demais e acabo pedindo ajuda ao faxineiro que me explicar onde fica o pátio.
Ao passar pelas portas vejo minha princesa sentada em um banco embaixo de uma árvore grande com a cabeça baixa, ela balança as perninhas enquanto abraça sua mochila com força.
Me aproximo, mas ela evita erguer a cabeça ignorando minha presença.
-Princesa. -A chamo.
Rapidamente seus olhinhos vermelhos e inchados de tanto chorar se voltam para mim e assim que me vê pula do banco abraçando minhas pernas chorando ainda mais. Acaricio os seus cabelos castanhos tentando acalma-la.
-Ei minha princesa o que aconteceu? -Pergunto com um tom de voz calmo, mas ela esfrega o rosto em minha calça se recusando a falar.
Me abaixo ficando a sua altura e ela envolve os braços pequenos em meu pescoço escondendo o rosto em meu ombro.
-O papai leão precisa saber o que aconteceu. -Acaricio os seus cabelos. -Não estou bravo com você então olha para mim.
Relutante ela solta meu pescoço olhando em meus olhos ainda chora.
-Você está machucada?
Ela ergue a blusa mostrando uma marca roxa próxima a costela. Respiro profundamente mantendo o tom da minha voz calma.
-Foi sua amiguinha que fez isso?
Ela afirma.
-E como isso aconteceu?
-Belisco –Soluça ao dizer.
-Foi por isso que a empurrou?
Ela nega.
-Porque a empurrou minha princesa? -Pergunto tentando entende-la.
Depois de ficar em silêncio por alguns minutos ela começa a falar tudo embolado entre soluços.
-Eu -soluço -papai -soluço -Jéssica -soluço -deu risada -soluço.
-Se você não parar de chorar não vou consigo entender Daisy. -Me sento no banco com ela em minha perna.
Limpo suas lágrimas com a mão encostando sua cabeça em meu peito dando um leve beijo em seus cabelos que cheira morango. Acaricio suas costas deixando que ela se acalme aos poucos.
Sonolenta e casada encosta a cabeça em meu braço e a aninho em meu peito acariciando seus cabelos compridos.
-Vai contar para o papai sem chorar? -Aperto seu nariz de levinho fazendo ela rir.
-Jéssica. -Ela faz bico e antes que comece a chorar faço cocegas de leve em sua barriga.
-Sem chorar.
-Jéssica começou a rir porque eu não tenho um papai e o papai dela vem buscar ela na escola todos os dias. Hoje fui falar que você era meu papai e ela começou a rir falando que o papai leão não existia. –Começa a soluçar, mas a acalmo esperando que ela continue. -Ela beliscou minha barriga me chamando de mentirosa, mas eu falei várias vezes que o papai leão era de verdade, ela não parava de rir então eu empurrei ela porque eu queria que ela parasse e ela rolar lá embaixo. -Faz bico manhosa. –Eu não queria ver ela rolar. –Chora novamente. –Eu sou uma menina feia e malvada? -Pergunta triste.
A abraço contra meu peito beijando sua cabeça.
-Você é uma menina linda.
-Tia Lúcia gritou e disse que só meninas feias e malvadas fazem isso. -Volta a chorar sentida e magoada. -Eu não quero ser feia e malvada.
-Sshhh... Você é a princesa Elsa do papai leão, quando princesas são feias e malvadas?
Ela fica pensativa e depois sorri entre as lágrimas.
-Princesas são lindas. -Diz com olhos brilhantes.
-Então você também é linda.
De repente ela se encolhe em meus braços escondendo a cabeça meu peito. Olho para trás e vejo Hana e Lúcia caminharem em nossa direção.
-Está tudo bem princesa.
-Tia Lúcia vai ficar brava comigo.
-O papai está aqui agora, não vou deixar ela gritar com você nunca mais.
Não consigo lidar com a possibilidade de ver Lúcia gritando com Daisy, como diretora ela deveria ouvir as duas partes antes de julgar. É claro que Daisy não está certa por empurrar Jéssica, mas quem começou foi ela e acabou tendo o que mereceu.
Tiro aqueles pensamentos da minha mente.
São crianças Layonel se controle.
Segurando Daisy em meus braços me levantando e sonolenta ela quase dorme aninhada em meu peito. A sensação que tenho no momento é de ser um verdadeiro pai que precisa proteger sua criança e não deixar ninguém toca-la ou machuca-la.
Hana parece cansada e desgastada já Lúcia aparenta uma calma irritante. Ela chamou minha menina de feia e malvada e isso com toda certeza não ficará assim.
-Conseguiu fazer ela contar a verdade? -Lúcia pergunta com desdém.
-Sim. -Respondo rudemente, mas me controlo ao ver Hana suspirar aliviada.
-O que aconteceu Layonel. -Hana se aproxima acariciando os cabelos de Daisy com delicadeza.
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