Hana
Hoje é a apresentação do dia dos pais na escola de Daisy, Layonel queria a todo custo transferir minha pequena menina para outra escola depois do que aconteceu, mas eu gosto dessa escola e acho que ela oferece uma boa educação sem ser extremamente rígida.
Apesar do último acontecimento, Layonel fez questão de voltar pessoalmente na escola para ter uma séria conversa com Lúcia. O que ele disse a ela eu não sei, mas ela me ligou pedindo um milhão de desculpas e está tratando Daisy como uma verdadeira princesa.
Mordisco os lábios enquanto vejo Daisy correr de um lado para o outro ansiosa com a chegada do seu papai leão. Infelizmente ele se atrasará um pouco devido a empresa, mas com toda certeza participará.
-Mamãe cadê o papai leão? –Seus olhos esperançosos e brilhantes me observam ansiosos.
-Ele vai se atrasar um pouquinho princesa. –Falo com calma acariciando os seus cabelos.
-Ele vem mesmo? –Pergunta mais uma vez preocupada.
-É claro que sim. –Digo sorrindo.
-Mas o papai nunca vem. –Seus olhos tristes partem meu coração.
-O papai leão virá porque ele te ama e quer ver você dançar. –Acaricio sua bochecha.
-Eu vou dançar igual uma princesa. –Ela pula animada e acabo soltando um suspiro involuntário.
-Isso mesmo minha menina. –Me abaixo para beijar sua testa.
-Daisy querida você precisa se trocar. –Leticia, sua professora vem ao nosso encontro.
-Mais eu estou esperando o papai. –Ela observa a professora duvidosa.
-Minha princesa o papai vai chegar daqui a pouquinho. –Olho o relógio e vejo que Layonel está vinte minutos atrasado.
Considerando a reunião que teria com García, vinte minutos certamente não é nada. Esse pensamento me deixa preocupada, mas não o culpo não havia como desmarcar.
-Se você não se trocar a hora que o papai chegar você não vai poder dançar, então vamos lá com as suas coleguinhas. –Letícia estende a mão em sua direção.
-Não o papai prometeu que estaria aqui. –Seus olhos se enchem de lágrimas.
-Ei minha princesa eu estou. –Me surpreendo ao ver Layonel respirar ofegante com um grande sorriso no rosto.
Seus cabelos estão bagunçados e ele segura o terno escuro e a gravata envolta do braço esquerdo. O primeiro botão de sua camisa está aberto dando a possibilidade de ver alguns riscos de tinta em sua pele clara. Seus óculos o deixam ainda mais charmoso marcando sua barba grande por fazer enquanto ele faz uma leve careta por provavelmente ter corrido.
-Preciso me exercitar mais. -Ofega tentando controlar a respiração.
Daisy solta um gritinho abraçando as pernas de Layonel mais do que animada.
-Papai.
Layonel se abaixa enchendo o rosto de Daisy de beijos que começa a rir alto chamando a atenção das mães que estavam ao meu lado nos fundos do palco.
-Vocês dois querem ser menos escanda-los. –Os reprendo, mas Layonel nem mesmo me ouve.
-Vamos Daisy a próxima turma a se apresentar será a sua. –Letícia insiste mais uma vez.
-Vai lá minha pequena. –Ele deixa um beijo na testa de Daisy que sorri empolgada.
Assim que ele a coloca no chão ela segue saltitante para uma das salas de aula que ficava ao lado do palco.
Como é uma apresentação surpresa para o dia dos pais a diretoria decidiu que as crianças não levariam as fantasias para casa e os professores arrumariam eles antes da apresentação para que fosse uma completa surpresa.
-Oi. -Layonel se ergue deixando um beijo leve em minha cabeça.
–Daisy estava ansiosa a sua espera. –Apoio minha mão em seu peito sorrindo.
-Procurei ser o mais breve possível na reunião, mas García sempre consegue atrasar as coisas. –Ele suspira passando as mãos no cabelo.
-Você está bem? -O observo preocupada.
-Aquela pequena ainda me enfartará, precisei correr uma maratona para chegar até aqui. Giovani está preso no engarrafamento lá atrás. Sou um homem sedentário e velho. –Diz dramaticamente fazendo com que eu revire os olhos.
-Homem sedentário e velho acho melhor sentarmos antes que tenha um colapso. –Rio arrumando a gola de sua camisa que estava desdobrada.
Seguimos para onde as cadeiras estavam montadas e o lugar já estava praticamente cheio. Com muita sorte e muito custo conseguimos dois lugares na fileira do meio e confesso que me sinto incomoda com os olhares acusatórios lançados sobre mim, sem contar as várias pessoas que fofocam e cochicham entre si olhando para nós dois.
Infelizmente as revistas estão exagerando nos comentários a nosso respeito e se não bastasse Layonel ama dar motivos para eles nos fotografem juntos e em momentos particulares, mas procuro com todas as minhas forças ignorar esse sentimento estranho que crescem em meu peito.
Mesmo não estando muito próximo do palco ainda é um ótimo lugar para ver a apresentação e sendo sincera estou ansiosa para ver a fantasia que Daisy escolheu.
Se a conheço bem ela será uma das princesas da Disney, melhor dizendo, ela será Elsa.
Mordo os lábios contendo o sorriso ao ver que para Layonel aquelas cadeiras de ferro eram pequenas demais para todo o seu tamanho, querendo ou não ele se destaca entre as pessoas a sua volta e nem mesmo posso culpa-lo por isso.
-O que foi? –Ele semicerra os olhos me observando.
-Nada. –Desvio o olhar tentando prestar a atenção no discurso de Lúcia que parecia muito bonito.
-Você mente muito mal. –Estende o terno sobre a perna me olhando desconfiado.
-Você está charmoso. –Sorrio e vejo ele franzir as sobrancelhas contrariado.
-Eu não estava esperando esse elogio repentino. –Coça a cabeça envergonhado me fazendo rir.
-Estou apenas sendo sincera. –Encolho os ombros fazendo uma careta.
Pensativo ele me observa por longos segundos e passa a mão pela barba indeciso.
-Quando vai parar de enrolar e vir morar comigo? –Ele me observa com cautela.
-Layonel nós já conversamos sobre isso. –Sussurro olhando as pessoas em nossa volta. –É muito cedo.
-Não é cedo Hana, você se preocupa demais com o que vão achar e com o que as revistas vão escrever sobre nós, sobre mim e a empresa. Eu não me importo com revistas ou fofocas e muito menos com olhares estranhos. –Seu tom é baixo mais o timbre de sua voz me deixa magoada.
-Mas eu não estou acostumada e seu pai nem mesmo gosta de mim. Eu não quero te causar problemas. –Sussurro desviando meu olhar para o palco.
Ele solta um longo e pesado suspiro ficando em silêncio e depois de alguns segundos segura minha mão com calma levando-a em seus lábios depositando um suave e demorado beijo.
-Me desculpa. -Ameniza o tom. -Eu só quero acordar todos os dias ao seu lado e ter aquela pequena grudada em mim vinte e quatro horas por dia. Me privei demais desses sentimentos e as vezes a ansiedade de tê-las ao meu lado e o medo de perde-las me consome. –Sussurra ainda segurando minha mão próximo a sua boca.
Sinto meu coração se apertar e aquele medo de tudo se complicar é substituído por uma avalanche de sentimentos reprimidos.
Ele se privou no passado e hoje quem se priva sou eu por medos bobos. Eu amo esse homem mais do que deveria e agora me encontro completamente perdida e presa em seu mundo.
-Você sempre consegue me convencer. –Semicerro os olhos o encarando.
Seus olhos verdes como esmeralda se arregalam e um grande sorriso surge em seus lábios.
-Eu amo você. –Ele se estica para deixar um beijo em meus lábios, mas antes de chegar ao seu destino bate o joelho na cadeira da frente sendo impedido de continuar, além de receber um olhar torto da pessoa da frente.
-Droga odeio lugares apertados. –Se remexe na cadeira incomodado.
Acabo rindo da situação, pois suas pernas realmente estavam apertadas por aquelas cadeiras próximas e muito juntas. Apesar da escola ser grande foi adaptada alguns lugares improvisados na quadra, mas são muitas pessoas para pouco espaço.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: As duas faces do meu chefe