As duas faces do meu chefe romance Capítulo 45

Layonel

Depois de dias tentando e brigando finalmente consegui convencer Hana a trazer suas roupas para minha casa, afinal ela passa mais tempo aqui do em sua própria e não consigo explicar tamanha felicidade que domina meu peito em tê-la em meus braços todos os dias.

Hana ainda está um pouco retraída e preocupada com as reportagens das revistas, mas como toda fofoca os assuntos de mal caráter inventados vão se desfazendo com o passar dos dias e o fato de nos verem sempre juntos está gerando agora novos assuntos e especulações positivas.

Uma hora somos alvos de críticas e repudio e em outra somos símbolo de felicidade e união. Como entender essas pessoas eu também não sei, mas já cansei de tentar, afinal não importa o que você faça ou quanto pague eles sempre irão arrumar meios de te falar sobre sua vida.

Sempre foi assim e infelizmente sempre será.

-Todos prontos? –Entro no quarto que preparei especialmente para Daisy vendo Hana terminar de arrumar os cabelos da minha doce menina em uma linda trança parecida com a da Elsa.

-Sim... –Ela grita animada segurando uma boneca da Elsa nas mãos.

Não resisti quando soube que Hana finalmente viria morar nessa casa e fiz algumas mudanças.

Reservei um quarto de hospedes especialmente para Daisy e contratei um especialista em interiores para deixar o quarto da minha menina, idêntico ao filme da Elsa.

Então além dela ganhar uma fantasia da qual só tira para dormir e tomar banho, ganhou também um quarto digno de princesa.

Ellen não ficou para trás, jamais deixaria ela para trás sabendo que pode ajudar Maria e que posso aumentar seu salário gradativamente. Estou pensando em oferecer um cargo para ela na empresa, mesmo ela não sendo fluente em português o seu inglês é perfeito e realmente estou necessitando de alguém que faça as vendas para o exterior, mas primeiramente irei conversar com Hana.

Franzo as sobrancelhas ao notar o olhar preocupado de Hana que me observa enquanto termina de dar os retoques finais na traça de Daisy.

-Aconteceu algo? –Pergunto preocupado me aproximando dela.

-Nada. –Nega pensativa.

-Minha princesa tia Maria fez um brigadeiro maravilhoso e está esperando você na cozinha para depois ir passear de helicóptero. –Deixo um beijo na sua testa.

-Brigadeiro. –Daisy sai correndo mais do animada.

Acabo rindo, mas logo volto minha atenção para Hana.

-O que está te incomodando. –Acaricio seu rosto retirando alguns fios de cabelo dos seus olhos.

-Estou apenas preocupada com essa viagem. –Franze os lábios.

-Eu sei que foi repentino o pedido dos meus pais para que fossemos na fazenda, mas desta vez eu quero fazer tudo diferente. Você já conheceu o meu pai e sei que tem uma visão contraria a ele, mas ele pode ser muito gentil quando quer. Já a minha mãe eu não sei o que esperar dela, ainda mais depois das fotos na praia onde minhas tatuagens ficaram expostas. Ela repudia e odeia o que fui no passado. –Faço uma careta e procuro não mostrar a decepção em minhas palavras, mas é completamente impossível.

Um sorriso sincero cresce em seus lábios e seus delicados dedos se enroscam em meus cabelos acariciando minha nuca.

-Eu sinceramente espero que ela te trate muito bem, se não serei obrigada a dizer as mesmas verdades que disse o seu pai. –Seus lábios se encostam nos meus suavemente.

-Eu tenho uma leoa bem ao meu lado. –Sorrio mordendo seus lábios.

-Com toda certeza. –Ri, mas suas bochechas assumem um tom rosado.

-Vamos não quero me atrasar. –Deixo um beijo em sua testa.

Com um pequeno aceno de cabeça Hana se afasta para pegar a bolsa com as roupas de Daisy e mesmo ela tentando não demonstrar sua insegurança com esse encontro ela não consegue esconder a preocupação em seu olhar. Não posso culpa-la eu também não sei o que esperar dos meus pais, mas quero pelo menos ver Daisy animada com tudo o que tem na fazenda.

Pego a mala que ela preparou para alguns dias e como tenho roupas na fazenda nem fiz questão de preparar algo. Vamos ficar no máximo dois ou três dias não sei ao certo, será algo rápido e o que mais me preocupa e não conseguir desvendar os planos do meu pai.

Ele sempre foi assim, enigmático e perspicaz. Talvez seja isso que o fez chegar tão longe, mas isso só torna o problema ainda maior.

O que mais me deixa encabulado é fato que ele fez questão de enviar Katia, uma de suas secretarias -muito competente por sinal-, para assumir o meu lugar nesse tempo em que vamos ficar fora.

Não gosto disso não me sinto confortável e esses pensamentos estão me deixando atordoado, mas também não posso preocupar ainda mais Hana com as minhas paranoias sobre os meus pais.

Procuro não focar meus pensamentos sobre esses assuntos, então apenas nos encaminhamos para heliporto em clima não muito agradável. A única coisa que distrai tanto eu quanto Hana é a empolgação de Daisy em conhecer as uvas e os cavalos.

***

-Olha mãe. -Daisy abre os braços ao ver os túneis feitos de parreiras de uvas cobertos de cachos dependurados.

A sua empolgação e animação me faz rir e minha pequena Elsa corre animada pelo caminho de pedras que leva aos túneis.

-Ela tem muita energia para queimar. -Hana acaba rindo.

-Ainda bem que temos um grande espaço aqui. -Apoio minha mão na base de sua coluna. -Preparada? -Pergunto criando coragem para caminhar em direção aquela casa sem saber o que nós espera.

- Não, mas já que estamos aqui. -Encolhe os ombros fazendo uma careta. - Não dá mais para fugir.

-É isso aí. -Caminho atrás de Daisy que saltita entre os túneis mais do que animada.

-Olha pai. -Ela aponta pra os cachos de uva acima de sua cabeça e meu coração se enche de alegria ao ser chamado daquela forma com tanto amor e entusiasmo.

-Você quer um? -Pergunto e ela balança a cabeça em afirmação. -Então vamos pegar. -Me abaixo pegando ela no colo a coloco sentada no pescoço. -Qual você quer?

-Lá. -Ela aponta para um cacho grande e vistoso.

-Boa escolha. -Levo ela até o cacho. -Vamos puxa-lo?

- Sim. -Balanças as pernas animada e sou obrigado a segura-la para não cair.

Seguro sua mão e a ajudo puxar o cacho com cuidado para não machucar as pequenas uvas. Sem muita dificuldade ele se solta e Daisy logo enfia duas uvas na boca.

-Hum... gostoso... -Lambe os dedos, mas cospe as casquinhas nas mãos entregando-as para Hana que ri da cena.

-Jovem Mestre. -Douglas aparece do nosso lado próximo a saída.

-Douglas. -Hana sorri o abraçando.

-Senhorita. -Ele cumprimenta um pouco surpreso e aquilo me faz rir.

-E a senhora Clarisse como está? Não me esqueço daquele jantar maravilhoso. -Hana diz fazendo Douglas rir.

-Está na cozinha como sempre. -Ri retirando o chapéu. -Me atrasei um pouco para vir recebe-los, me desculpe.

- Não se preocupe Douglas estamos bem. Por favor avise meus pais que chegamos. -Peço educadamente.

-Eles só virão para o jantar. Achei que o senhor Drevich tinha lhe informado. - Ele franze as sobrancelhas.

-Tudo bem Douglas então prepare a Imperatriz e o Vendaval que quero mostra-los para Daisy e Hana. -Ordeno.

- Sim senhor. - Ele sai logo em seguida nos deixando a sós.

-Belos nomes. -Hana diz roubando uma uva do cacho de Daisy.

-Quer mais mãe? -Ela oferece o cacho e Hana recusa.

- Não meu amor mamãe queria só uma.

- Quer papai? -Ela tira uma uva colocando na minha boca sem me dar muitas opções.

-A obrigado... Hum, estão doces. -Comento caminhando para casa.

Daisy chupa mais de meio cacho de uva e depois o entrega para Hana. Antes de irmos ver os cavalos nos acomodamos nos quartos. Aproveito para colocar uma roupa mais leve o que me privei a anos e até que me sinto confortável.

Após Hana vestir um short e uma regata, pois fazia muito calor aquela tarde seguimos para cumprimentar Clarisse que já estava com o almoço na mesa já que Daisy não quis tirar sua fantasia de Elsa.

-Que princesa linda. -Clarisse comenta ao ver Daisy com a fantasia.

Envergonhada ela se esconde atrás de Hana, mas balança a pequena mãozinha falando oi para Clarisse.

-Que linda. -Clarisse ri abraçando Hana. -Estou tão feliz de te ver novamente.

-Obrigada! -Hana fica visivelmente constrangida.

-Já estava na hora desse menino se explicar e arrumar uma namorada. -Ela se volta pra mim.

-Noiva Clarisse. –A corrijo e vejo seus olhos brilharem em felicidade.

-Deus ouviu as minhas preces. –Ela joga as mãos para cima agradecendo me fazendo rir.

-Vamos almoçar meninas. -Em minha defesa arrasto Daisy e Hana para mesa antes que Clarisse comece a me atacar com milagres de perguntas.

-Você não vai fugir das perguntas. -Ela apoia as mãos na cintura rindo.

- Eu vim em paz Clarisse e te contei que estou noivo você deveria me amar. –Falo inocente e claro que ela não deixou de me encher de perguntas sobre Hana e Daisy.

Depois do almoço que Daisy mal tocou por ter comido quase um cacho de uva seguimos para o estábulo e Hana parece mais leve e animada.

-Cavalos. -Os olhos de Daisy brilham ao ver Imperatriz toda charmosa comendo feno.

Imperatriz é uma égua linda da raça manga-larga marchador. Sua pelagem marrom-escura com machas brancas faz ela se destacar entre seus irmãos de cor única.

Assim que entramos no estábulo sinto um fungar no meu pescoço e acabo rindo ao sentir Vendaval puxando a gola da minha blusa enquanto me empurra com a cabeça.

-Ou garotão. -Abraço seu focinho enquanto Daisy enche Douglas de perguntas. - Eu também senti saudades. - Passo a mão na sua pelagem negra o abraçando.

- Ele nunca esquece do senhor. -Douglas bate a mão em meu ombro.

Vendaval balança a cabeça me empurrando e me cheirando.

-Bom garoto. Bom garoto. -Bato a mão em seu longo pescoço o acariciando.

-Quanto amor. -Hana passa a mão em Vendaval e quando sua mão passa por seu rosto ele balança a cabeça cheirando e mordiscando a mão dela.

- Ele gostou de você. -Sorrio.

-Ele gosta muito mais de você. -Hana afirma.

-É temos uma ligação forte. -Continuo passando a mão em seu pescoço. -Eu escolhi ele quando ainda era um bebê e por dois anos fomos bons amigos, depois eu fui embora e quase não voltei para cá. Olhando as coisas assim vejo que errei muito. -Uma tristeza preenche meu peito e Hana apoia sua mão sobre a minha.

- Não se culpe pelas coisas que não fez. - Seus olhos se fixam em Vendaval e um pequeno sorriso se estende por seu rosto. -Você ainda tem chance de mudar tudo.

Sorrio fechando os olhos enquanto reflito sobre suas palavras.

-Amo você Hana. -A abraço e Vendaval bate a pata no chão balançando a cabeça.

- Acho que alguém está com ciúmes. -Ela ri, mas deixa um suave beijo em minha boca. - Eu também amo você.

- Olha mãe. -Animada Daisy abraça o pescoço de Imperatriz sentada em suas costas.

-Vamos cavalgar um pouco. -Chamo Vendaval com algumas batidinhas na perna e ele me segue saltitante para fora.

Os cavalos já estavam prontos com as celas como havia pedido. Deixo Hana com a Imperatriz e Daisy e eu ficamos com o Vendaval.

Daisy não contém a alegria de cavalgar e ter esse momento único com minhas duas garotas enche meu coração de paz e confesso que ver as duas mulheres da minha vida com um grande sorriso nos lábios e um ar leve me dá ainda mais a certeza de que quero viver isso para o resto de nossas vidas.

O dia passou rápido, mostrei todo o campo para Daisy e Hana e até mesmo apostamos corrida de cavalo. Imperatriz ganho é claro, ela é orgulhosa demais para perder de Vendaval e Hana achou isso o máximo.

Quando o sol estava quase se pondo resolvemos voltar para fazenda. Eu não sei qual horário meus pais chegariam, mas se tem algo que eles odeiam acima de tudo é atraso para o jantar.

Voltamos para o estábulo e deixo Rogério encarregado de guardar os cavalos já que Douglas estava ocupado.

Hana parece um pouco mais tensa do que o normal, mas é compreensível seu estado de humor mudar tão rápido. Depois do encontro indesejado com meu pai na empresa eu também me preocupo com esse jantar.

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