Layonel
Depois de dias tentando e brigando finalmente consegui convencer Hana a trazer suas roupas para minha casa, afinal ela passa mais tempo aqui do em sua própria e não consigo explicar tamanha felicidade que domina meu peito em tê-la em meus braços todos os dias.
Hana ainda está um pouco retraída e preocupada com as reportagens das revistas, mas como toda fofoca os assuntos de mal caráter inventados vão se desfazendo com o passar dos dias e o fato de nos verem sempre juntos está gerando agora novos assuntos e especulações positivas.
Uma hora somos alvos de críticas e repudio e em outra somos símbolo de felicidade e união. Como entender essas pessoas eu também não sei, mas já cansei de tentar, afinal não importa o que você faça ou quanto pague eles sempre irão arrumar meios de te falar sobre sua vida.
Sempre foi assim e infelizmente sempre será.
-Todos prontos? –Entro no quarto que preparei especialmente para Daisy vendo Hana terminar de arrumar os cabelos da minha doce menina em uma linda trança parecida com a da Elsa.
-Sim... –Ela grita animada segurando uma boneca da Elsa nas mãos.
Não resisti quando soube que Hana finalmente viria morar nessa casa e fiz algumas mudanças.
Reservei um quarto de hospedes especialmente para Daisy e contratei um especialista em interiores para deixar o quarto da minha menina, idêntico ao filme da Elsa.
Então além dela ganhar uma fantasia da qual só tira para dormir e tomar banho, ganhou também um quarto digno de princesa.
Ellen não ficou para trás, jamais deixaria ela para trás sabendo que pode ajudar Maria e que posso aumentar seu salário gradativamente. Estou pensando em oferecer um cargo para ela na empresa, mesmo ela não sendo fluente em português o seu inglês é perfeito e realmente estou necessitando de alguém que faça as vendas para o exterior, mas primeiramente irei conversar com Hana.
Franzo as sobrancelhas ao notar o olhar preocupado de Hana que me observa enquanto termina de dar os retoques finais na traça de Daisy.
-Aconteceu algo? –Pergunto preocupado me aproximando dela.
-Nada. –Nega pensativa.
-Minha princesa tia Maria fez um brigadeiro maravilhoso e está esperando você na cozinha para depois ir passear de helicóptero. –Deixo um beijo na sua testa.
-Brigadeiro. –Daisy sai correndo mais do animada.
Acabo rindo, mas logo volto minha atenção para Hana.
-O que está te incomodando. –Acaricio seu rosto retirando alguns fios de cabelo dos seus olhos.
-Estou apenas preocupada com essa viagem. –Franze os lábios.
-Eu sei que foi repentino o pedido dos meus pais para que fossemos na fazenda, mas desta vez eu quero fazer tudo diferente. Você já conheceu o meu pai e sei que tem uma visão contraria a ele, mas ele pode ser muito gentil quando quer. Já a minha mãe eu não sei o que esperar dela, ainda mais depois das fotos na praia onde minhas tatuagens ficaram expostas. Ela repudia e odeia o que fui no passado. –Faço uma careta e procuro não mostrar a decepção em minhas palavras, mas é completamente impossível.
Um sorriso sincero cresce em seus lábios e seus delicados dedos se enroscam em meus cabelos acariciando minha nuca.
-Eu sinceramente espero que ela te trate muito bem, se não serei obrigada a dizer as mesmas verdades que disse o seu pai. –Seus lábios se encostam nos meus suavemente.
-Eu tenho uma leoa bem ao meu lado. –Sorrio mordendo seus lábios.
-Com toda certeza. –Ri, mas suas bochechas assumem um tom rosado.
-Vamos não quero me atrasar. –Deixo um beijo em sua testa.
Com um pequeno aceno de cabeça Hana se afasta para pegar a bolsa com as roupas de Daisy e mesmo ela tentando não demonstrar sua insegurança com esse encontro ela não consegue esconder a preocupação em seu olhar. Não posso culpa-la eu também não sei o que esperar dos meus pais, mas quero pelo menos ver Daisy animada com tudo o que tem na fazenda.
Pego a mala que ela preparou para alguns dias e como tenho roupas na fazenda nem fiz questão de preparar algo. Vamos ficar no máximo dois ou três dias não sei ao certo, será algo rápido e o que mais me preocupa e não conseguir desvendar os planos do meu pai.
Ele sempre foi assim, enigmático e perspicaz. Talvez seja isso que o fez chegar tão longe, mas isso só torna o problema ainda maior.
O que mais me deixa encabulado é fato que ele fez questão de enviar Katia, uma de suas secretarias -muito competente por sinal-, para assumir o meu lugar nesse tempo em que vamos ficar fora.
Não gosto disso não me sinto confortável e esses pensamentos estão me deixando atordoado, mas também não posso preocupar ainda mais Hana com as minhas paranoias sobre os meus pais.
Procuro não focar meus pensamentos sobre esses assuntos, então apenas nos encaminhamos para heliporto em clima não muito agradável. A única coisa que distrai tanto eu quanto Hana é a empolgação de Daisy em conhecer as uvas e os cavalos.
***
-Olha mãe. -Daisy abre os braços ao ver os túneis feitos de parreiras de uvas cobertos de cachos dependurados.
A sua empolgação e animação me faz rir e minha pequena Elsa corre animada pelo caminho de pedras que leva aos túneis.
-Ela tem muita energia para queimar. -Hana acaba rindo.
-Ainda bem que temos um grande espaço aqui. -Apoio minha mão na base de sua coluna. -Preparada? -Pergunto criando coragem para caminhar em direção aquela casa sem saber o que nós espera.
- Não, mas já que estamos aqui. -Encolhe os ombros fazendo uma careta. - Não dá mais para fugir.
-É isso aí. -Caminho atrás de Daisy que saltita entre os túneis mais do que animada.
-Olha pai. -Ela aponta pra os cachos de uva acima de sua cabeça e meu coração se enche de alegria ao ser chamado daquela forma com tanto amor e entusiasmo.
-Você quer um? -Pergunto e ela balança a cabeça em afirmação. -Então vamos pegar. -Me abaixo pegando ela no colo a coloco sentada no pescoço. -Qual você quer?
-Lá. -Ela aponta para um cacho grande e vistoso.
-Boa escolha. -Levo ela até o cacho. -Vamos puxa-lo?
- Sim. -Balanças as pernas animada e sou obrigado a segura-la para não cair.
Seguro sua mão e a ajudo puxar o cacho com cuidado para não machucar as pequenas uvas. Sem muita dificuldade ele se solta e Daisy logo enfia duas uvas na boca.
-Hum... gostoso... -Lambe os dedos, mas cospe as casquinhas nas mãos entregando-as para Hana que ri da cena.
-Jovem Mestre. -Douglas aparece do nosso lado próximo a saída.
-Douglas. -Hana sorri o abraçando.
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