Hana
Termino de prender meu cabelo em um rabo de cavalo alto e arrumo os pequenos fios soltos com o pente, passo um batom suave e vejo Daisy desmaiada sobre a cama de casal.
Foi um dia alegre e cheio de novidades e passar esse momento com Layonel foi maravilhoso para mim, pois a muito tempo não tinha um momento tão família e tão único.
Aproximo-me da minha pequena e lhe dou um beijo na testa. Ela está em um sono tão profundo e pesado que nem mesmo se mexe ou resmunga.
Uma suave batida na porta me indica que Layonel já estava pronto e me olhando no espelho fico preocupada em ter escolhido roupas erradas ou simples demais.
Uma regata de seda fina branca e uma saia godê marrom que ia até a altura dos meus joelhos. Apesar de gostar de sapatos baixos, optei por colocar um saltinho apenas para deixar o look mais sofisticado.
Outra batida na porta indica que homem atrás dela já estava impaciente com a minha demora e trato de abrir longo antes que ele acorde Daisy que dormia serenamente.
Surpresa com seu look informal dou um passo para trás apenas para observa-lo melhor.
-Atrasada. - Ele observa o relógio de pulso impaciente.
-Informal. -O analiso por completo. -E sensual. -Murmuro com um sorriso no rosto.
-Está perdoada pelo atraso. -Ele coça a barba envergonhado o que me faz rir.
Layonel estava lindo com uma calça jeans escura rasgada nos joelhos e uma camiseta azul marinho que marcava seus músculos definidos deixando expostas suas tatuagens.
-Daisy não vai jantar? -Pergunta preocupado.
-Ela dormiu. -Aponto para dentro do quarto. -Na verdade capotou. -Acabo rindo.
- Acho que cansamos ela demais. - Ele ri. -Vamos? -Estende sua mão para mim e gentilmente a seguro um pouco receosa e assustada com o que nos aguardava lá embaixo.
Caminhamos em silêncio até a sala e antes de chegar à sala de jantar Layonel para em minha frente.
- Eu não sei o que esperar deles, mas por favor não desista de nós. -Seus dedos se apoiam em meu rosto.
- Eu não vou desistir de nós. -Afirmo apoiando a mão sobre a sua deixando um suave beijo em seus lábios.
Ele retribui o beijo um pouco mais relaxado e confiante. Eu sei que para mim é difícil todo esse julgamento, mas compreendo perfeitamente que para ele depois de tudo o que passou está sendo um grande desafio.
Assim que passo pelas portas me surpreendo ao ver uma senhora de cabelos ruivos acastanhados, corpo esbelto e bem cuidado sentada ao lado de Zoy Drevitch.
Ao nos ver chegar um sorriso surge em seus lábios, mas morre ao observar os braços tatuados de Layonel. Seus olhos brilhantes se apagam e ela observa o filho com um olhar pesado que logo se volta para mim na mesma irritação e raiva.
Um gelo percorre todo o meu abdômen e um nó se instala em minha garganta. A vontade de sair correndo domina cada parte do meu corpo, mas obrigo o meu cérebro a mandar comando de calma para todo o meu sistema.
-Mãe e Pai, está é Hana Ravallo minha noiva. - Ele me apresenta e apesar dos sorrisos forçados dominarem o rosto dos dois senhores a minha frente à expressão de decepção é visível, principalmente no semblante da mãe de Layonel.
-Hana, está é minha mãe Ângela Camargo Drevitch e o meu pai que você já conheceu Zoy Drevitch.
Apreço-me em cumprimenta-los com beijo no rosto e todas as formalidades exigidas naquele momento, sento ao lado de Layonel logo em seguida me sentindo uma intrusa.
Tudo aquilo era muito estranho principalmente o fato de me sentir completamente fora daquele círculo.
-É um imenso prazer conhecê-la querida. -Ângela se prontifica em dizer mesmo sendo visível que aquilo era uma grande mentira.
Ela estava ali a força e aquilo era óbvio, mas dava para ver o carinho em seu olhar ao observar o filho. Talvez para as coisas voltarem a funcionar nessa família eles precisem de um empurrãozinho e um pouco de conversa.
-Obrigada estou muito feliz em poder conhecê-los. -Digo com sinceridade, mas não consigo esconder minha feição de desgosto por estar ali.
Infelizmente essa era eu, podia disfarçar todos os meus sentimentos muito bem, mas quando se tratava de caras e bocas não sabia disfarçar meu desgostoso em certas ocasiões e essa era uma delas.
-Clarisse já vai servir o jantar. -Ângela diz com um sorriso forçado no rosto.
Zoy permanece em silêncio observando o filho e a mim. Hora ou outra beberica o vinho de sua taça, mas prefere se manter em silêncio. O clima naquela mesa não podia ser mais pesado e a tensão de Layonel ao meu lado só me deixa ainda mais nervosa.
-Então vamos direto ao assunto. -Layonel quebra o silêncio constrangedor. -O que você quer conosco pai?
Zoy permanece em silêncio por algum tempo e logo em seguida arruma sua postura sobre a cadeira de madeira.
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