As duas faces do meu chefe romance Capítulo 49

- Eu só quero lhe proteger. -Zoy recua com a explosão do filho.

-Me proteger do que? O senhor está maluco eu não preciso de proteção. Você entendeu bem o que estou falando? Foi Hana que não me deixou quitar a dívida, foi ela e essa dívida nem é dela. - Ele repete diversas vezes. -Somente você não vê que toda essa paranoia e maluquice está em sua cabeça. Eu amo Hana pai. Eu amo essa mulher porque ela me ama pelo que eu sou não pelo que eu posso oferecer a ela. Abra a porcaria de seus olhos e enxergue que nem todos são gananciosos como você.

-Você não tem o direito de falar assim comigo rapaz. -Zoy não altera sua voz, pois seu ego se fere com as palavras de Layonel.

- Eu não consigo acreditar que você se tornou essa casca tão vazia. -Layonel nega com a cabeça. -A mãe pelo menos está tentando reparar os erros dela, pois ninguém é perfeito e todos erramos em algum momento de nossas vidas, mas culpar Hana e Daisy pelo o que você se tornou é demais. Olha para você pai, está rastejando em busca de atenção, você não quer ver a minha felicidade porque tem medo que eu abandone tudo que você construiu, mas não se preocupe pai eu aprendi amar aquelas empresas menos nos meus piores momentos, mas se continuar a tentar me afastar de Hana e Daisy eu não pensarei duas vezes em deixar aquelas empresas e recomeçar do zero. Abra seus olhos pai e veja bem onde esse seu orgulho está te levando.

Zoy recua e as palavras de Layonel parece fazer sentido para ele, mas ainda não abaixa sua guarda.

-Você se casou, construiu uma família e ergueu o império do vovô porque ele recuou e deixou que você fizesse isso. Agora é sua vez de recuar pai eu preciso de espaço, eu preciso de uma vida, assim como você eu quero uma família e a liberdade de gerenciar tudo isso da minha maneira. Eu vou errar, eu sei vou, mas é nesse momento que você aparece para me ajudar e não me julgar. Se as coisas não mudarem a partir de hoje eu realmente vou desistir de tudo. -Layonel suspira. -Já estou cansado de dançar em suas mãos e pare de atacar Hana. Além disso você não tem o direito de bisbilhotar a vida dela, isso cabe em processo, é ilegal e você sabe muito bem disso. Eu amo Hana e amo Daisy entendeu? Eu as amo.

Não consigo conter as lágrimas que rolam de meu rosto ao ouvir as palavras de Layonel, mas a magoa que sinto no momento só faz um turbilhão de sentimentos confundir minha mente. Eu amo Layonel, eu sei disso, mas todas as palavras de Zoy atingiram um ponto franco que me deixou vulnerável demais.

- Com licença....

-Hana? -Layonel segura minha mão fixando seus olhos preocupados nos meus.

- Eu só preciso de um momento sozinha. -Afirmo engolindo o nó que se forma em minha garganta.

Ele insiste em segurar minha mão e posso ver o desespero estampado em seus olhos, mas solta me deixando ir, pois sabia que eu precisava ficar longe de tudo aquilo.

-Você deve muitas desculpas a ela. -Posso ouvir Layonel dizer ao pai e aperto meus passos não querendo ouvir o que Zoy diria.

Caminho o mais rápido que posso deixando os dois para trás e quando dou a volta vejo Ângela brincando com Daisy no Jardim. Não queria enfrenta-la ou ouvir suas desculpas, então apenas mudo o percurso e ouço Layonel me chamar.

-Hana. -Não olho para trás e continuo a caminhar em direção a uma estufa, mas sua voz e o desespero que vinha dela me faz parar no meio do caminho e apoiar as mãos no rosto chorando todas as minhas frustrações.

Eu amo Layonel, amo tanto, mas nesse momento me questiono se ficar com ele era a melhor opção.

Quanto tempo mais eu aguentaria tudo aquilo? As fofocas? As revistas inventando coisas sobre nós, me julgando e apontando minha filha que nem tem idade para entender tamanha maldade do mundo.

-Hana. -Layonel me abraça com força apoiando a mão em minha cabeça. -Me desculpa, por favor. - Ele beija minha cabeça e eu me aninho em seu peito chorando. -Me desculpe Hana. - Ele insiste em se desculpar mesmo sabendo que a culpa não era dele.

Apoio a cabeça em seu peito soluçando apertando minhas mãos em seu peito.

Estava tão cansada de tudo aquilo, da preocupação, do medo, da frustração de ter sido deixada com uma dívida tão grande e uma criança pequena. Do peso das responsabilidades que vinham junto com Layonel e as palavras de Zoy.

-Estou aqui Hana. - Ele me aperta em seus braços e por mais que eu queira resistir aos seus toques estar envolvida em seu corpo quente, sentindo seu perfume e ouvindo sua voz isso me acalma.

As lágrimas insistem em rolar dos meus olhos e o sentimento de incapacidade tortura minha mente.

-Meu amor eu estou aqui com você. -Ele acaricia meus cabelos. -Me desculpe por tudo isso. Me desculpe por ter um pai tão mesquinho e egoísta. -Sua voz pesada e culpada faz meu coração se apertar.

-A culpa não é sua. -Volto meus olhos para ele. -Você não tem culpa eu só estou cansada de tanto julgamentos. -Suspiro engolindo o nó em minha garganta, mas as lágrimas teimosas insistem em cair. -Cansada dessa luta contra Ivan, de saber que ele não se importa com a filha, da dívida que foi deixada e dos julgamentos que isso me traz.

Layonel me cala ao apoiar um dedo sobre meus lábios e olhar fixamente em meus olhos.

-Você não precisa aguentar tudo sozinha Hana. Não precisa ser forte sozinha. -Seu polegar desliza por minha bochecha enxugando minhas lágrimas. -Eu estou aqui, somos um casal, não sou como Ivan, não vou te deixar e não vou te abandonar. Você pode contar comigo, pode desabafar e se abrir comigo. Eu vou te ouvir sem julgamentos e juntos vamos resolver nossos pesadelos.

Suas palavras me pegam desprevenida e acabo por envolver meus braços em seu pescoço o beijando calorosamente. Suas mãos deslizam por minha cintura e se apertam suavemente ali.

- Eu te amo tanto Layonel e tenho medo que tudo isso acabe. - Falo a verdade.

- Não vai acabar, somos noivos e por mim iríamos no cartório amanhã mesmo. - Ele enxuga meu rosto delicadamente com as mãos e eu acabo sorrindo ao ouvir suas palavras.

-É claro que iríamos. -Acabo rindo e o peso do desespero ameniza um pouco.

-Papai. -Ouço Daisy gritar animada e quando olho para trás vejo minha filha puxando Ângela pela mão animada.

-Bom pelo menos sua mãe aceitou as coisas melhor do que eu imaginava. -Faço uma careta e ele ri.

- Me desculpe pelo meu pai eu sinceramente não sei onde ele quer chegar. -Layonel suspira chateado.

-A culpa não é sua meu amor. -Seguro sua mão. - Vamos esquecer tudo isso e aproveitar a tarde. -Indico com a cabeça Daisy e Ângela que nos esperavam no Jardim junto a Clarisse que gargalhavam ao ver minha filha saltitar animada imitando a Elsa.

***

Apesar das intercorrências com Zoy, nossa tarde foi maravilhosa. Ângela andou a cavalo com Daisy e se aproximou ainda mais do filho que a muito tempo não via e apesar da magoa que ainda havia em meu coração pelas palavras de Zoy procuro deixar isso de lado por ver a importância e influência que Ângela tinha sobre Layonel.

Apesar deles terem suas diferenças e do passado retrair Layonel, ele sentia falta da mãe e isso era visível. Quanto a Zoy, bom, eu não sei ele não apareceu nem no jantar depois da nossa briga e no fundo eu até prefiro assim.

De última hora Layonel decidiu que era melhor voltarmos. Por ter reuniões importantes que lhe aguardavam, além disso havia muitas coisas que precisávamos organizar e conversar.

Layonel queria discutir comigo assuntos da dívida e sinceramente não me sentia preparada para discutir com ele sobre isso novamente, afinal tinha tomado a decisão sozinha de que colocaria a casa a venda para quitar de vez essa dívida que vem atormentando minha vida.

Eu não tinha necessidade de manter a casa se iria morar com ele, mas na visão dele minha teimosia em não deixá-lo quitar a dívida o deixava frustrado e irritado. Por fim concordei em deixarmos essa conversa para outra ocasião, afinal os dias que passamos na fazendo apesar de inesquecíveis e maravilhosos, foram também os mais traumáticos e desesperadores tanto para mim quanto para ele.

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