Bela Flor - Romance gay Capítulo vinte e cinco

Quando chegamos no hospital cujo JaeHwa informou, foi preciso alguns segundos para acreditar que a avó dele estava mesmo ali.
Somente a fachada já entregava o quão precário o lugar era, mas foi adentrando-o que fomos atingidos pela realidade.
Caminhando pelo hospital, era possível ouvir os murmúrios e choros de alguns pacientes que estavam pelos corredores e nos quartos que sequer possuíam portas.
Há pessoas em cadeiras de rodas também e em macas, mas todas pelos corredores. Pessoas doentes e, infelizmente, com feições que exalam tristeza e cansaço.
JaeHwa não pode ter sua avó num lugar como esse, é inadmissível.
ㅡ Qual o número do quarto? ㅡ pergunto a JaeHwa.
Ele já havia ido à recepção, e sem precisar mostrar uma identificação ou pegar qualquer crachá de visitante, conseguiu o número do quarto.
Um péssimo lugar.
ㅡ É aqui. ㅡ diz ao pararmos em frente a um dos poucos quartos com porta.
ㅡ Quer que eu entre?
ㅡ Acho que... preciso de um minuto com ela, Hyun.
ㅡ Tudo bem. Irei te esperar aqui. ㅡ falo segurando firmemente sua mão enquanto encaro seus olhos assustados. ㅡ Estarei bem aqui, amor.
JaeHwa assente, respirando fundo quando encara a porta ainda fechada e toca sobre a maçaneta.
POV: JaeHwa
Sinto como se um furacão estivesse dentro de mim, remexendo na maior velocidade todos os meus órgãos, me deixando completamente enjoado.
Sinto-me enjoado, enojado, e triste, completamente triste.
Hyun-Suk se afasta de mim, encostando-se na parede logo à frente, deixando-me só, enquanto encaro a madeira clara, mas encardida, da porta no qual guarda a pessoa que mais amo na terra e que está à beira da morte.
Eu preciso ir até lá, mas meus pés me traem, me deixando preso ao lugar, com medo, apavorado. Meus dedos suam, mas eu sequer consigo girar a maçaneta.
ㅡ Eu não consigo, Hyun-Suk. ㅡ digo trêmulo. ㅡ eu não consigo ir.
Hyun-Suk volta a se aproximar, segurando-me pelo rosto.
ㅡ Está tudo bem.
ㅡ Entra comigo, por favor. ㅡ peço tocando suas mãos. Ele assente sem ao menos pensar, desviando as mãos do meu rosto quando toca a maçaneta com a destra.
Assinto para que ele a abra, encolhendo-me atrás de si quando vejo a claridade do outro lado.
O quarto não é muito grande, é um lugar simples e com outras cinco camas ocupadas.
Hyun-Suk olha ao redor, caminhando à minha frente. O quarto está em silêncio, todas as pessoas aqui parecem estarem perto do fim da vida, mas é passeando os olhos por cada cama que logo posso ver a cama fininha e de ferro descascado, suportando o corpo fraco, magro e pálido de Jeon Hyelim, minha avó.
Meus pés param. Minha respiração se torna pesada e Hyun-Suk volta a me olhar de modo atento, tocando minha mão.
Meus olhos se enchem de lágrimas, não consigo acreditar que a mulher alegre que tanto me incentivou a buscar meu próprio futuro está aqui. Está assim.
Vovó dorme de modo sereno, e sua respiração é fraca, quase imperceptível. O único aparelho ao seu lado apita a cada novo batimento que seu coração dá, e outro segura a bolsa de soro que está ligada ao seu corpo.
O corpo pequeno parece ainda menor, vovó está muito magra, sem esperanças.
Desvencilhando-me de Hyun-Suk, tomo coragem para me aproximar, dando passos lentos e leves com medo de que algo a acorde e me abaixo na altura de seu rosto, tocando-lhe na mão com calma e cuidado, com medo de que um simples movimento forte a quebre ou machuque.
ㅡ Minha querida vozinha... ㅡ lamento baixo, com saudade de seu sorriso. ㅡ senti tanto a sua falta, vovó.
Hyun-Suk se aproxima um pouco mais, parando perto da cama onde ela está. Deixo um beijo sobre sua mão enrugada, negando mais uma vez para a realidade.
ㅡ Me desculpa te deixar aqui, vó.
ㅡ Com licença. ㅡ uma voz feminina chama. Viro-me fraco para olhar e vejo uma pequena moça adentrar o quarto. ㅡ Sou a enfermeira Jihu, vim fazer a dosagem dos medicamentos da senhora Jeon. Quem são vocês?
ㅡ Sou neto dela. ㅡ digo, fungando.
Tomo um pouco de distância do corpo de minha avó para dar-lhe espaço. A moça sorri, indo até à bolsa de soro, a trocando por uma que contém o medicamento necessário.
ㅡ Diga-me, o que ela tem? ㅡ Hyun-Suk pergunta.
Jihu olha para a vovó e suspira, parecendo lamentar.
ㅡ Os pulmões estão muito debilitados, e aqui não há o equipamento necessário para o tratamento, tememos uma falência dos órgãos, senhora Jeon não aguentará mais dias assim.
ㅡ Minha tia disse que ela poderia morrer hoje.
ㅡ Bom, creio que o médico falou com ela. Não há como estipularmos um dia, o único que controla isso é Deus. Mas como disse, a sua avó precisava do tratamento, mas não temos como dá-lo.
ㅡ Não há outros hospitais que façam isso?
ㅡ Claro que há, mas são particulares. A sua tia disse que não podiam pagar.
Cubro minha boca ao ouvir aquilo e encaro Hyun-Suk.
ㅡ Mas se for conseguido uma transferência imediata, ela ainda terá chances?
ㅡ É possível, vocês podem falar diretamente com o médico. O tratamento é importante e ele pode ao menos dar a chance da senhora Jeon viver mais algumas semanas ou meses, ou até entrar na fila de transplantes. Ela precisaria de exames mais avançados e medicamentos mais fortes.
ㅡ Mas e os novos medicamentos? ㅡ pergunto. ㅡ ela iniciou um tratamento mais forte a dois meses. Não obtiveram mudança?
Mas não há novos medicamentos aqui. A senhora Jeon toma os mesmo medicamentos há anos, eles ajudam ela a respirar com um pouco mais de facilidade e também diminui um pouco a dor.
Eu enviei mais dinheiro. ㅡ digo atordoado. ㅡ enviei para os remédios novos.
ㅡ Eu não sei do que está falando, senhor. Nós não cobramos pelos remédios, sequer cobramos pela internação de sua avó, ela está aqui pelo governo.
Nego voltando a olhar para minha
ㅡ Por que ela fez isso? Hyun... ㅡ olho para Hyun-Suk, vendo-o se aproximar no mesmo instante. ㅡ por que ela fez isso com a vovó?
ela é ruim. ㅡ diz tocando-me sobre os ombros. ㅡ diga-me, senhora Jeon recebe visitas frequentes da filha? ㅡ Hyun-Suk pergunta a enfermeira.
ㅡ A senhorita Su-ji não costuma vir muito. Mas ela veio ontem assim que ligamos para informar a situação da senhora Jeon.
ㅡ Contatamos o hospital de Seul e gostaríamos de transferir a senhora Jeon para lá. ㅡ Hyun-Suk fala. ㅡ Com quem falo para que isso seja possível?
ㅡ Posso chamar o médico responsável pelo tratamento da senhora Jeon, o senhor Lee Gon, ele te dará as melhores informações a respeito.
ㅡ Ótimo, por favor, faça isso. Quero levá-la para o hospital central de Seul, creio que lá haja o melhor tratamento para a senhora Jeon.
ㅡ Claro, irei chama-lo agora mesmo. ㅡ moça assente. ㅡ com licença.
Ainda me sinto inerte com tudo o que ouvi. Não consigo acreditar que Su-ji me enganou esses meses todos e deixou a vovó aqui, sem sequer receber um tratamento
consigo acreditar que ela a deixou aqui... Ela abandonou a vovó aqui para morrer.
ㅡ Não pense sobre isso agora. ㅡ Hyun-Suk diz, me abraçando com força ㅡ irei chamar Hajun e ver o que ele já conseguiu, tudo bem?
ㅡ Tudo bem. ㅡ assinto.
Sozinho com minha avó, eu a olho e lamento, prometendo-a que vamos salvá-la, mesmo sem nenhuma certeza
Mas sou movido pelo medo. Medo de perdê-la.
cadeira de plástico que há bem ao lado da cama e junto minha mão a dela outra vez, sentindo-a
os poucos minutos daquele jeito, até que Hyun-Suk retorna junto a Hajun e poucos segundos após a enfermeira adentra o quarto com
já resolvemos tudo. ㅡ Hyun-Suk diz, me fazendo erguer de pressa para olhá-lo. ㅡ conversei com o médico e ele liberará a senhora Jeon para a transferência. Ela irá para Seul em um helicóptero especial do hospital
Mesmo? ㅡ sorrio e novamente o vejo assentir, então o abraço forte. ㅡ eles virão buscar
assente. O olho nos olhos, sentindo vontade de beijá-lo, mas me contento em abraçá-lo outra vez, ouvindo
enfim olho para o médico, ouço-o explicar o que realmente a vovó tem e como seu problema pulmonar devido à fumaça que ela inalou a anos atrás, agora
Assinarei a transferência. ㅡ o médico diz. ㅡ Mas eu e a enfermeira Jihu iremos acompanhar a senhora Jeon até que a equipe que fará transferência para monitorá-la esteja responsável por ela, tudo
vontade de chorar
obrigado, doutor. Obrigado de
Não me agradeça, vocês estão proporcionando uma chance melhor a ela, eu que sou grato a isso. Infelizmente aqui não temos equipamentos suficientes, mas ela e todos merecem um
desviando os olhos para a vovó, pedindo aos céus que ela reaja e
saíram, inclusive Hajun, aproveitei o tempo com Hyun-Suk para
conseguia parar de sorrir e sentir a vontade de chorar aumentar. Estava uma bagunça, mas me sentia feliz pelo Hyun estar se importando e me ajudando
Você é um anjo. ㅡ falo tocando-lhe no rosto. ㅡ o meu anjo, Hyun. Você não sabe como estou feliz em saber que ao menos daremos uma chance melhor
disse que faria o possível e o impossível por você, anjo, e tudo o que remete a você também, a partir de hoje
agradecido e suspiro dentro de seus braços
Eu não acredito que me deixei ser enganado por todos esses meses assim... O que será que Su-ji fazia com o
Pedirei a Hajun para que ele consiga fazer com que ela te devolva tudo ou será
prisão é um
É o lugar de uma ladra. É o seu dinheiro. Dinheiro que você pensou estar sendo usado para o bem. Ela
ela já nem deve ter mais... Deve ter gastado tudo, ela não