Bela Flor - Romance gay Capítulo quarenta

"Hyun-suk"
Conseguia sentir o corpo de Jaejun tremer vagarosamente. Estávamos no quarto onde a avó dele já havia sido transferida, mas eu ainda encarava seu rosto que permanecia inerte.
Jaejun havia chorado por horas, estava quieto e descansando naquele segundo, enquanto estávamos sentados no sofá ao lado da cama. Ela ainda suspirava, me apertava e negava, demonstrando o quão fraco estava também.
Me partia o coração vê-lo daquele modo, eu era a pessoa que mais desejava que toda dor e tristeza o deixasse, mas via de perto como parecia que aquelas coisas negativas o cercavam.
Busquei meu celular, também me sentia cansado, mas estava disposto a fazer Su-ji pagar por tudo o que havia feito.
Sentia ódio daquela mulher.
Enviei uma mensagem para Hajun pedindo para que de algum modo ele conseguisse uma forma de incriminá-la por tudo o que havia feito a senhora Hyelim e que fosse possível para jogá-la numa prisão.
Era o meu desejo. Queria vê-la chorando, sofrendo sozinha e com culpa, tudo porque era ela quem magoava e continuava magoando de forma fria e permanente o coração do meu Jeon.
E tenha certeza que prisão certamente é quase nada perto do que eu realmente desejo para ela.
Deixei meu celular de lado, voltando a fazer carinhos nos cabelos vermelhos de Jaejun enquanto não recebia uma mensagem de retorno do meu melhor amigo, mas atentei-me quando a porta principal se abriu e o médico que cuidava da senhora Jeon entrou.
Chamei por Jaejun com cuidado, acordando-o com calma já que ele havia passado por muita coisa, e o vi piscar os olhos sonolentos devagar até que enfim acordou.
ㅡ A vovó acordou? ㅡ foi a primeira coisa que ele perguntou, entretanto, precisei negar.
Seus olhos pararam sobre o médico e só então ele se ergueu. O cumprimentou antes de perguntar:
ㅡ Como ela está?
O homem suspirou, eu sabia que aquilo significava que as coisas já estavam bem ruins.
ㅡ Você é o neto dela, certo?
ㅡ Sim.
ㅡ Vamos até minha sala, preciso falar com você.
Jaejun assentiu, buscando minha mão para segurar firmemente, dando uma última olhada em sua avó antes de seguir o médico.
Adentramos a sala silenciosa e sou eu quem puxo a primeira cadeira para que Jaejun sente. O médico senta na cadeira atrás da mesa, e para ser bem sincero, sinto um calafrio quando sento ao lado de Jaejun.
ㅡ A vovó está mal, não é? ㅡ Jaejun pergunta.
Busco sua mão, segurando-a com firmeza, tentando de alguma forma amenizar seja lá o que o médico vá falar.
Olho-o, vendo como até mesmo ele parece triste antes de responder aquela pergunta.
ㅡ Sua avó esteve em observação e eu pude analisar minuciosamente o quadro e a ficha hospitalar dela. Ela fez um grande transplante há alguns meses, não é?
ㅡ Sim, a vovó recebeu dois pulmões transplantados.
O médico assente, buscando uma das canetas que estava parada ali sobre a mesa e a roda, demonstrando inquietação.
ㅡ Qual o seu nome, filho?
Jaejun aperta meus dedos, respirando fundo.
ㅡ Jeon Jaejun.
ㅡ Jeon, eu vou te explicar o que acontece com a sua avó no momento. Para ser mais certo, com o coração dela. Quando sua avó efetuou o transplante dos pulmões, o coração da sua avó não demonstrava nenhuma alteração que a colocasse em alerta de vida. Porém, analisando os últimos exames efetuados, o coração da sua avó parece outro. Ele sofreu um choque muito grande, que diminuiu drasticamente o desempenho do órgão.
ㅡ Mas o que isso significa? O coração da vovó não está funcionando direito?
ㅡ Infelizmente não. Sua avó está tendo o que chamamos de insuficiência cardíaca aguda. Devido não haver precedentes que informassem que tal situação acontecesse, devo perguntar se sua avó sofreu algum estresse ou emoção forte. Geralmente a insuficiência cardíaca aguda também pode ser gerada por lesões causadas em alguma região do coração, mas a clínica onde sua avó estava tem todo o histórico e nada foi reportado. O coração da sua avó estava saudável.
ㅡ Su-ji. ㅡ Jaejun fala baixo, apertando ainda mais minha mão enquanto seus olhos se perdem e sua mandíbula é travada. ㅡ minha tia. ㅡ seus olhos se erguem para o médico. ㅡ minha tia fez isso. Ela causou isso na vovó. Disse coisas horríveis, desejou que a vovó morresse, todos viram.
O médico suspira, lamentando, e anexa as informações que Jaejun relata para si.
ㅡ Faremos mais exames, mas tenho certeza que estamos lidando com a síndrome do coração partido.
Franzo o cenho.
ㅡ Isso realmente existe?
ㅡ Sim. O nome é dramático, eu sei. Mas a cardiopatia de takotsubo, como é chamado na medicina, é algo que pode significar gravidade. É uma disfunção transitória do ventrículo. Ela demonstra algumas alterações eletrocardiográficas e mimetiza um infarto agudo.
ㅡ Então é possível que a senhora Jeon não tenha tido um infarto e sim uma mimetização de um?
ㅡ É o que tudo indica. Ainda é cedo, vamos analisar.
ㅡ Mas o que acontecerá? Ela irá acordar, não é?
ㅡ É certo que sim, mas como falei, vamos analisar. Com o fato de que o coração da sua avó agora não está trabalhando de forma significativa para que ela possa retornar para a clínica, terei que pedir a internação dela. E se os resultados não melhorarem em algumas horas… ㅡ o médico faz uma breve pausa, o que até me causa um novo arrepio e faz meu coração acelerar. ㅡ terei que colocá-la novamente na lista de transplante, mas desta vez para receber um novo coração.
Jaejun nega, soltando minha mão para cobrir o rosto que logo fica molhado pelas lágrimas que ele libera.
O médico suspira outra vez, ele parece tão destruído em dar aquela notícia quanto nós estamos ao ouvi-la. Abraço Jaejun, ouvindo-o dizer que nos dará um tempo antes de se erguer e sair.
Eu o abraço, de maneira que sua cabeça se encaixa em meu ombro e assim o deixo chorar toda dor e raiva, pois eu a sinto no momento, sei que no coração de Jaejun isso também
ㅡ Como eu odeio aquela mulher. Como eu a
abraço mais forte, sentindo-o também me abraçar.
ㅡ A vovó, Hyun, ela machucou ainda mais
ㅡ Vai ficar tudo bem, amor. Esse é o melhor hospital que há, sua avó está em boas mãos.
Jaejun nega, mas não fala nada mais, pois suas lágrimas e seus gemidos baixos são tudo o que lhe toma.
Não me importo com o tempo em que tomamos naquela sala, tudo o que faço é amparar o meu namorado enquanto mentalizo formas dolorosas de fazer aquela mulher pagar.
em mente que só descansarei quando ela enfim pagar.
E Su-ji pagará com dor, muita dor.
[...]
O quarto ainda estava silencioso. Jaejun mantinha-se ao lado da senhora Hyelim e acariciava devagar os dedos dela, pedindo baixo para
A porta outra vez se abriu, mas meu sorriso foi pequeno ao ver cada um dos melhores amigos de Jaejun ali.
Ele se ergueu, não estava surpreso, mas parecia aliviado ao vê-los. O primeiro a lhe abraçar em silêncio e de forma apertada foi Jackson. Os outros foram se agrupando em um abraço coletivo enquanto outra vez eu ouvia o som do choro baixo do meu Jeon retornar.
e JiHo adentraram a sala logo depois. Ambos se mantiveram longe do grupo, mas fitaram a mulher na cama e suspiraram.
Hajun sorriu para mim, então me ergui e segui até uma das portas do quarto, o que nos levava a uma sala em anexo com o cômodo, mas que dava privacidade a paciente e a quem tivesse consigo.
Sentei-me num dos sofás brancos dali e vi JiHo sentar numa das cadeiras que havia na mesa, enquanto Hajun sentou ao meu lado.
também me abraçou, de forma tão apertada que entendia o porque Jaejun se sentia bem ao ter todos os amigos daquela forma consigo.
Suspirei, encarando-o quando me ergui e senti sua mão rodear meus ombros, deixando dois tapinhas antes de perguntar:
ㅡ Como você tá?
ㅡ Diria que destruído. É como um filme de terror, me lembro
ㅡ Não vai ser igual. ㅡ ele fala, seguro de algo que apenas o destino e o futuro tem controle. ㅡ eu sei disso.
ㅡ Eu só não quero que ele passe por aquilo também, Hajun. Eu estive aqui, num quarto semelhante a esse e ouvi a notícia de que minha mãe havia partido. Ela era tudo o que eu tinha, e a senhora Hyelim é tudo o que ele tem. Jaejun não merece perder tudo como eu perdi.
E ele não vai. ㅡ JiHo é quem diz. Olho-o, vendo-o sorrir brevemente antes de abaixar os olhos e suspirar. ㅡ ele não vai… o garoto ficará bem porque a avó dele também irá
É, a senhora Jeon logo ficará melhor, você vai ver. Tiramos ela de uma situação tão ruim, não vai ser agora que o destino dela se
ainda com dúvidas de que realmente algo ruim não vá acontecer, mas volto a olhar para Hajun outra vez e respiro fundo antes de sentir meu corpo se encher
O que você conseguiu?
analisa meu rosto, antes de buscar seu celular no bolso da calça social que usa e me entrega quando o destrava e abre o vídeo da câmera de segurança da entrada da
ㅡ Apenas isso.
são acompanhadas do áudio, e me faz doer o coração outra vez quando ouço a voz de Su-ji dizendo todas aquelas coisas para Jaejun e Hyelim outra
pode incriminá-la? ㅡ entrego o aparelho a Hajun outra vez e o vejo assentir, porém, seus olhos gritam um
Entrarei com um processo de agressão verbal e difamação contra a senhora Jeon Hyelim e também a mãe de Jaejun. Temos provas, isso é bom, a pena prevista caso ela seja incriminada é de dois meses a um ano de detenção, além de multa. Mas como ré primária, além de ter a possibilidade de pagamento de fiança, ele poderá responder em liberdade
merda! ㅡ praguejo, sentindo ainda mais raiva. ㅡ e se a gente der um jeito? ㅡ pergunto baixo, voltando a olhá-lo. Hajun me olha com o típico jeito que desaprova o que eu quero realmente dizer. ㅡ ela merece pagar, Hajun. E eu posso fazê-la sentir dor. E se resolvêssemos isso nós
ㅡ Você pirou?
sabe que não. Eu tenho dinheiro, tenho respeito. Qualquer um pode fazer isso, inclusive um que sequer
Hyun-suk! Acorda, caralho! ㅡ Hajun parecia chateado, mas respirou fundo e desviou brevemente os olhos para JiHo. ㅡ cara, não fala uma
O que quer que eu faça? Ela certamente ficará livre, acha que irá parar com tudo
ela pare. Ela vai ver que as ações também
e Jaejun? Eu o amo, não vou deixar que ela o quebre ainda mais. Eu mesmo vou cuidar
ㅡ Me assusto ao ouvir a voz de Jaejun e olho-o na entrada da sala. ㅡ ela irá pagar, mas com a justiça, não com
ㅡ Amor…
não quero que você faça nada que possa te incriminar, Hyun. Su-ji é suja, ela saberia que foi você e acabaria com a sua vida, sua empresa e tudo o que tivesse ao seu redor, incluindo eu. Além do mais, você não é ruim assim,
responder. Havia muita coisa sobre mim que Jaejun certamente ficaria assustado ao
Hajun é um bom advogado, ele fará que ela seja presa,
vão até meu melhor amigo.