"Hyun-suk"
Conseguia sentir o corpo de Jaejun tremer vagarosamente. Estávamos no quarto onde a avó dele já havia sido transferida, mas eu ainda encarava seu rosto que permanecia inerte.
Jaejun havia chorado por horas, estava quieto e descansando naquele segundo, enquanto estávamos sentados no sofá ao lado da cama. Ela ainda suspirava, me apertava e negava, demonstrando o quão fraco estava também.
Me partia o coração vê-lo daquele modo, eu era a pessoa que mais desejava que toda dor e tristeza o deixasse, mas via de perto como parecia que aquelas coisas negativas o cercavam.
Busquei meu celular, também me sentia cansado, mas estava disposto a fazer Su-ji pagar por tudo o que havia feito.
Sentia ódio daquela mulher.
Enviei uma mensagem para Hajun pedindo para que de algum modo ele conseguisse uma forma de incriminá-la por tudo o que havia feito a senhora Hyelim e que fosse possível para jogá-la numa prisão.
Era o meu desejo. Queria vê-la chorando, sofrendo sozinha e com culpa, tudo porque era ela quem magoava e continuava magoando de forma fria e permanente o coração do meu Jeon.
E tenha certeza que prisão certamente é quase nada perto do que eu realmente desejo para ela.
Deixei meu celular de lado, voltando a fazer carinhos nos cabelos vermelhos de Jaejun enquanto não recebia uma mensagem de retorno do meu melhor amigo, mas atentei-me quando a porta principal se abriu e o médico que cuidava da senhora Jeon entrou.
Chamei por Jaejun com cuidado, acordando-o com calma já que ele havia passado por muita coisa, e o vi piscar os olhos sonolentos devagar até que enfim acordou.
ㅡ A vovó acordou? ㅡ foi a primeira coisa que ele perguntou, entretanto, precisei negar.
Seus olhos pararam sobre o médico e só então ele se ergueu. O cumprimentou antes de perguntar:
ㅡ Como ela está?
O homem suspirou, eu sabia que aquilo significava que as coisas já estavam bem ruins.
ㅡ Você é o neto dela, certo?
ㅡ Sim.
ㅡ Vamos até minha sala, preciso falar com você.
Jaejun assentiu, buscando minha mão para segurar firmemente, dando uma última olhada em sua avó antes de seguir o médico.
Adentramos a sala silenciosa e sou eu quem puxo a primeira cadeira para que Jaejun sente. O médico senta na cadeira atrás da mesa, e para ser bem sincero, sinto um calafrio quando sento ao lado de Jaejun.
ㅡ A vovó está mal, não é? ㅡ Jaejun pergunta.
Busco sua mão, segurando-a com firmeza, tentando de alguma forma amenizar seja lá o que o médico vá falar.
Olho-o, vendo como até mesmo ele parece triste antes de responder aquela pergunta.
ㅡ Sua avó esteve em observação e eu pude analisar minuciosamente o quadro e a ficha hospitalar dela. Ela fez um grande transplante há alguns meses, não é?
ㅡ Sim, a vovó recebeu dois pulmões transplantados.
O médico assente, buscando uma das canetas que estava parada ali sobre a mesa e a roda, demonstrando inquietação.
ㅡ Qual o seu nome, filho?
Jaejun aperta meus dedos, respirando fundo.
ㅡ Jeon Jaejun.
ㅡ Jeon, eu vou te explicar o que acontece com a sua avó no momento. Para ser mais certo, com o coração dela. Quando sua avó efetuou o transplante dos pulmões, o coração da sua avó não demonstrava nenhuma alteração que a colocasse em alerta de vida. Porém, analisando os últimos exames efetuados, o coração da sua avó parece outro. Ele sofreu um choque muito grande, que diminuiu drasticamente o desempenho do órgão.
ㅡ Mas o que isso significa? O coração da vovó não está funcionando direito?
ㅡ Infelizmente não. Sua avó está tendo o que chamamos de insuficiência cardíaca aguda. Devido não haver precedentes que informassem que tal situação acontecesse, devo perguntar se sua avó sofreu algum estresse ou emoção forte. Geralmente a insuficiência cardíaca aguda também pode ser gerada por lesões causadas em alguma região do coração, mas a clínica onde sua avó estava tem todo o histórico e nada foi reportado. O coração da sua avó estava saudável.
ㅡ Su-ji. ㅡ Jaejun fala baixo, apertando ainda mais minha mão enquanto seus olhos se perdem e sua mandíbula é travada. ㅡ minha tia. ㅡ seus olhos se erguem para o médico. ㅡ minha tia fez isso. Ela causou isso na vovó. Disse coisas horríveis, desejou que a vovó morresse, todos viram.
O médico suspira, lamentando, e anexa as informações que Jaejun relata para si.
ㅡ Faremos mais exames, mas tenho certeza que estamos lidando com a síndrome do coração partido.
Franzo o cenho.
ㅡ Isso realmente existe?
ㅡ Sim. O nome é dramático, eu sei. Mas a cardiopatia de takotsubo, como é chamado na medicina, é algo que pode significar gravidade. É uma disfunção transitória do ventrículo. Ela demonstra algumas alterações eletrocardiográficas e mimetiza um infarto agudo.
ㅡ Então é possível que a senhora Jeon não tenha tido um infarto e sim uma mimetização de um?
ㅡ É o que tudo indica. Ainda é cedo, vamos analisar.
ㅡ Mas o que acontecerá? Ela irá acordar, não é?
ㅡ É certo que sim, mas como falei, vamos analisar. Com o fato de que o coração da sua avó agora não está trabalhando de forma significativa para que ela possa retornar para a clínica, terei que pedir a internação dela. E se os resultados não melhorarem em algumas horas… ㅡ o médico faz uma breve pausa, o que até me causa um novo arrepio e faz meu coração acelerar. ㅡ terei que colocá-la novamente na lista de transplante, mas desta vez para receber um novo coração.
Jaejun nega, soltando minha mão para cobrir o rosto que logo fica molhado pelas lágrimas que ele libera.
O médico suspira outra vez, ele parece tão destruído em dar aquela notícia quanto nós estamos ao ouvi-la. Abraço Jaejun, ouvindo-o dizer que nos dará um tempo antes de se erguer e sair.
Eu o abraço, de maneira que sua cabeça se encaixa em meu ombro e assim o deixo chorar toda dor e raiva, pois eu a sinto no momento, sei que no coração de Jaejun isso também é maior.
ㅡ Como eu odeio aquela mulher. Como eu a odeio…
O abraço mais forte, sentindo-o também me abraçar.
ㅡ A vovó, Hyun, ela machucou ainda mais a vovó.
ㅡ Vai ficar tudo bem, amor. Esse é o melhor hospital que há, sua avó está em boas mãos.
Jaejun nega, mas não fala nada mais, pois suas lágrimas e seus gemidos baixos são tudo o que lhe toma.
Não me importo com o tempo em que tomamos naquela sala, tudo o que faço é amparar o meu namorado enquanto mentalizo formas dolorosas de fazer aquela mulher pagar.
Tenho em mente que só descansarei quando ela enfim pagar.
E Su-ji pagará com dor, muita dor.
[...]
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