POV: Jaejun
Era meu intervalo. Estava a caminho da clínica onde havia marcado minha primeira sessão de terapia e me sentia calmo enquanto ouvia o som de "Angels Like You" junto a voz de Taeshin que cantarolava baixo.
Seus dedos batiam contra o volante, mas até mesmo aquilo não me incomodava.
ㅡ Hyun-suk tem uma cicatriz. ㅡ rompi o silêncio, suspirando e voltando meu olhar para Taeshin. ㅡ Ele tem uma cicatriz que conta como ele pensou em tirar a própria vida.
ㅡ O quê? ㅡ Taeshin diminuiu a velocidade do carro de Hajun e me olhou ao para num semáforo vermelho. ㅡ Como assim?
ㅡ Ele me mostrou há alguns dias quando estava preocupado comigo... ele pensou em tirar a própria vida.
ㅡ Meu Deus... eu nunca imaginaria algo assim dele.
ㅡ Esse tipo de coisa não fica estampada no rosto... Mas imagino se... sabe, ele disse que Sunhee quem o impediu, mas não sei se ela não tivesse feito isso, se Hyun-suk teria ido até o fim. Isso me faz arrepiar, não imagino um mundo sem ele.
ㅡ Não pense em nada disso, mas fale sobre tudo o que estiver dentro de você. Hyun-suk já está bem, não é?
ㅡ Ele disse que também fez terapia na época... ele já está bem. Superou a... morte dos pais dele. Espero conseguir fazer o mesmo pela vovó também.
ㅡ Esse pensamento é muito bom, Jae. A morte é dolorosa, ela mata um pedaço de quem fica aqui, mas não pode significar o fim para quem ainda tem muitas coisas pela frente. Você é jovem, é o nosso dongsaeng, o nosso irmão mais novo, precisa viver até os cem anos.
Ri baixo, ouvindo o som de "Summer of Love" iniciar e me aprumo sobre o banco de passageiro, olhando o painel do carro preto do meu chefe.
ㅡ Qual o modelo desse carro?
ㅡ Essa é uma BMW 320i, um dos xodózinhos do Hajun.
ㅡ É confortável. E é muito legal que ele tenha nos emprestado também.
ㅡ Emprestado? ㅡ Taeshin riu e negou. ㅡ Não, eu o roubei.
ㅡ Você o quê?
O carro parou em um novo semáforo, mas junto a isso, um sinal soou de modo que não alarmava, mas que deixava claro que algum problema havia acontecido.
O celular de Taeshin tocou. Ele o buscou enquanto eu tentava entender o porquê do sinal de alerta soava no carro, mas o vi arregalar os olhos e me mostrar que era Hajun ligando.
ㅡ E agora?!
ㅡ Atende, ué!
Taeshin respirou fundo e deslizou o dedo pela tela.
ㅡ Oi, sol do meu mundo.
ㅡ Kim Taeshin, eu posso saber onde está você e o meu carro?
ㅡ Calma, amor. Eu só precisei sair rapidinho.
ㅡ O que está fazendo? Volte para cá agora.
ㅡ Não posso. Estou em um daqueles momentos importantes.
ㅡ Ah é, com o quê?
Alertei Taeshin sobre o semáforo verde, mas lhe xinguei quando o vi pisar no acelerador para mover o carro enquanto ainda estava no celular.
Mas sequer o carro se moveu.
ㅡ Ai meu Deus, eu quebrei?! Hajun, pela santa do Jackson, eu acho que quebrei seu carro.
ㅡ Não, eu só o bloqueei.
ㅡ Quê? Como assim?
ㅡ Você roubou meu carro, Taeshin, então acionei o alerta que trava o carro.
O som de buzinas iniciou de forma alta. Arregalei meus olhos e vi Taeshin travar a mandíbula antes de respirar fundo e sorrir para a própria imagem no retrovisor.
ㅡ Vida, por favor, eu preciso ir. Estou com Jaejun, nós estamos indo a um lugar muito importante agora.
ㅡ Não está blefando? Kim Taeshin, eu te conheço.
ㅡ Jung Hajun eu vou levar a porra de uma multa!
ㅡ Ok, ok, mas, por favor, não faça mais isso, entendeu? Se queria sair assim e com o meu carro, ao menos avisasse. Fiquei preocupado. Não sou só o seu dominador, sou seu namorado!
O alerta parou e Taeshin enfim saiu de onde estávamos parados.
ㅡ Meu sol, não se preocupe, estou bem. Voltamos em algumas horas. Eu te amo, tá bem?
Sorri e o vi encerrar a ligação em seguida, atentando-se aos motoristas dos carros que ainda passavam ao nosso lado e xingavam de modo raivoso.
ㅡ Ah, vá caçar um cu pra cheirar! ㅡ Taeshin gritou em retorno para um dos motorista, me fazendo arregalar os olhos e querer sumir.
Ele riu quando virou a rua e me olhou, quase me fundindo com o banco do passageiro.
ㅡ Levanta daí, Jae.
ㅡ Nem doido! Cmo você pode gritar algo assim na rua?!
ㅡ Eles estavam me xingando também, não ouviu? Eu só revidei.
Neguei, desviando minha atenção para o GPS que indicava que a clínica estava próxima.
Precisei me organizar no banco e respirar fundo quando vi a fachada branca e verde logo a frente.
Taeshin estacionou. Ele me olhou, buscando a chave, mas sem abrir as portas.
ㅡ Se sente pronto?
Precisei respirar fundo outra vez, mas assenti.
Sai do carro com ele. Não queria ter de adentrar ali sozinho, então me aproximei de si e segurei firme em seu braço, não me importando se iriam nos olhar torto pelo toque.
A recepção ficava logo no início e a clínica estava parcialmente vazia, então a atendente no balcão nos olhou e sorriu de forma receptiva.
ㅡ Posso ajudá-los?
Assenti, mordendo o lábio inferior quando senti a insegurança me preencher.
ㅡ Ele tem uma consulta hoje. É com... ㅡ Taeshin me olhou, atento.
ㅡ Senhorita Lim Min-Ji.
ㅡ Ah, sim. Qual seu nome?
Atentei-me a um ponto nulo e lhe respondi:
ㅡ Jeon Jaejun.
ㅡ Certo, só um minuto.
Taeshin tocou minha mão, ela estava fria, mas ele a acariciou e sorriu para mim, talvez me dando um pouco mais de força para não desistir bem ali e ter de lidar com os meus problemas sozinho.
ㅡ Ah, encontrei. Ela está com um paciente, mas você é o próximo. Você só terá que preencher uma ficha e efetuar o pagamento previamente a sessão, tudo bem?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Bela Flor - Romance gay