Nove horas da manhã de uma quinta-feira de inverno e eu chego a essa cidade fria de Porto Alegre. Estou todo embalado dos pés a cabeça, por bem assim dizer. Agora, estou dirigindo a minha BMW X4 xDrive 30i M Sport, é um carro excelente. Solicitei que trouxessem para cá alguns dias antes. Mas preciso dizer sinceramente que não suporto cidades frias, só vim até aqui porque adquirindo uma nova empresa de tecnologia e também para fugir de Soraia, minha ex-esposa que vive me perseguindo, mesmo com seguranças ao meu redor. Cometi o erro de dormir com ela esta noite, porém, há cinco meses ela me traiu depois de um ano de namoro e mais dois anos de casamento. E por falar nela, já está me ligando. Atendo e coloco em modo viva voz para continuar a prestar atenção no trânsito e para ver se ela para de encher a minha paciência.
— Fala rápido Soraia, estou sem tempo.
— Meu amor, você me deixou sozinha neste hotel. Onde você está?
— Agora, bem longe de você e agradeça por ser um hotel cinco estrelas e que já esteja tudo pago.
— Não estaria aqui se não fosse dessa forma e você sabe.
— Realmente sei disso. Dinheiro é a única coisa que te interessa.
— Fale onde você está depois dessa linda noite que tivemos. Quero e preciso repetir. — Ela fala com uma voz manhosa, mas sou grosso na minha resposta.
— Não vou repetir!
— Eduardo fale agora! Quero você! — Ela fala com arrogância dessa vez.
— Adeus Soraia. — Desligo sem deixar que ela termine.
O meu nome é Eduardo Rizzo Bianchi, tenho 32 anos, sou filho de pais italianos, senhora Emma Rizzo Bianchi e senhor Francesco Bianchi. Eles vivem em Florença, na Itália. Sou brasileiro, nasci em São Paulo, pois eles estavam em lua de mel viajando por vários países. O meu pai é poliglota e me ensinou algumas línguas, mas a que me apaixonei foi a língua portuguesa por nascer neste país. Desde os dezito, resido aqui, isso já faz quatorze anos e não penso em voltar. Viajo para a Itália apenas nas minhas férias. Lá também mora a minha irmã mais nova, Giulia. É linda, a minha princesa tem 20 anos. Sempre vem me visitar. Hoje aproveitei para mais uma vez ser uma pessoa “normal” e ir às compras para minha casa. Apesar de não gostar de cidades frias assim, preciso residir neste local por alguns meses e como já possuo um apartamento tenho que comprar alguns itens necessários para o dia a dia. Às vezes gosto de saber como uma pessoa sem tantas responsabilidades que são as minhas, a de administrar empresas por quase todo o país, vive. Os meus quatro seguros andam a paisana atrás de mim, cada um num veículo diferente, porque é necessário, já que fiz bastante inimizades nas empresas que adquirem. Mas por vezes gosto de pensar que estou só. Saio com a intenção de comprar alguns utensílios para meu apartamento. Sei que posso mandar qualquer segurança resolver isso, mas já que só estarei na nova empresa amanhã hoje resolvo essa questão. Quando me casei com Soraia foi assim. Naquela época estava apaixonado e não via. Estava tão animado que comprei inúmeras coisas pensando nela. Mas o que interessa a ela é apenas dinheiro, tanto que ela se acha dona da minha empresa só porque possui quinze por cento das ações. É petulante até dizer chega, mesmo com essa quantidade irrisória. Como moro sozinho desde os dezito, aprendi de tudo um pouco, estava naquela fase de rebeldia e queria saber de tudo. Sim, Soraia e eu éramos casados, mas cada um vivia no seu apartamento. Vez ou outra, ficávamos alguns dias juntos. Escolha dela e deu no que deu. Quando vim para cá, tínhamos apenas uma empresa em São Paulo. Aos vinte anos assumi de vez e hoje tenho uma em quase todo o país. Acabo de adquirir mais cinco e escolhi vir para o Sul para começar por essa, que pela situação encontrada, era a que necessitava urgentemente de uma intervenção. Para as outras, mandarei outros profissionais responsáveis. Não gosto de aparecer e por isso, não sou tão conhecido fisicamente, a não ser por uma parte da mídia que vive no meu mundo. Mas o fato de pessoas comuns não me conhecerem, ajuda-me na hora de me passar pelo chefe oculto quando adquiro uma nova filial ou uma nova empresa para transformá-la em minha. Até os meus vinte e cinco anos, eu era convidado para várias palestras, mas para focar somente na minha empresa, resolvi parar. E é exatamente como chefe oculto que começarei a partir de amanhã. Ainda terei alguns dias de paz, porque quando descobrirem que estou na cidade, provavelmente alguma notícia a mídia procurará ao meu respeito, porém, pretendo divulgar uma nota sobre a aquisição antes de eles me descobrirem. Mas voltando a minha linha de pensamento, gosto de conhecer quem é quem antes de dizer que sou o dono, pois assim as pessoas são mais verdadeiras. Quando sabem que sou um Bianchi tudo muda. Nesse mundo em que vivo o que vale é o dinheiro. Difícil alguém ser de verdade. E fiquei assim já consegui conhecer muitas pessoas que valem a pena e outras que tive o prazer de demitir imediatamente. Não admito que ninguém humilhe outro ser humano, muito menos por ter uma carga melhor do que o outro. Meu pai me ensinou que não importa a minha posição, isso não me faz melhor do que ninguém é sigo com esse ensinamento. Às vezes preciso ser duro, pois preciso ter as rédeas e importa respeito. Porém, mesmo que não faça isso, geralmente os meus funcionários têm medo, confesso. Raramente consigo ser o Eduardo e nesse momento é o que quero ser. Apenas o Eduardo. Chego ao shopping, estaciono e os meus quatro amigos me seguem. Desço pelo elevador para o térreo e imediatamente paro diante de uma enorme loja de utilidades para o lar, gosto dela. Não é a mais chique do planeta, pois conheço vários países, mas tem produtos excelentes pelo o que estou vendo e aqui ninguém vai me reconhecer. Isso é ótimo! Começo a andar pelos corredores e avisto uma bela moça. Com certeza mede 1,75 m em média, já que com meus 1,90 m percebo que ela é alta também. Sorridente e que sorriso lindo! Vejo-a sorrindo dando uma informação para uma senhora. Ela tem os cabelos negros cacheados e compridos que vão à cintura e que olhos azuis são até aqueles? Azuis como uma pedra preciosa, azul que enfeitiça. Ela veste uma calça jeans escura que exalta a sua bunda perfeitamente e uma blusa amarela de alça grossa que valoriza os seus seios. Acredito que seja uma vendedora pela forma que me encara. Olho tanto para ela que ela começa a me olhar também. Só pode ser nossos pensamentos que cruzaram. Começo a olhar umas toalhas pretas e felpudas para disfarçar. Aproximo-me dela e peço-lhe ajuda.
— Bom dia, pode me auxiliar na escolha dessas toalhas? — Nem era o que eu queria agora, mas para desfrutar dessa companhia aproveito o ensejo.
— Bom dia, claro que sim. Que tipo o senhor está exatamente procurando? — Ela pergunta naturalmente mostrando o largo sorriso. Mais uma vez penso, que sorriso lindo! Fico encantado!
Vejo um senhor parecendo ter uns cinquenta e poucos anos se aproximando.
— De novo sobrinha?
— Não é culpa minha, ele pediu ajuda tio. — Ela diz num tom manhoso, mas sinto interesse e não repúdio como com Soraia. Porém, fico sem entender a abordagem do senhor.
— Você não trabalha aqui?
— Não. Já trabalhei, mas com certeza o meu tio veio até aqui porque atrás do senhor há quatro moças lhe devorando com os olhos querendo atender para ganhar comissão. Meninas eu controlei a venda. — Ela fala batendo no seu peito e com um sorriso tão expressivo que agora que me dou conta que aquela roupa não é o uniforme da loja quando olho para as meninas atrás de mim.
— Desculpe-me, não quis lhe incomodar.
— Que isso! Não incomoda. Fique tranquilo. Estou ajudando o meu tio na contagem de alguns produtos, não é tio?
— É verdade, sobrinha! — Ele passa o braço por seu ombro e beija-lhe o alto da cabeça com carinho. — Sabe moço, essa minha sobrinha além de linda é muito inteligente. Trabalhou aqui dos dezsseis aos vinte e quatro anos, pagou a sua faculdade e agora é gerente de relacionamento de uma grande empresa da cidade.
— Tio nem conheça o moço e o senhor falando de mim. Não faça isso!
— O que tem? É verdade. Você vai ajudá-lo?
— Sim, tio. Não custa nada. Assim volto a me lembrar de quando observei. E a propósito, Lídia, a comissão é sua. — Ela fala para uma menina que fica eufórica. — Desculpe senhor, ela vai se casar e todos estão trabalhando trabalhando mais vendas para ela.
— Sem problemas. Peço desculpas por tê-la confundido.
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