Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 73

Já faz um tempinho que sentia uma dorzinha na ponta da barriga, mas não queria falar com ninguém, me sentia inchada, e parecia que a qualquer momento eu iria explodir, havia chegado ao sétimo mês de gestação, e pedia que essas crianças ficassem por mais tempo dentro da minha barriga, para que nascessem saudáveis e não precisassem de nenhuma intervenção.

Hoje, fui trabalhar mais cedo, meu horário de entrar agora era às 7 e meia, mas cheguei às 7, arrumei a copa e fiquei sentada, a dorzinha ficava indo e vindo, e torcia para isso não ser uma contração, pois ainda não estava preparada, na verdade, nem sei se ficaria uma hora, eu morria de medo do parto, e me senti frustrada em saber que iria enfrentar tudo isso sozinha.

Havia me decidido, que após os meninos nascerem, iria ligar para Denise, mesmo morrendo de vergonha, pediria que ela falasse com o Oliver sem que Liana pudesse ouvir, que eu precisava falar e ver ele pessoalmente, nisso, ele viria e eu apresentaria as crianças, eu sei que seria um baque para ele, ainda mais que os dois voltaram, mas pediria que registrasse as crianças, elas não mereciam crescer sem ter o nome do pai na certidão, e sei que ele me ajudaria na criação deles...

Era tão estranho tudo que pensava, me sentia tão idiota, mas acho que fiquei mais sensível na gravidez, eu só queria que o Oliver aparecesse e dissesse que foi tudo um mal-entendido, e que ele e Liana não tinham mais nada, que ela tinha ido embora, e que ele estava a minha procura.

Lágrimas corriam em meus olhos, como podia existir gente tão mal nesse mundo? Liana não queria de volta o Oliver nem o Noah, mesmo assim, preferiu nos separar para fazer sabe se lá o quê.

Eu nunca desejei mal a ninguém, mas esperava que ela pagasse caro pelo que estava fazendo com todos nós.

Logo, enxuguei as lágrimas, pois vi que a maçaneta estava girando e alguém iria entrar, mas ao contrário do que eu imaginava, a porta não abriu e ninguém apareceu.

A dor na ponta da barriga descia pelo corpo como uma contração, passou-se pouco tempo, Rafaela apareceu.

— Meu Deus, você viu a perfeição de homem que está aqui? — Perguntou empolgada.

— Não vi ninguém não, você está louca?

— Ué, pensei que ele tinha entrado aqui.

— Não entrou ninguém até agora, afinal, ainda é cedo Rafa.

— Já tem um paciente aí, lindo de viver, confesso que aquela perfeição deixa o Tácio no chinelo, meu coração chegou a errar as batidas quando ouvi a voz máscula dele.

— Eita! Está parecendo que o Tácio está descendo do seu pódio em?

— Quem me dera, se um homem daquele me desse bola, eu só dava adeus ao Tácio e iria com ele, mas infelizmente ele está acompanhado, com uma mulher bem linda também, e o filhinho. Na verdade, o paciente é o filho.

— Sério?

— Sim, ele veio de outro estado e trouxe o filho para avaliação, Tácio pediu que levasse um café e água, para eles, se não tivesse me pedido pessoalmente, eu diria para você ir, assim veria a perfeição em pessoa.

— Que exagero Rafaela, ai... — Senti outra contração.

— O que foi Rora?

— Estou sentindo umas pontadas aqui, acho que são as contrações de treinamento.

— Acho melhor você ir se consultar com o médico, não acha? E se os bebês estiverem para nascer?

— Eles não vão nascer agora, bem... Espero que não!

O celular de Rafa tocou.

— Ah, já estou indo doutor, é porque a Aurora não está se sentindo muito bem. — Tácio disse algo e Rafa apenas concordou. — O Tácio disse para você ir agora para o segundo andar e se consultar com o médico, e que logo você o esperasse, que ele mesmo te levaria para casa.

— Para quê me levar para casa? Eu já falei com ele que não precisa se preocupar comigo, eu darei um jeito, além disso, ele tem pacientes para atender.

— Eu só estou dando o recado, e você sabe, se você ir embora sem avisá-lo, ele vai fazer o showzinho dele, você sabe muito bem como ele é.

— Tudo bem, eu estou indo ver o médico.

— Vai lá, eu levarei a água para o bonitão na sala do Tácio.

— Ai ai, Rafa.

Peguei o elevador e fui para o segundo andar, onde havia o consultório obstétrico, na recepção, já falei que estava sentindo fortes dores, então, logo fui atendida pelo meu médico, que me acompanhava, já que estava fazendo todo o meu pré-natal aqui com ele.

— Aurora, como podemos ver aqui, seus bebês estão ótimos. — O médico mostrava na tela. — Mas a senhora está perdendo líquido, precisa ficar em repouso absoluto, se não quiser que seus bebês nasçam antes do tempo.

— Eu irei doutor, acho que agora não tenho como escapar, pedirei o afastamento do trabalho.

— É o melhor a fazer, esses meninos precisam ficar pelo menos mais duas semanas aí dentro, não queremos nenhum na UTI não é mesmo?

— Sim, nada de UTI. — Falei empolgada — Irei descansar, eu prometo!

Logo após minha ultrassonografia, peguei os papéis do médico e levaria para Tácio, assim entraria com pedido de afastamento, mas antes que eu subisse para o andar de cima, ele já estava lá me aguardando.

— O que aconteceu, o que você está sentindo? — Sua voz era preocupada.

— Acho que agora está na hora de pedir um afastamento, o médico me indicou repouso absoluto.

— Eu te falei que era para ter feito isso há muito tempo! — Me repreendeu.

— Você sabe que eu não podia me dar ao luxo de parar antes.

— Não vou discutir isso com você, dona Aurora, vamos, eu vou te levar para casa.

— Não precisa, pode continuar com seu trabalho, eu vou chamar um táxi.

— Para de ser teimosa, eu vou te levar. Meu próximo paciente é mais tarde, então não me venha com teimosias.

Eu não suportava o modo como Tácio queria mandar em mim, mas se eu contestasse, ele acabaria me enchendo o saco.

— Tudo bem.

Após ele me ajudar a caminhar bem devagar, entrei em seu carro, eu não gostava daquela situação, Tácio me ajudava mais do que eu pedia, isso parecia que iria depois me cobrar e jogar na minha cara todo o favor que eu nunca pedi, virei meu rosto para não olhar para a cara de mandão dele.

— Quero que chegue em casa e descanse, nada de se esforçar, tudo bem Aurora, Aurora?

Eu devia estar tendo alucinações, pois acabei de ver Oliver em pé, parado no acostamento do estacionamento.

— Oliver.

— Aurora, você está bem?

— Aquele homem Tácio, você viu? Aquele homem era o Oliver?

Tácio dirigia saindo do estacionamento.

— Ah, esqueci de te avisar mais cedo, com certeza era ele sim, ele veio trazer o filho para consulta.

— O Noah? O que houve com o Noah? — Já perguntei desesperada.

— Ele está com um tumor no olho, mas não é grave, não se preocupe.

— Pare o carro Tácio, por favor, eu preciso vê-lo.

— Ei, calma! Eu sei que você foi babá do menino, mas pense em você agora.

— O Oliver estava com quem?

— Estava acompanhado de uma mulher.

"Liana"

Pensei comigo mesmo, era normal eles estarem juntos, já que ela era a mãe do Noah.

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