Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 106

Ao perceber que a ideia da mulher era absurda e que Denise não gostaria daquilo, Saulo já a descartou.

— Sinto muito Arya, é um passeio de casal. — Disse num tom educado.

— Ah, não seja rude Saulo, Arya é sua amiga de infância, ela não irá atrapalhar vocês, além disso, poderá mostrar alguns lugares que estão atualizados para você, já que está há tanto tempo sem vir a Londres. — Betty insistia.

— Denise, você não se importa não é? — Arya a perguntou, com cara de cachorro sem dono, sabia que a noiva do amigo não iria se opor.

— Saulo quem decide, eu vou buscar minha bolsa, esqueci lá em cima quando vim para o café.

Denise subiu as escadas, tremendo de raiva, ela estava segurando a língua, e tentava não soar tão rude, queria tentar passar a melhor impressão possível, afinal, ainda era o segundo dia no país, não podia entregar os pontos nas primeiras investidas.

Ao descer, viu que Saulo e Arya já não estavam mais na sala de estar.

— Eles já foram para o veículo. — A sogra, que estava sentada no sofá, disse, vendo que Denise os procurava.

— Por que ele não me esperou? — Aquilo foi uma pergunta retórica, porém, Betty fez questão de respondê-la.

— Porque você não faz falta, perto de uma mulher como Arya, você se torna invisível. — Destilou o veneno.

Denise apenas encarou a mulher por alguns segundos e depois saiu.

A hora de enfrentar a cobra da sogra chegaria, enquanto isso, a ignoraria totalmente.

Chegando ao lado de fora da casa, encontrou Saulo e Arya, gargalhando alto, como se fossem duas crianças brincando no quintal da casa.

— Você lembra, que eu tentei pular e você disse que me seguraria? Seu bastardo, até hoje tenho dor nos joelhos por causa daquela queda.

— Eu estava te ensinando a lição de não confiar nas pessoas. — Saulo respondia, com um largo sorriso no rosto.

Continuavam rindo, até notarem a presença de Denise, que estava com um sorriso bem forçado no rosto.

— Oi morena, Arya estava me mostrando uns desenhos que fizemos na árvore dos fundos da casa. — Saulo se aproximou da noiva, explicando o que os dois estavam fazendo ali.

— Que bom que está relembrando dos velhos tempos, mas vamos logo, antes que seja tarde. — Denise mudou a conversa, e andou em direção ao carro, entrando no mesmo.

Saulo percebeu a mudança de humor da mulher, e ficou sério outra vez.

Então também entrou no carro e deu partida, porém, Arya abriu a porta de trás do carro, entrou e se sentou, o que fez Denise revirar os olhos.

— Deixarei o meu carro aqui e irei com vocês, assim fica mais fácil encontrar um estacionamento. Londres está mais movimentada do que nunca.

— Então morena, vamos explorar as ruas de Londres? — Saulo perguntou sorrindo.

“Tire essa porcaria de sorriso do rosto, você está estragando o nosso passeio, olha só a megera que está atrás do meu banco, você não percebe o veneno dela não?” — Pensou em responder desse jeito, mas preferiu ser educada e dizer apenas:

— Podemos comer alguma coisa? Estou com fome e também quero me sentar um pouco. — Denise questionou.

— Claro, morena. O que quer comer? — Saulo a abraçou.

— Ouvi falar que há algo muito típico daqui, e você já me disse uma vez, que costumava comer quando criança.

— Fish and Chips. — Concluiu. — Eu conheço um lugar ótimo, vamos lá, é o melhor de Londres.

Ao chegarem num pequeno restaurante de rua, Denise notou a cara de desconforto de Arya.

— Está tudo bem com você, Arya? — Saulo perguntou, notando o semblante da amiga.

— Estou bem, mas não somos mais crianças para comermos nesse tipo de lugar, não é requintado, e há pessoas de todos os tipos aqui, você sabe, não gosto de me misturar com certos tipos. — Sua cara era de nojo.

— Você se tornou uma burguesa de primeira, hein? — Brincou.

— Faço bom uso da classe social a qual fui privilegiada ao nascer, ao contrário de você, que virou um burguês safado. — Riu da cara de Saulo. — Sabe o que é um burguês safado, Denise? — Arya perguntou para a noiva do amigo.

— Não. — Respondeu indignada, com tal intimidade da mulher, com o seu noivo.

— É um homem podre de rico, que finge ser pobre. Isso que o Saulo finge ser no Brasil, um mero advogado, que trabalha para um fazendeiro rico. Mas aqui, a realidade dele é outra, ele é de família nobre, será que você ainda não percebeu que vocês dois não pertencem ao mesmo mundo? Há uma enorme parede entre vocês, que é impossível de ser removida. Ficando aqui na Inglaterra, você vai acabar percebendo que nunca darão certo, conhecerá as pessoas do nosso convívio, os lugares que frequentamos. Quando nossos amigos em comum, descobrirem sobre a classe social da namorada do filho, do empresário mais bem-sucedido de Londres, e souberem que ela não passa de uma simples babá, Saulo será motivo de piadas em todas as conversas, por um longo tempo.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Caminho Traçado - Uma babá na fazenda