Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 77

Dentro do escritório, um homem estava sentado refletindo e encarando a parede, havia acabado de fazer a cirurgia do filho de seu "rival”.

Seus pensamentos foram interrompidos por batidas na porta, logo após, Rafaela entrava com um envelope na mão.

— O que é isso, Rafa? — Perguntou desanimado.

— Essa é a minha carta de demissão. — Respondeu séria.

— Demissão? — Logo toda a sua atenção voltou para a mulher que estava à sua frente. — Por que isso?

— Eu preciso de um tempo para mim, estou precisando descansar um pouco, minha faculdade está acabando e eu quero dar novos rumos a minha vida Tácio, ficar aqui me prende demais.

— Como assim? Se você acha que sua carga horária está muito pesada, nós podemos diminuí-la, e se quer descansar, eu posso te dar férias, não precisa pedir para sair.

— Eu não estou me referindo em descansar meu corpo em relação ao trabalho, eu preciso descansar minha mente. Tácio, preciso ficar longe de você!

— Rafa, está tudo bem? O que fiz que pode ter te ofendido? Sinceramente, eu não estou me lembrando de algo, mas, por favor, seja o que for, me perdoe. Eu ando um pouco desligado esses dias e...

— Não é isso! — Interrompeu a fala do homem. — Tácio! — Respirou fundo antes de continuar. — Eu trabalho para você há tantos anos, no começo eu pensava apenas no trabalho, mas logo eu comecei a sentir algo por você, tentei evitar e achar que era coisa da minha cabeça, mas isso não passava e só aumentava cada dia mais. Daí, você começou a namorar, e eu tive que fingir que isso não me afetava emocionalmente, eu até estava achando que havia passado esse sentimento, mas aí, você terminou seu relacionamento e novas faíscas de esperança apareceram em meu coração, eu sempre quis te falar, mas nunca tive coragem, daí a Aurora apareceu e você começou a gostar dela, ou seja, eu percebi que nunca terei a oportunidade de ocupar seu coração, se eu continuar aqui, outras pessoas aparecerão, entende? Nunca vai ser eu.

— Rafa... Eu nem sei o que dizer, eu... — O homem processava as palavras da moça. — Sinto muito, nunca havia percebido esse seu sentimento por mim, e não sabia o que se passava em sua cabeça e coração, jamais tive a intenção de te magoar.

— Eu sei, e isso não importa mais, estou me sentindo mais leve agora, após te falar isso, sei que não posso ter seu amor, então o que posso fazer é tentar mudar a minha vida, frequentar outros lugares, conhecer outras pessoas, ficar sem te ver vai ser melhor, afinal, minha mente já entendeu que nada acontecerá entre nós, eu só preciso explicar agora para meu coração.

— Rafa, eu sinto muito por não poder corresponder a seus sentimentos, mas eu te considero muito, você além de ser uma ótima funcionária, é como uma irmã para mim, por que isso logo agora? Não quero que vá. Leve o tempo que precisar para descansar, mas quero que volte, não quero outra pessoa ocupando o lugar que é seu.

— Sinto muito mesmo Tácio, mas minha demissão é uma decisão definitiva, essa é uma decisão bem pensada, já arrumei uma pessoa qualificada que virá me substituir, vocês se darão muito bem, quando eu voltar de viagem, quero trabalhar com minha família na pousada, até que minha faculdade seja concluída, adeus Tácio!

A mulher abriu a porta para sair, mas antes ouviu o homem responder dizendo.

— Isso não é um adeus.

[...]

— Denise, você pode pegar um copo de água para mim, antes da gente voltar para o quarto? Estou sentindo uma dorzinha chata, aqui no pé da barriga.

— Senta aí Aurora, eu vou pegar.

Denise foi em direção a copa, enquanto eu me sentava na poltrona do lado da mesa da Rafaela, que saía da sala do Tácio com uma cara triste.

— Aconteceu alguma coisa Rafa? — Perguntei preocupada.

— Nada de mais, só fiz o que deveria ter feito há muito tempo.

— Você falou dos seus sentimentos para o Tácio? — Perguntei surpresa.

— Falei. — Sentou-se na sua cadeira arrumando algumas coisas.

— E aí. Como foi?

— Me sinto mais leve, tirei um peso da minha consciência, estou triste agora, mas sinto que foi o melhor a ser feito, vou tirar algum tempo para mim, e viajar. Sempre tive vontade de ir para Nova York, e caminhar nas calçadas da Times Square, quem sabe eu esbarre e conheça o amor da minha vida por lá.

— Você é doidinha, Rafa, é por isso que gosto de você, Ai! — Outra vez uma dor, mais forte do que a outra. — Denise está demorando com minha água, acho que vou lá vê o que aconteceu.

Antes que me levantasse, senti um líquido escorrer por minhas pernas.

— Aurora, sua bolsa rompeu! — Rafa gritou eufórica.

Denise apareceu no corredor com o copo de água, ao ver o desespero de Rafa, correu em minha direção, deixando o copo voar no ar, e depois cair forte no chão.

— Acho que os gêmeos estão vindo! — Falei sentindo outra dor mais forte, que me fez cair sentada na cadeira.

— Vou chamar o Oliver imediatamente. — Denise falou correndo em direção ao quarto onde ele estava com Noah.

Após um tempinho ele apareceu.

— Aurora. — Oliver estava assustado.

— Temos que levá-la para o andar de baixo, o centro obstétrico é lá. — Rafa falou.

— Vem.

Oliver me pegou no colo e me levou para o elevador, enquanto Rafa vinha atrás.

Eu sentia muita dor, e não conseguia falar mais nada, só me lembro de algumas enfermeiras me ajudando a trocar de roupa, sendo colocada numa maca, e entrando numa sala com uma luz enorme próxima a meu rosto.

Após uma injeção na minha coluna, eu não senti meu corpo da barriga para baixo.

— Está tudo bem, eu estou aqui com você.

Ouvi a voz de Oliver, então percebi realmente onde estava, e fiquei feliz ao vê-lo ao meu lado segurando a minha mão.

— Oliver, ainda está muito cedo para eles virem ao mundo, eu estou com medo de algo ruim acontecer.

— Não se preocupe, eu tenho fé que tudo dará certo!

— Você devia ficar com o Noah, ele vai acordar e sentir sua falta.

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