Nuria
Eu ainda amarrava a blusa na altura da cintura quando a batida veio. Três toques rápidos, ansiosos. Antes mesmo que eu respondesse, a voz de Jenna atravessou a porta com pressa.
"Nuria, vem agora! É o Rylan... ele tá diferente, estranho... eu tô com medo."
O sangue gelou nas minhas veias.
Abri a porta num impulso e vi a expressão da minha amiga, pálida, aflita, com os olhos arregalados de preocupação.
"O que aconteceu?"
"Eu não sei! Ele tá diferente. A pele dele… Nuria, só vem!"
Não pensei duas vezes. Larguei tudo o que estava fazendo e corri pelos corredores ao lado dela. Os passos apressados ecoavam pelas paredes enquanto nos aproximávamos do posto médico.
Assim que entramos, o mesmo incômodo de antes me atingiu.
Os olhares.
O silêncio.
A tensão no ar.
Todos me encaravam. Como se eu não fosse mais uma pessoa. Mas uma criatura que eles não sabiam como nomear.
Eu ignorei.
Rylan vinha primeiro.
Corri até a maca onde ele estava deitado. A princípio, parecia dormindo, mas algo estava errado.
Muito errado.
A pele dele estava pálida demais. Azulada nas extremidades. Como se o corpo estivesse lutando por ar, mesmo que os pulmões ainda respirassem.
"O que está acontecendo com ele?" perguntei, tentando manter a calma enquanto tocava o rosto suado do beta.
O médico consultava o monitor cardíaco, a testa franzida.
"Batimentos normais. Saturação normal. Não tem explicação clínica."
"Tem que ter alguma coisa!" rebati, olhando para os lábios escurecidos de Rylan. O peito dele subia e descia com esforço.
Minhas mãos voaram até os frascos que preparei antes. As raízes. O extrato. O sangue. Tudo estava ali.
Será que ele era alérgico a alguma das ervas? Droga.
Virei para o médico com urgência.
"Algum dos compostos pode causar reação em alérgicos? Preciso saber!"
"Depende. Algumas raízes são mais agressivas, mas… precisaria saber se ele tem alergias conhecidas." respondeu ele, tenso.
Foi quando a porta se abriu com força.
Stefanos.
Alto. Alerta. O olhar de quem cheira problema a quilômetros.
Seus olhos pousaram direto em Rylan, depois em mim, depois no médico.
"Ele tá ficando cianótico," murmurei. "Mas os sinais vitais tão normais. Eu não sei o que é."
Ele nem hesitou. Deu dois passos, cruzou os braços e olhou para o beta desacordado.
"Ele é alérgico a artemísia," Stefanos disse com firmeza, sem tirar os olhos de Rylan.
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