Como odiar um CEO em 48 horas romance Capítulo 17

- Bárbara Novaes.

Ele vestia camisa branca. O blazer estava sobre o encosto da cadeira. Era loiro, pele clara e a barba bem feita, que o deixava incrivelmente sedutor. Os olhos eram azuis e seu olhar profundo.

- Eu li seu currículo.

- Fico feliz em saber.

- Ainda não trabalhou em empresas de grande porte, não é mesmo?

- Não... Ainda não. Mas é o que mais desejo.

- Vou fazer algumas perguntas. Pode me responder sinceramente?

- Com certeza.

- O que sabe sobre a Perrone?

- Quer sinceridade?

- Por favor...

- Praticamente nada. A não ser que é nova em Noriah Norte e que é uma filial.

- O que sabe sobre vinhos?

- Que são muito bons... E uma das minhas bebidas prediletas. Mas depois do chope com sabor que provei na semana passada, deixou de ser o primeiro lugar da minha lista.

- Chope com sabor não está nem perto do que fabricamos. – Ele sorriu.

- Eu sei... Sinto muito.

- Eu pedi sinceridade. Se quer saber, estamos indo bem. Até agora ninguém foi tão sincero.

Ótimo. Por um momento eu achei que tinha botado tudo a perder ao falar do chope. Eu sabia que não podia falar tudo que eu pensava numa entrevista e sim o que queriam ouvir. Mas ele era um homem jovem. Talvez quisesse realmente alguém que dissesse o que pensava e não o que ele queria ouvir.

- Sabe sobre o processo de produção do vinho e se ele acontece aqui nesta filial?

- Não... Sinceramente, não deu tempo de pesquisar antes de vir.

- Se olhar para mim... O que lhe vem à cabeça?

- Um homem jovem... Para tocar um negócio tão grande quanto esta empresa.

Ele gargalhou:

- Na casa dos trinta, em breve.

- Não parece. – Quase completei com um “E eu não estou dando em cima de você, chefe”.

- O que sabe sobre o fundador da Perrone?

- Nada... Mas creio que ele seja um homem de sorte... Por decidir fazer vinhos e ficar rico.

- Bem... Meu pai foi o fundador. Ele quis fazer a filial em Noriah Norte. Era um sonho que ele tinha há muito tempo. Infelizmente logo que ficou pronto o prédio, ele veio a falecer. Não chegou nem a ver tudo funcionando. E não, não há produção aqui. O vinho é feito diretamente na vinícola Perrone, que é onde a família mora.... Caso se interesse em saber.

- Sinto muito pela sua perda.

- Eu acabei ficando com o negócio lá e aqui. Complicado... Mas um desafio positivo. Quero mudar algumas coisas... Modernizar, por assim dizer.

- Posso lhe ajudar nisso... Tenho ótimas ideias.

Ele balançou a cabeça sorrindo, enquanto se recostava para trás na cadeira em couro:

- Sinto muito, Bárbara. Mas preciso de alguém mais experiente. Eu já sou aprendente... Não posso contratar alguém como eu... Infelizmente.

Não consegui disfarçar minha cara de decepção.

- Sinto muito. – Ele disse, parecendo sincero.

- Não sinta... Me dê o emprego... Por favor. – Implorei. – Eu não vou decepcioná-lo. Prometo lhe dar o meu melhor.

- Infelizmente não posso, Bárbara. Eu recebi pessoas bem mais qualificadas e com vasta experiência.

- Senhor Perrone, se alguém não me der uma primeira oportunidade, nunca vou conseguir ser experiente. Até agora só trabalhei em pequenas empresas, recebendo salários não compatíveis com a minha formação e não levando em conta minha inteligência, dedicação e o tempo que demorei para fazer a faculdade. Sem contar os custos ao longo de mais de cinco anos. O senhor pediu sinceridade... E está recebendo isso. Este ramo é complicado... E eu não escolhi marketing por acaso e sim porque eu realmente queria e achava que tinha a ver comigo. Sou boa no que faço e posso provar... Se me der uma chance.

- Eu sei... Ah, se sei. A questão é que são muitos “nãos” para uma pessoa só. Lamento ter tomado seu tempo.

Virei as costas e saí, sem esperar qualquer outra frase dele.

Final do mês e eu ainda estava deprimida. Quase não saí de casa e tentei até montar uma consultoria de marketing e propaganda online, que não deu certo. E não era só pela questão do dinheiro... Mas também por dignidade e orgulho. Eu tinha tirado as melhores notas da faculdade, me dediquei de corpo e alma, mesmo com todo trabalho que passei com Jardel na minha vida, tentando me fazer voltar atrás nos meus objetivos, fazendo questão de ser o centro do meu universo e tomando todo meu tempo.

Eu era criativa, bem-humorada, bem-apessoada, responsável, espontânea e modesta. Então o que faltava para eu deslanchar e ser uma profissional reconhecida e requisitada?

Estava no sofá, tapada de cobertor, assistindo um filme daqueles que chamávamos de “fingir que estávamos vendo”: Império dos Sonhos.

Ben chegou e bateu a porta com força:

- Chega desta deprê, Babi. Vai se matar pulando de uma cadeira? Ou se afogar bebendo água de copo? Quem sabe se queimar viva na boca do fogão? Pra mim chega. E vai ser hoje que isso vai ter fim. Porque pra mim sexta-feira é dia de foda, baby.

Levantei os olhos para ele e voltei para a TV, que Ben desligou e pegou o controle.

- Eu quero olhar...

- Este filme horrível? Não querida, não vai fazer isso.

Salma apareceu de roupão, com os cabelos desgrenhados e colocou uma água para ferver.

- Você não vai trabalhar hoje? – perguntei.

- Não é só você que tem problemas, Babi.

- Até porque Babi não tem problemas.

- Eu não paguei o aluguel... Estou arrasada.

- Não fique. Mandy pagou por você.

- Não aceitou o dinheiro da minha avó, não é mesmo, Ben?

- Claro que aceitei, Babi. Ela tem grana e só você para dar...

- A última pessoa que eu pensei que me daria alguma coisa deixou eu e minha mãe fora da herança.

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