Como odiar um CEO em 48 horas romance Capítulo 2

O lugar onde eu morava ficava no centro de Noriah Norte, próximo de quase tudo. Embora o aluguel fosse alto, diminuía despesas com transporte. Eu divida aluguel com dois amigos: Benício, que chamávamos de Ben, e Salma.

Salma era minha amiga desde sempre. Viemos juntas da cidade onde morávamos para dividir o aluguel e estudarmos. Eu fui para a faculdade e ela foi ser dançarina numa boate. Nunca passou nem na frente da faculdade.

Ben eu conheci na faculdade. E desde que o vi a primeira vez já sabia que seríamos melhores amigos. Um mês depois ele foi morar conosco, porque era mais perto da faculdade.

O incrível é que não fazíamos o mesmo curso e por coincidência, na primeira matéria que cursamos, que era básica e envolvia quase todos os cursos, nos encontramos e foi amor à primeira vista.

Subi as escadas contando os passos, já imaginando se aquilo faria bem para minha endometriose. Bem, não deixava de ser um exercício físico. Pobre era assim: fazia da correria diária exercício físico. Eu sonhava um dia poder viver uma vida diferente, sem precisar contar os centavos para pagar as contas ao final do mês. Assim como ser menos azarada com tudo que acontecia na minha vida.

Porque sinceramente, às vezes eu achava que Deus me colocou na terra e disse: “Vamos ver o quanto esta Bárbara Novaes aguenta. Hum... Acho que vou testar a força das mulheres nela”. Então eu olhei para ele e mostrei o dedo do meio e disse:

- É só isso que você tem para mim? Manda mais que eu suporto.

E assim Ele ficou puto comigo e continuou mandando coisas ruins... Até agora. Inclusive pensou: “Onde ela morar vou acabar com o sossego dela.” “Elevador, pare de funcionar”. Daí alguém vinha e arrumava. “Elevador, pare de novo”. Deus não se dava por vencido quando o assunto era eu.

Meu negócio com Deus é que fui obrigada a minha inteira a frequentar a missa aos domingos, junto da minha avó. Ela sempre falou que era preciso termos fé para conseguir as coisas. E mesmo estando na casa de Deus todo este tempo, Ele não foi nada justo comigo. Então um dia eu decidi que não acreditaria mais Nele. E não exerceria mais a minha fé. Buscaria sozinha o que eu precisava.

O certo é que cada vez que a vida tentasse me derrubar, ela ia ganhar em troca um dedo do meio.

Abri a porta e vi Ben e Salma sentados no sofá, comendo pipoca e assistindo filme clichê, daqueles que já assistimos 435 vezes e ainda assim chorávamos no final. Sim, tínhamos uma seleção de filmes por lista: “para chorar”, “para gritar”, “para rir”, “para fingir que está vendo”.

- Babi, vem olhar um filme com a gente. – Chamou Ben, me dando espaço ao lado dele.

Sentei e já vi a cena de “Um amor para recordar”.

- Vocês não precisam deste filme para chorar. – falei, pegando um punhado de pipoca. – Chorem ouvindo o que descobri hoje no ginecologista.

Os dois me olharam.

- Fala, Babi. – Salma me olhou, curiosa.

- Tenho uma doença chamada endometriose.

- Babi, isso não é tão sério. E tem remédio. Minha mãe tem. – Ben voltou a olhar para a TV.

- Ben, não faz isso comigo. Me fale tudo sobre isso, por favor.

- Depois que acabar o filme, amorzinho. – me puxou para junto do corpo dele.

Ben era aquele tipo de pessoa que ter como amigo era um privilégio: carinhoso, inteligente e fiel. Era magro, tinha os cabelos compridos, que geralmente usava para penteados criativos e originais. Os olhos eram claros e a pele tipo porcelana, que ele barbeava diariamente e usava tantos cremes quanto conseguia passar ao longo do dia.

Ele era formado em moda e trabalhava numa revista. Ben era uma mulher que nasceu por acidente no corpo de um homem. Foi aquele que Deus quando foi colocar no corpo acabou se confundindo e botando no errado. E meu amigo que lutasse.

Embora eu convivesse com Salma praticamente a vida inteira, Ben tinha meu coração e era muito mais sábio em conselhos.

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