- Como vocês já ficaram a par do que realmente aconteceu... – olhei no relógio – Podem se retirar da minha casa, por favor.
Os dois me olharam, surpresos enquanto eu me dirigia à porta.
- Mas... Viemos de longe. Onde vamos ficar? Não podemos voltar a esta hora. – Breno reclamou.
- Isso não é da minha conta. A casa era de Salma, agora não é mais. Como vocês mesmo disseram, ela “bateu as botas”... “Descansou a periquita”. – Repeti as frases ridículas deles.
- Que porra, achei que ficaríamos ricos. – Breno falou num tom de voz alterado, batendo o pé no chão.
- Com o dinheiro que Salma poderia ter economizado? – eu ri, sarcasticamente – Ela era uma simples dançarina de boate. Ninguém enriquece desta forma.
- Mas já li sobre garotas de programa que ficaram ricas, com clientes importantes, como juízes, CEO’s, políticos. – Anya disse.
- A questão aqui é que Salma não era garota de programa. E nem tem como vocês saberem, porque não participavam da vida dela – abri a porta – Amanhã eu vou levantar cedo, porque tenho compromisso e deixarei Maria com os avós paternos... – tentei encontrar argumentos que pudessem deixar minha mentira crível.
Os dois levantaram, contrariados.
- Quero os pertences de Salma. – Anya disse.
Sério isso? Ela achava que tinha direito sobre as coisas de Salma, mesmo não tendo procurado a filha por mais de uma década? E ainda trazia junto o seu companheiro, o homem que abusou de sua própria filha e ela fez vistas grossas, fingindo que nada acontecia.
Que gente sórdida! Pena de você, minha amiga! Pelo visto não foi só eu que vivi a porra de uma vida. Não tenho certeza se a sua não foi pior.
Ok, nós daríamos para uma instituição de caridade. Então, que fosse para a vagabunda da mãe dela.
Fui rapidamente até o quarto, que já estava um pouco mais organizado e peguei duas sacolas com roupas e calçados, tentando não demorar, receosa que pudessem me roubar qualquer coisa de dentro do apartamento.
Entreguei a ela as sacolas e despedi-me:
- Boa noite.
Os dois saíram. Antes que eu fechasse a porta, ouvi Breno perguntar para Anya:
- O que vamos fazer com estas porras?
- Vender.
Fiquei escorada na porta, já fechada, sentindo meu coração saltar pela boca. Não tinha certeza se havia sido convincente, mas tive que improvisar. Entregar Maria Lua a eles jamais. Nem que eu tivesse que fugir com ela.
Ouvi batidas na porta novamente. Não tive dúvidas de que eram eles, pois tinha uma campainha ao lado da porta. E até hoje foram os únicos que usaram a mão para anunciar que estavam do lado de fora.
Me peguei pensando como entraram sem me chamar pelo interfone do lado de fora do prédio. Certamente aproveitaram a passagem de algum morador e subiram. Mas... Sabiam como número do meu apartamento, sendo que nunca vieram ver Salma. Quem lhes falou tudo que sabiam?
Abri a porta, sentindo o rosto queimar:
- Esqueceram algo?
- Onde está a moto que o pai deixou para ela?
- Está de brincadeira? – Perguntei aturdida.
- Por que estaria? Quer roubar a moto da minha filha, que por direito agora é minha, pois ela morreu? – Anya indagou.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Como odiar um CEO em 48 horas
Bom diaa cadê o capítulo 97...
Gostaria de saber o nome do escritor tbm, muito bom o livro, né acabei de rir e de chorar tbm.lindooooo!!!...
Gostaria de saber o nome do escritor(a), pois a leitura foi interessante, contagiante e bem diferente. Seria interessante procurar outras obras do autor....
Por que pula do 237 para o 241 ?...