Como odiar um CEO em 48 horas romance Capítulo 224

As lágrimas pareciam me acalmar de alguma forma, mesmo que passageira.

Sim, eu pensei em mentir para Heitor. Mas agora, ouvindo da boca de Daniel aquele plano para enganá-lo, foi como um choque de realidade. A mentira já tinha durado tempo demais. Era hora da verdade, independente do que acontecesse depois. Se ele não aceitasse Maria Lua, eu fugiria com ela.

- Eu não quero fazê-la chorar, Babi. Quero que seja feliz. No início eu queria você. Hoje já não me importo. Vou ficar ao seu lado, de um jeito ou de outro. E organizar minha vida, graças a esta bebê, que Salma planejou com tanto carinho e interesse e que no fim das contas, vai aliviar a vida de muita gente.

- Quanto tempo acha que isso vai durar? Acha mesmo que vai conseguir mentir para Heitor a vida toda?

- Você mentiu... Salma mentiu... Todo mundo mentiu para ele. E quando Casanova souber da verdade, eu já estarei morando em outro país, numa bela casa com quintal, piscina, um cachorro, meu carro próprio e um dinheirinho na conta.

- Seu sonho é pequeno. Pode realizá-lo trabalhando, como faz. Sempre o admirei por batalhar tanto em busca dos seus ideais.

- Sempre fui um homem que mais trabalhou do que viveu. Nunca tive férias, porque trabalhar em dois empregos não é nada fácil. Sem contar que num deles eu sou o próprio dono. Ou seja, se eu não dirigir, não recebo. Chega, Babi. Salma jogou a bola... Nos chutamos a gol.

- Daniel, vamos resolver isso de outra forma – propus – Sei que podemos dar um jeito. Não envolva a família de Salma nisso tudo.

Ele levantou novamente e veio até mim, limpando as lágrimas que caíam compulsivamente:

- Não vai ser para sempre, Babi, eu prometo. Vamos enganá-lo um tempo. Depois eu vou embora e você segue sua vida... Daí pode contar a verdade a ele e fazer o que quiser. – A voz dele ficou mansa.

- Não me toque. – Retirei a mão dele com força.

- Eu só segui o plano que Salma começou, Babi.

- Ela não queria que fosse assim.

- Ela queria que Heitor soubesse a verdade. Eu li isso, escrito por ela mesma. Salma se aproveitou da bebedeira dele. Trocou a camisinha, depois de ter furado de propósito – ele riu, passando as mãos nos cabelos, nervosamente – Que puta desgraçada e inteligente.

- Salma se arrependeu do que fez, Daniel. No fim, ela decidiu que o dinheiro não era o mais importante... Porque sabia que eu e Heitor estávamos apaixonados.

Fiquei confusa, lembrando que ela havia pedido, no leito de morte, que Heitor soubesse da verdade. Mas ao mesmo tempo, sempre achei que ela quisesse que ficássemos juntos, nós dois, criando Maria Lua, porque sabia que estávamos envolvidos afetivamente.

Deus, que destino louco, insano, traiçoeiro, nos envolver desta forma...

- Há algo que você realmente ame neste mundo, Daniel? – Perguntei, curiosa, limpando as lágrimas.

Eu sempre soube que chorar não resolvia os problemas. Só acalmava um pouco a dor que apertava o peito, quando o sofrimento era muito intenso.

Se lágrimas impedissem as pessoas de praticarem maldades, Jardel jamais teria feito o que fez por oito anos. Mas ok, ele era passado. E morto, enterrado. Eu mesma já havia me convencido de que ele só era uma sombra, borrada e ficando cada vez mais apagada. Se eu fechasse meus olhos e pensasse nele, não conseguia mais visualizar sua imagem de forma nítida.

Heitor Casanova me fez superar Jardel e oito anos amargos da minha vida. Ele me fez entender que amor não era o que eu julguei sentir. Sofri nas mãos de um viciado e agora estava fazendo tudo errado com o homem que eu amava. Quando Heitor soubesse toda a verdade, independente de como fosse, não me perdoaria.

Não havia desculpas por ter escondido dele a criança por quatro meses. Não haveria desculpas se ele achasse que era “nossa filha” e não só dele. Não havia desculpas por eu estar cedendo a chantagem de Daniel, deixando-o nutrir financeiramente um canalha. Não haveria desculpas, em hipótese alguma. Eu perderia o amor da minha vida... E junto dele, minha filha, a criança que jurei proteger, a quem dei o que tinha de mais sincero e profundo dentro de mim.

Ergui a cabeça e encarei Daniel. Se tinha uma coisa na qual era expert era esperar o tempo passar e curar as feridas. Não foi à toa que levei uma década para ter momentos de paz. E eles chegaram. Ou seja, chegariam de novo. Minha nuvem cinza não existia mais e eu não poderia trazê-la de volta. Maria era muito brilhante para deixar o tempo fechar à minha volta.

- Eu achei um dia que amava você, Babi. – Os olhos encararam os meus, seriamente.

- Que bom que não acha mais. Repetindo: nunca lhe dei esperanças. E não escolhi gostar de Heitor. Pelo contrário, se tivesse opção, não teria sido ele. Não tem noção de tudo que passei até compreender e admitir os meus sentimentos por este homem e entender que o que ele sentia por mim era real.

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