- Já o avisei no telefone de emergência, por mensagem. – O outro respondeu.
- Eu estou morrendo? – perguntei, sentindo um nó na garganta ao ouvir a conversa deles.
- Não. – Ele foi sério. – Mas ele fará todos os exames necessários e só será liberada quando ele achar que está tudo bem de verdade com a senhora.
- Eu não posso ficar aqui... Eu...
“Eu não tenho dinheiro para pagar, galera”. Mas como dizer-lhes isso?
A enfermeira trouxe a cadeira de rodas até mim.
- Sente-se, senhora, por favor. – Tentou me ajudar.
Retirei as mãos dela. Eu estava bem. Não precisava de ajuda. Era só uma cólica, daquelas que só passava com muitos analgésicos, bolsas de água quente e Ben e Salma. Onde estavam meus amigos? Eu imaginei que estava morrendo, ou não chamariam um Ginecologista de emergência. E se não morresse de doença, morreria quando recebesse a conta do hospital. Certamente desta vez eu perderia meu rim, que tirariam ali mesmo para quitar as despesas. Ou se eu quisesse me manter com dois rins, teria que recorrer à minha avó, que talvez tivesse que vender um de seus estimados bois para pagar a conta.
Não adiantava contestar. Ninguém me dava ouvidos. Daquele consultório fui parar num quarto maior que o do meu apartamento, com TV, frigobar, sacada... Nem sei mais se estava no hospital ou num hotel.
A cadeira foi colocada diretamente ao lado da cama, onde desci e fiquei parada, tentando entender o que fazer.
- Pode deitar, senhora. Em breve o médico virá atendê-la.
- A questão é que eu já passei pelo médico. Se eu não vou morrer, por que não me deixam ir embora?
- Ordens do senhor Casanova. Só sairá daqui depois de todos os exames realizados e diagnóstico de um profissional.
Revirei meus olhos e sentei na cama. Como explicar para aquele homem que eu não podia ficar ali? Eu não tinha tempo nem dinheiro para aquela brincadeira de ficar doente?
Ela saiu e fiquei ali, sentada com os pés para fora da cama, tentando imaginar uma maneira de fugir... Que não fosse pela janela, pois tinha um muro gigantesco do lado de fora.
A porta se abriu e Heitor Casanova entrou. Ele parou na minha frente e ficamos nos olhando, sem dizermos nada. Abaixei os olhos e segui balançando os pés, procurando as palavras certas.
Ele foi até o frigobar e pegou uma água gelada, bebendo no gargalo até não sobrar uma gota.
- Tudo bem? – perguntou.
- Já estava tudo bem... Antes.
- Não... Não estava bem.
Claro que não. Eu não tinha comido ainda.
- Que horas são? – perguntei.
- Quase cinco da tarde.
Senti meu estômago roncar.
- Eu preciso ir embora. – Fui direta.
- Precisa ou “quer” ir embora?
- As duas coisas.
- Só depois de fazer todos os exames.
- Eu já sei o que tenho.
- O que você tem?
- Fome.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Como odiar um CEO em 48 horas
Bom diaa cadê o capítulo 97...
Gostaria de saber o nome do escritor tbm, muito bom o livro, né acabei de rir e de chorar tbm.lindooooo!!!...
Gostaria de saber o nome do escritor(a), pois a leitura foi interessante, contagiante e bem diferente. Seria interessante procurar outras obras do autor....
Por que pula do 237 para o 241 ?...