“Magda Zapata”
Quando eu me dei conta de para onde o Tomás estava me levando já era tarde demais e quando ele parou a moto diante da casa da Abigail, eu não sabia o que fazer. Eu ainda estava com os braços na cintura dele e nem tinha me dado conta de que havia apertado com mais força. Ele tirou o capacete e riu.
- Eu sabia que você queria se aproveitar do meu corpinho, tia! – Ele brincou e eu me dei conta de que não o tinha soltado, então eu afrouxei as minhas mãos e ia retirá-las, mas ele as puxou de volta e as segurou sobre o seu peito. – Calma, Mag.
- Você não deveria ter me trazido aqui. – Eu murmurei.
- Sim, eu deveria. – Ele respondei com muita segurança. – Vocês duas são como família, Mag. E as duas foram manipuladas pelo Zapata. Não deveria se odiar.
- Você não sabe das coisas, Tomás, de todas as coisas. Ela me odeia. – Eu senti as lágrimas picarem os meus olhos.
- Porque você se fez odiar. Porque o Zapata alimentou isso e foi egoísta da parte dele. Está na hora de mudar as coisas, Mag. Você já está mudando tanto. Por que não muda isso também? A Abi é generosa. – Ele argumentou e eu realmente gostaria que as coisas fossem diferentes, mas talvez fosse tarde demais.
- Não, Tomás, ela vai me expulsar de novo. E ela estará certa. – Eu admiti. Eu já tinha falado tantas coisas para esse garoto, já tinha contado tanto sobre a minha vida, não tinha porque não admitir a verdade agora.
- Ela não vai te expulsar. Ela está esperando você. – Ele garantiu.
- O que você está dizendo? – Eu estava confusa.
- Eu conversei com a Abi e perguntei se eu poderia te trazer para o almoço de domingo. Ela concordou. Ela está disposta a levantar a bandeira da paz, Mag. E você? – Ele perguntou e uma diversidade de sentimentos me atingiu, mas principalmente me atingiu a incompreensão, pois eu não imaginava como a Abigail poderia estar disposta a esquecer todas as nossas brigas.
- Ela concordou que eu viesse? – Eu perguntei e ele fez que sim. – Eu gostaria de mudar isso. – Eu admiti.
- Que maravilha! – Ele acariciou as minhas mãos e então as soltou.
Eu desci da moto e antes que eu conseguisse tirar o meu capacete ele já havia descido e o tirava para mim. E depois penteou os meus cabelos com os dedos.
- Mais tarde nós vamos ouvir música, tia! – Ele falou em meu ouvido e colocou a mão na base da minha coluna, me conduzindo para dentro.
Eu estava nervosa, esfregando as mãos enquanto esperávamos a porta ser aberta. Claro que eu não esperava que ela me recebesse como se fôssemos as melhores amigas do mundo. Mas eu nem esperava que ela me recebesse, então essa possibilidade era assustadora para mim. E então a porta foi aberta e ela estava diante de mim.
- Cunhada! – O Tomás se adiantou e a envolveu em um abraço de urso.
- Tom! – Ela respondeu rindo, eu nunca tinha visto a Abigail rir assim, tão à vontade. Ela era sempre tão contida.
- Olá, Abigail. – Eu cumprimentei, sem saber o que fazer e ela me encarou.
- Magda, me falaram que você está diferente e só de te ver de jeans ao invés de um daqueles conjuntinhos formais eu já percebo algo diferente. – Ela parecia tão sem saber o que fazer quanto eu.
- É, eu me sinto diferente. – Eu dei um sorriso envergonhado e ela estendeu a mão para mim.
- Se a Abi é capaz de passar por cima de tudo, Magda, eu também sou. Mesmo eu nunca tendo entendido porque você não gostava de mim. – Ele abrandou a expressão e me estendeu a mão.
- Nós podemos conversar depois? Eu gostaria de esclarecer as coisas com você. – Eu apertei a sua mão e ele fez que sim.
Em seguida a Pilar me deu um abraço, da mesma forma que a irmã.
- Magda, eu sinto saudade dos dias que passamos aqui. – Ela confessou e eu ri.
- Sabe que eu também sinto saudade de ter tantos jovens ao meu redor. – Eu contei a ela que riu.
- Madame! Está gostando do apartamento? – O Maximiliam me abraçou.
- Adorando, Max! Eu nunca vou poder agradecê-lo o suficiente. – Eu confessei, ele e o Tomás haviam colocado uma perspectiva diferente na minha vida, especialmente o Tomás.
- Senhora! – O Ignácio, o mais contido dos três se aproximou e beijou a minha mão.
- Ah, garoto! Vem cá! – Eu o puxei para um abraço, ele sempre tão respeitoso, mesmo com as coisas que aprontavam, ele sempre colocou limite nos irmãos.
Eu passei o dia ali com aquelas pessoas, num lugar onde eu nunca imaginei que voltaria, com pessoas que eu nunca imaginei que me receberiam. E foi um dia tranquilo e agradável, um dia que me lembrou os domingos com meus pais. Havia conversa feliz, sorrisos, pessoas que queriam estar juntas e não estavam ali só porque era uma vitrine ou porque era conveniente. Era um domingo diferente, não era um dos domingos que eu odiava, era um domingo que eu adoraria viver de novo.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
Quero ler capítulos 320...