“Enrico Mendonça”
Ah, Letícia, sinto muito, mas eu tenho que pensar em mim. Eu não viveria escondido em um buraco, tampouco fugindo como um bandido. Além do mais, eu não perderia a oportunidade de ganhar um bom dinheiro. Eu saí daquele buraco com um plano em mente.
- Camila? – A voz de mulher atendeu a ligação.
- Não, Rainha, aqui é alguém que pode te dizer onde encontrar pelo menos uma das fujonas e te dar muitas respostas. – Eu falei.
- Você é o tal marido da Letícia, não é? – Ela perguntou e eu percebi que estava interessada.
- É isso aí! Enrico. Se for do seu interesse negociar as informações que eu tenho, nós podemos nos encontrar. – Eu sugeri.
- Me envia o endereço, eu estou a caminho. – Ela era rápida.
Eu enviei para a mulher o endereço de um restaurante pequeno e pouco movimentado. Um lugar onde poderíamos sentar e conversar com tranquilidade. Eu já sabia como ela era, eu esperaria chegar e depois a abordaria. Meia hora depois ela chegou com aquele capanga. Eu estava observando do outro lado da rua. E como não havia ninguém mais, eu fui encontrá-la.
- Como vai, Rainha? – Eu me sentei de frente para ela e o capanga, um homem até de boa aparência, alto, olhos claros. Mas com uma carranca que parecia insatisfeito de estar ali.
- Muito bem, garoto, o que você quer? – A Rainha foi direto ao ponto, eu percebi que tudo com ela era muito rápido.
- Money, minha Rainha. É o de sempre, não é? O que todos querem? – Eu sorri. – Eu sei onde a Letícia está e posso colocá-la na sua mão. E também sei por que elas fugiram, mas tudo tem um preço.
- Primeiro você fala e depois, se valer mesmo, eu pago. – Ela falou.
- Não, não é assim que funciona. Primeiro a grana. – Eu insisti e ela riu.
- Garoto estúpido! Não é assim mesmo que funciona. Eu posso arrancar as informações de você como se arranca um dente. Mas eu vou ser boazinha com você, você me fala tudo o que sabe e eu te pago, mas eu não vou pagar sem ter certeza de que o que você me fala é verdade.
- Hum! É justo. Então vamos fazer assim, você me paga metade agora e metade depois. – Eu sugeri.
- E quanto você quer? – Ela me encarou.
- Um milhão. – Com esse dinheiro eu poderia começar a minha própria fortuna investindo no mercado financeiro como o Zapata fazia. Mas ela riu.
- Aquela lá não vale isso tudo. Te dou metade, é pegar ou largar. – Ela ofereceu e era melhor do que nada. A Letícia não deveria valer muito mesmo.
- Feito. Metade agora. – Eu pedi.
- Não tenho esse dinheiro agora, tenho vinte mil, você aceita e eu levanto o restante para amanhã. Mas eu quero a informação agora. – Ela colocou um envelope sobre a mesa e eu pensei por um momento.
- Tudo bem. Amanhã a gente se encontra aqui e você me dá o resto. – Eu concordei, ela era bandida, não ia querer me dar o calote e correr o risco de eu ir a polícia. Eu peguei o dinheiro e coloquei no bolso da calça.
- Comece a falar. – Ela exigiu.
Nós saímos do restaurante e eu entrei no carro deles. Fomos direto para a casa da Letícia. Ela já devia estar desesperada dentro do abrigo, vendo pelas câmeras eu chegar com aqueles dois, mas ela não tinha como fugir. Era fim da linha pra ela.
Eu os levei até a entrada do abrigo e abri a porta, já imaginei que ela ia começar a gritar. Então o capanga da rainha me empurrou para ir na frente e eu fui. Mas a Letícia não estava ali.
- Onde essa vadia se meteu? – Eu me virei de um lado para o outro e encontrei um bilhete na tela do computador, que estava desligado, do mesmo jeito que todas as câmeras que ela ficava olhando.
- O que está escrito aí? – A Rainha perguntou.
- “Quem enganou quem?” – Eu li o bilhete e eu me senti um tolo completo.
- Parece que a Letícia não é tão burra assim. – A Rainha comentou.
- Você quer o seu dinheiro de volta? – Eu perguntei sentindo que a oportunidade me escapou pelas mãos.
- Luiz, resolve isso. – A Rainha deu as costas e saiu dali, me deixando sozinho com o capanga. Eu tirei o envelope do bolso e entreguei a ele.
- Ah, meu amigo, não é tão simples assim. Você não tem idéia de onde se meteu. – Ele deu um passo em minha direção como um animal prestes a atacar.
- Calma, calma, por favor! Eu posso ser útil, eu posso trabalhar para vocês. – Eu ofereci, não queria levar uma surra e ir parar no hospital todo quebrado, mas ele riu, uma risada fantasmagórica. Tudo o que eu vi foi o golpe caindo sobre mim e mais nada.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
Quero ler capítulos 320...