Contrato para o caos: amor à primeira briga romance Capítulo 283

“Abigail Zapata Monterrey”

O Antônio tinha convocado outra reunião muito cedo e eu mentiria se dissesse que não estava preocupada. Dessa vez não teríamos as torradas da Magda, pois não podíamos ir até a casa dela, mas o Martim e eu passamos em uma padaria e compramos umas coisinhas para oferecer um café da manhã para os convidados para a reunião e a Pilar me ajudou a organizar tudo e a preparar o café.

A Magda e o Tomás já estavam na tela quando Natália e o Mário chegaram, pouco antes do Maximiliam e do Ignácio, que chegaram acompanhados do Sr. Nikos, esse já trazia a preocupação no rosto e eu não sabia se o que preocupou mais foi a cara dele ou o fato do Antônio tê-lo chamado também. Mas eu nem tive tempo de pensar muito sobre isso, pois logo em seguida o Antônio entrou na sala de reuniões, parecia cansado e abatido. Tinha alguma coisa muito errada. Depois que todos se cumprimentaram o Antônio começou a falar.

- Magda, eu não sabia que o Ulisses tinha estado com o Zapata no dia em que ele morreu. – O Antônio respirou fundo.

- Antônio, aquele dia foi tão horrível e tão confuso, que eu simplesmente não me lembrei disso. Mas porque é tão importante assim o fato de Ulisses ter visitado o Zapata? – A Magda perguntou e eu também estava achando aquilo muito estranho.

- Vocês se lembram que o Jorge falou sobre um figurão que o Ulisses matou e fez... – O Antônio começou a falar devagar, devagar demais, mas eu me lembrei do que o Jorge havia dito e senti o desespero subir pela minha garganta e fiquei de pé num impulso, jogando a cadeira no chão.

- O meu pai? O Ulisses matou o meu pai? – As lágrimas picaram nos meus olhos e eu senti como se a sala girasse.

- Filha, calma, você não pode se exaltar assim. – O Antônio pediu e eu senti os braços do Martim me segurarem contra o seu peito.

- Calma, coelhinha! É horrível, eu sei, mas pensa no nosso bebê. – O Martim falou no meu ouvido, com a mão sobre o meu ventre e o seu calor tomou conta do meu corpo, desmanchando aquele estado de choque que me congelou.

Eu me virei para o peito do meu marido e me agarrei a ele, afundando o meu rosto banhado em lágrimas ali. Foi doloroso relembrar aquele dia, o dia em que meu pai morreu. Eu havia tomado o café da manhã com ele, combinamos que jogaríamos uma partida de xadrez à noite, coisa que já não fazíamos com muita frequência, mas eu estava atrasada e me levantei depressa da mesa, levando comigo o sanduíche de pão com queijo que ainda estava comendo, mas antes que eu saísse ele me chamou de volta, só para dar um beijo em seu rosto. Eu dei três beijos nele, um em cada face e um na testa, depois saí correndo. No fim da manhã o Antônio entrou no meu escritório, onde eu trabalhava antes, e me deu a notícia de que meu pai estava morto.

Naquele dia eu me senti sozinha no mundo, não era solidão, era algo muito maior que isso, era uma sensação de não pertencimento, de desconexão, eu conheci o vazio existencial e aquele era um lugar para o qual eu não queria voltar. Eu não tinha mais nenhum parente vivo, eu tinha apenas o Antônio, a Celina e o Emiliano, mas eles eram meus amigos, o Antônio e a Celina eram meus padrinhos, mas não tinham aquele vínculo de sangue. Além do mais, eles tinham os lugares aos quais pertenciam, o que eu já não tinha mais.

Foi só depois que eu cheguei à construtora e conheci a família do Martim que eu entendi que a família se forma de maneiras diferentes e não apenas por aquele vínculo de sangue, porque eles me acolheram e tinham tanto amor que era impossível não me sentir parte deles. Os Monterrey me deram um lugar ao qual pertencer, mesmo antes do Martim e eu nos entendermos, quando ainda nos engalfinhávamos. Eu sempre seria grata por isso.

Mas agora, eu estava naquele dia outra vez, naquele lugar de dor, e me destruía pensar que alguém, por maldade, tirou de mim tudo o que eu tinha, tudo o que realmente importava, e me deixou naquele lugar vazio.

Capítulo 283: Reunião de emergência 1

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