“Abigail Zapata Monterrey”
O Martim estava irritado, mas eu entendia porque, afinal a Natália estava muito mal e a culpa era do Mário. E eu sabia que ele faria o Mário se explicar e sabia que se o Mário tivesse aprontado, ninguém poderia segurar o Martim.
- Martim, o Mário estava tratando de negócios, me desculpe, mas eu não posso dizer mais do que isso. Sigilo profissional. E eu também estou com pouco tempo, eu vim mesmo apenas por causa da carta do Enrico. – O Antônio se justificou.
- Tudo bem, Tony, me desculpe, eu entendo seu sigilo, mas esse paspalho aqui vai entrar em minha sala e me explicar direitinho o que ele fez com a minha irmã. – O Martim se virou para o Mário, que abaixou a cabeça e concordou.
- Vem, Tony, deixa esses três resolverem isso. – Eu chamei o Antônio para a minha sala.
- Parece que o Mário criou uma grande confusão. – O Antônio comentou.
- É, a Nat está magoada. – Eu lamentei.
- Ele vai se explicar e eles vão se resolver. Fique tranquila. – O Antônio me acalmou. – Agora, Abi, me explica de novo o que aconteceu com o máximo de detalhes.
Eu contei ao Antônio mais uma vez tudo o que tinha acontecido durante a breve visita do Luiz e o que ele tinha me falado.
- Engraçado, ele nem sabe que está ao lado do próprio filho. – O Antônio comentou.
- Olha, Tony, eu tive vontade de contar, só não contei por causa da Magda, mas parece que ele e o Enrico estão se dando bem. – Eu contei.
- É, vai entender, aquele que sempre foi um bandido se preocupa mais sem saber que é o próprio filho, enquanto quem se diz um homem de bem está salvando a si mesmo e deixando a filha pra trás. – O Antônio balançou a cabeça.
- Você está falando do Jorge, não é? – Eu perguntei e ele fez que sim. – Eu até entendo um pouco, a tal Alice é uma pessoa muito mal intencionada, para dizer o mínimo, e pelo jeito que o Luiz falou, nem ele gosta dela.
- É, pelo que o detetive descobriu é isso mesmo. E pelo que a tal da Mônica revelou. – O Antônio suspirou. – E falando em Mônica, algum de vocês tornou a ver o Maurice?
- Não, nem sinal. Eu não vejo a hora disso acabar também. – Eu estava cansada de ficar limitada e cheia de seguranças atrás de mim o tempo todo.
- Vai acabar, querida! Mas agora eu preciso ir. – O Antônio se levantou e eu entreguei a ele a carta. Ele pegou e deu uma olhada. – Abi, ele mandou o cartão junto com a carta?
- Que cartão, Tony? – Eu perguntei e o Antônio ergueu o cartão para mim.
- Ah, não, as coisas se misturaram em minha mesa. Esse cartão eu recebi hoje, com uma caixa de doces e essa mensagem aqui. – Eu peguei o outro papel sobre a minha mesa e mostrei ao Antônio.
- Mas, Mário, eu sempre achei que ela estava morta. – Eu comentei ainda digerindo toda aquela novidade.
- Eu gostaria que estivesse! Por mais cruel que pareça, eu realmente preferia que ela estivesse morta. Ela é um demônio, tudo o que ela toca apodrece, eu simplesmente não quero que ela se aproxime da Natália. – O Mário desabafou.
- Mas você não poderia ter escondido isso da Nat. Além do mais, Mário, se o que está rolando entre vocês é sério, essa mulher vai acabar descobrindo a existência da Nat, você é um empresário importante, vive aparecendo na imprensa, a Nat ser fotografada com você é questão de tempo. – Eu o lembrei e ele respirou fundo.
- Eu sei, Abi, mas eu dei um jeito para essa mulher sair da minha vida de vez agora. – O Mário estava péssimo.
- É, mas agora você precisa se explicar para a Nat e ela está magoada, não sei se vai te perdoar tão fácil. – Eu falei mais uma vez.
- Eu sou capaz de qualquer coisa para ela me perdoar, Abi. Qualquer coisa! – O Mário estava com a voz embargada.
- Ursinho... – Eu olhei para o Martim que parecia sem saber o que fazer.
- Ele é um idiota, coelhinha! – O Martim falou por fim e eu o encarei, como se o lembra-se que o importante era o que a Natália decidiria. Ele respirou fundo e se deu por vencido. – Está bem, Mário, você vem com a gente pra casa, se ela quiser falar com você, você fala com ela. Se ela não quiser, você a deixa em paz. Entendeu?
- Entendi! Mas deixá-la em paz vai ser impossível. Eu respeito a sua casa, Martim, mas nem que leve a vida inteira, eu vou insistir com a Natália até que ela me perdoe. – O Mário olhava para o Martim com uma deteminação no olhar e eu sabia o que aquilo significava. Ele amava a Natália e estava disposto a qualquer coisa por ela.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
Quero ler capítulos 320...