“Natália Monterrey”
Eu saí da casa do meu irmão ainda confusa, mas eu fui com o Mário, porque eu confiava no meu irmão e ele tinha razão, ele não permitiria que eu fosse com o Mário se ele não acreditasse que o Mário teve bons motivos para fazer o que fez e que ele merecia uma segunda chance. Eu sabia onde estávamos indo e quanto tempo levaria para chegar.
Mais uma vez eu estava dentro de um avião enrolada em uma manta e ansiosa, mas agora a ansiedade era diferente. Durante todo o percurso até a casa eu fiquei em silêncio, pensando sobre o que eu deveria fazer, pensando no porque ele me escondeu da mão dele. Quando nós chegamos na casa, ele me levou para o escritório, a lareira já estava acesa, ele me puxou para me sentar ao seu lado.
- Por favor, não aguento mais o seu silêncio, a sua distância. – Ele me olhou como se suplicasse a minha atenção.
- Mário, você me deixou no escuro por dois dias. Se coloca no meu lugar. Como você se sentiria? Eu estou confusa, você me disse que sumiu por dois dias porque foi encontrar a sua mãe. Eu sinto como se você estivesse me escondendo. Isso dói! – Eu falei com sinceridade, expus o meu sentimento para ele.
- Ela não é a minha mãe, Nat, eu não sinto nada por ela, ou melhor sinto, sinto desprezo e não a quero perto de mim, tampouco perto de você. – Ele começou a falar e eu prestei atenção em cada palavra, em cada gesto e expressão em seu rosto.
- Então me explica, porque até agora eu não entendi! – Eu pedi e ele respirou fundo.
- Nem todos têm a sorte de nascer em uma família amorosa e unida como a sua. E eu adoro mesmo estar com a sua família. Mas a mulher que me gerou, ela não é digna de estar entre vocês. – Ele pareceu ficar com os olhos tristes.
- Por que, Mário? – Eu perguntei ansiosa.
- Ela é uma mulher fria e narcisista. Se casou com o meu pai, que era bem mais velho, engravidou de mim como uma forma de garantir o futuro, já que meu pai era rico. Ela nunca cuidou de mim, nunca fez nada por mim, nunca me deu afeto, eu fui criado por uma babá maravilhosa que eu considerava minha mãe. – Ele fez uma pausa e serviu duas taças do vinho que já estava ali.
- Quando você mandou preparar a casa? – Eu perguntei, me dando conta que ele tinha mandado arrumar tudo ali para a nossa chegada.
- Quando saí da construtora com o Martim e a Abigail. – Ele me entregou a taça.
- Você é tão confiante assim? Tinha certeza que eu viria. – Eu comentei.
- Muitas vezes. Ela tem três filhos com esse marido e tenta me empurrar esses filhos como meus irmãos. Mas eles não são, eu não sinto que sejam. Nós não temos nada em comum, são todos como ela, aproveitadores interesseiros. – Ele se exaltou e eu percebi que era um tema difícil para ele.
- Eu entendo o que você quer dizer. Minha família é unida e cheia de afeto, mas eu não romantizo os laços de sangue, nem toda família de sangue é como a minha. – Eu segurei a mão dele e ele apertou a minha.
- Mas essa foi a última vez. Eu dei a ela um hotel que eu tinha na Rússia, era único lá, eu odeio aquele lugar, eu não vou naquele país e foi até bom me livrar daquele hotel. Dei o dinheiro que ela queria e a fiz assinar documentos se comprometendo a não citar nenhum vínculo comigo nunca mais e eu tirei o nome dela do meu registro de nascimento. Eu agora sou filho de mãe desconhecida. – Ele sorriu e parecia aliviado, não triste como eu pensei. – Ela é má, Natália, o que eu já a vi fazer com as pessoas... eu não a quero perto de você, eu não quero que ela te machuque.
- E você não me contou isso antes por que? Você não confiou em mim? – Isso era importante pra mim.
- Porque eu simplesmente não penso nela e me esqueci. Quando eu fui encontrá-la eu estava apavorado, eu só conseguia pensar que tinha que impedir que ela chegasse até você. Eu confio em você, Natália, como eu não confiaria? Eu te entreguei o meu coração! Mas eu não vou permitir que ela se aproxime de você e te faça mal. Eu não quero você perto dela. Por isso eu saí correndo. Porque eu não queria que ela chegasse até você e porque eu sabia que você ia querer me acompanhar e me apoiar. Ou eu estou errado?
Ele tinha razão, eu ia. E eu já o havia perdoado, eu consegui entender a aflição dele e eu sabia que ele estava sendo sincero comigo. Eu queria ser feliz e me agarrar ao fato dele não ter me contado sobre a mãe narcisista antes não fazia sentido, ele estava contando agora.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
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