“Enrico Mendonça”
Eu estava ansioso, meu camaradinha me disse que hoje era o dia, finalmente o Ulisses ia pagar o que devia a todos nós. E a dívida não era barata. Pelo que o Thierry me disse, o Luiz já tinha convencido toda a guarda do Ulisses e até a garota que tinha virado o brinquedinho dele ia nos ajudar e com a Rainha fora da operação ficaria tudo mais fácil.
- Garoto? – O Luiz entrou no meu quarto, ainda era bem cedo. – Fica atento, vai ser agora, ele sussurrou. Você já usou uma arma?
- Só em clube de tiro. – Eu respondi e ele me entregou uma pistola.
- Então é agora! – Ele respondeu e fez sinal para eu segui-lo.
Nós andamos até o final do corredor e os seguranças que estavam de guarda na porta fizeram um sinal com a cabeça, eles estavam nos esperando. O Luiz abriu a porta devagar e a mulher que estava de pé saiu do caminho, então o Luiz engatilhou a arma na cabeça do Ulisses.
- Hora de acordar, Senhor! – O Luiz falou, deixando o ódio fluir em suas palavras. O Ulisses acordou assustado e se encolheu no canto da cama.
- Que merda é essa, Luiz? – O Ulisses perguntou, ainda grogue de sono. – Perdeu o juízo? Eu acabo com você seu imbecil. – O Ulisses tentou se levantar, mas o Luiz o fez ficar quietinho na cama.
- Na verdade, Senhor, eu me dei conta de que eu estava sem juízo antes, seguindo as suas ordens como um cego. Agora não, agora eu recuperei o juízo e sabe o que eu percebi, que você só mantém todo mundo debaixo do seu pé sob ameaças e medo, ninguém aqui é fiel a você. E sabe o que é que vai acontecer? Seu reinado acaba aqui! – O Luiz mantinha a arma engatilhada na testa do Ulisses.
- E você vai fazer o quê? Me matar? E depois? Viver fugindo da polícia? Você não vai dar dez passos para fora daqui. – O Ulisses ameaçou.
- Ah, não, eu não vou te matar. Sabe o que você fez com a Rainha? Eu vou fazer igual com você, quer dizer, vai ser pior, porque você vai conhecer a humilhação, a mesma que nos fez passar. Quer fazer as honras, Enrico? – O Luiz me chamou e eu peguei o par de algemas das mãos de um dos seguranças e algemei o Ulisses.
- Quer dizer que vocês se juntaram. Você já sabe quem é ele, Luiz? Bem que dizem que o sangue fala alto. – O Ulisses comentou e o Luiz me olhou ficando sem cor.
- Não, você não fez isso. – O Luiz olhou para o Ulisses com um ódio ainda maior e eu não estava entendendo o que estava acontecendo ali. – Você é um doente! – O Luiz bateu no rosto do Ulisses com a arma que segurava e o Ulisses riu.
- É, pois é! E eu me diverti tanto, tanto! Todos esses anos eu vi o moleque crescer, enquanto mantinha você bem debaixo do meu pé. E foi por muito pouco que eu não fodi a mãe dele! – O Ulisses riu e eu estava muito confuso com o que ele estava dizendo.
- Eu vou acabar com você, seu cretino! – O Luiz engatilhou a arma e eu coloquei a minha mão sobre a dele.
- Não, Luiz, a morte é muito fácil pra ele. – Eu o lembrei do que ele mesmo havia me dito.
- Você não entendeu ainda, garoto. – O Luiz estava com lágrimas nos olhos.
- Vamos levá-lo lá pra baixo, Ulisses. – O Thierry se aproximou. – Vamos fazer do jeito que combinamos. Depois você explica e a gente decide.
- Tá certo, vamos levá-lo! – O Luiz ainda estava me encarando, mas fez sinal para os outros homens pegarem o Ulisses. – Malu, se veste e vem para o salão.
Nós saímos atrás dos homens e eu estava com a mente presa no que o Ulisses havia falado. O que ele quis dizer? Eu começava a ter medo de descobrir. Quando chegamos ao quartinho do subsolo, úmido e frio o Luiz deixou que os seguranças se divertissem com o Ulisses, todos queriam a sua parte, todos tinham sua própria dívida para cobrar. Mas todos sabiam que era sofrimento lento e continuado, então pararam com a surra antes que ele desmaiasse.
- Sua vez, garoto, o que você quer fazer com ele? – O Luiz se virou pra mim e eu encarei o Ulisses.
- Quer saber, eu já fiz, coloquei todos vocês unidos contra ele. Vocês se encarregam do resto. Eu não vou perder meu tempo com esse monstro. Está em suas mãos, Luiz. – Eu entreguei a arma para o Luiz e ele fez um sinal com a cabeça.
- Podem trancar o animal. – Ele falou para os outros. – Todo mundo no salão, vamos fazer os acertos. Mas antes, garoto, você e o Thierry vêm comigo.
Nós fomos para o escritório do Ulisses, havia muito dinheiro sobre a mesa e ainda mais dentro do cofre. Parecia já estar sendo dividido. Mas o Luiz pegou dois envelopes e entregou um pra mim e um para o Thierry.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
Quero ler capítulos 320...