“Sofia Almeida”
Eu saí do apartamento do Maximilian essa manhã e fui visitar o Sr. Nikos e a D. Helena. Eu fazia isso todo sábado, eu almoçava com eles e depois ia dar uma volta. Mas quando o Sr. Nikos recebeu aquela ligação, com o convite para um almoço na casa do irmão do cafajeste, eu tentei me esquivar, sem sucesso, óbvio, porque aquele grego não sabia o significado de “não, obrigada”. Geralmente, eu achava adorável a forma como ele se empenhava para receber um “sim”, mas naquele momento eu queria que ele não fosse tão persistente.
No entanto, não teve jeito, eu não me livraria do almoço em família. E logo que chegamos é claro que o Maximilian grudou em mim, eu não dei um passo mais sem que ele estivesse me tocando ou me dando beijinhos como o mais apaixonado dos homens. Claro que ele estava se vingando por ter sido deixado amarrado e nu naquela cama.
- Sai pra lá, cachorrinho carente! – Eu sussurrei pra ele e ele sorriu.
- Não posso! Depois do que você fez essa manhã. Não dá, gracinha, não vivo mais sem você! – Ele sussurrou de volta pra mim e beijou a minha orelha.
Eu deu uma cotovelada nele, disfarçadamente, mas ele disfarçou e apertou ainda mais a minha cintura.
- Assim eu apaixono, gracinha! – Ele sussurrou com a voz divertida.
- Eu vou acabar com você, cafa. – Eu falei com os dentes cerrados.
Mas não bastava eu estar ali sob tanta pressão, não bastava o cachorrinho estar com as patas e o focinho sobre mim, a coisa ficou pior. Quando a porta se abriu e aquela mulher entrou, eu senti a sala rodar e o chão desaparecer dos meus pés. Eu não podia acreditar que eu estava naquela situação.
Aquela mulher... a mulher do dia em que ele marcou comigo e encontrou outra, a mulher que eu vi com ele. O que aquilo significava? O que aquele cafajeste estava aprontando comigo? Se ele pensava que me faria de idiota ele estava enganado. Eu vi a mulher correr para abraçar o rapaz loiro e eu não estava entendendo mais nada. A única coisa que eu entendi foi que o rapaz era filho dela, o que me surpreendeu, porque ela era jovem. E bonita, para o meu completo desgosto.
Eu estava perdida num turbilhão de pensamentos e mal me dei conta de que estava sendo levada para a cozinha, junto com os outros. Então eu puxei o Maximilian de lado, bem no cantinho, enquanto todos estavam distraídos.
- Cafa, quem é aquela mulher? – Eu perguntei enquanto ele estava com o nariz enterrado no meu pescoço. Ai, mas ele não soltava!
- Que mulher? – Ele ainda teve a cara de pau de perguntar.
- Que mulher? – Eu quase elevei a voz, mas me controlei. – A loira lá na sala.
- Ah, a Magda, Mag, namorada do meu irmão Tomás. – Ele respondeu naturalmente e eu arregalei os olhos.
- Você... você... você é pior do que eu pensei! Traiu o próprio irmão! Ficou com a namorada dele. – Eu olhei para ele horrorizada.
- Como é que é? – Ele finalmente parou de me dar beijos e me encarou. – Está maluca, gracinha? Eu não mexo nas gavetas dos meus irmãos e dos meus amigos! Aliás, de ninguém!
- Gaveta? Que gaveta? – Eu olhei pra ele começando a achar aquela conversa sem pé nem cabeça.
- Gracinha, eu respeito as coisas dos outros e as mulheres dos outros. Nunca fiquei com nenhuma mulher comprometida! Tem muita mulher solteira no mundo. E você acha mesmo que eu faria uma canalhice dessa? Trair o meu próprio irmão? Eu morreria por um dos meus irmãos! – Ele me olhou parecendo ofendido.
- Algum problema aqui? – O Ignácio se aproximou com a Cassandra.
- Essa doida acha que eu fiquei com a Mag! – Ele sussurrou para o irmão indignado, mas mantinha a mão aferrada em minha cintura. O Ignácio deu uma boa risada.
- Meu irmão tem muitos defeitos, Sofia, mas ele não se mete com mulheres comprometidas, muito menos se forem comprometidas com os irmãos. – O Ignácio defendeu o irmão, claro era irmão, e gêmeo ainda, mas eu sabia o que tinha visto.
- Sof, melhor disfarçar, o papai está olhando pra cá. – A Cassandra me alertou e eu respirei fundo e sorri.
- Você está de sacanagem, não está, gracinha? Por que razão você pensaria que eu fiquei com a Mag? – Ele me encarou, mas eu estava olhando para a Cassandra.
- A Mag? – A Cassandra me perguntou, entendento o que estava acontecendo finalmente. Eu fiz um aceno com a cabeça e a Cassandra riu. – Impossível! Eu conheci a Mag, ela não! Ela é completamente apaixonada pelo Tomás.
- Do que vocês duas estão falando? – O Maximilian perguntou meio confuso, mas eu não queria falar com ele.
- Eu sei o que eu vi, Cas! – Eu respondi para a minha amiga.
- Tem certeza, Sof? O que exatamente você viu? – A Cassandra me perguntou e foi como se o cafajeste finalmente entendesse.
- Espera! Você foi ao nosso encontro! Você foi! Porque naquele dia, eu estava te esperando e a Mag apareceu no mesmo restaurante, o Tom precisou pegar qualquer coisa no carro e voltou e ela entrou e me encontrou, parou para me cumprimentar. Você viu! Viu e está pensando esse tempo todo que... rá! Eu nem sei o que você está pensando que viu. – O Maximilian estava me olhando sério.
- É, cafa, é isso mesmo! Eu fui ao nosso encontro e quando cheguei te vi abraçado com aquela mulher, na maior intimidade. Era óbvio que você encontrou alguma peguete e me substituiu depressinha só porque eu estava atrasada. Não pode ver um rabo de saia! – Eu estava irritada, sem saber no que acreditar.
- Cala a boca nada! Não perco essa oportunidade. – O Tomás estava achando tudo muito engraçado. – Olha, gracinha, vou te dizer uma coisa, minha namorada e eu tivemos que jantar com ele aquele dia porque ele estava arrasado. Nós nos encontramos por acaso no restaurante, pedimos uma mesa, mas quando vimos a tristeza dele esperando por você e você não apareceu, nós tivemos que convidá-lo para a nossa mesa. – O Tomás estava rindo e o meu mundo desmoronando.
Eu olhei para o Maximilian que estava com um sorriso confiante de volta ao rosto, me encarando. Enquanto isso, eu estava tentando bolar um plano de fuga, porque eu não sabia onde enfiar a cara de tanta vergonha.
- Pessoal, venham, vamos nos sentar. – O Martim chamou, a Magda estava entrando na cozinha com o filho e o outro rapaz.
- Maximilian, me solta. – Eu balbuciei, sairia dali de fininho.
- Ah, mas não solto mesmo! Você vai ficar bem boazinha do meu lado, nós vamos aproveitar o momento em família e depois eu vou te levar para a minha casa e nós vamos ter uma conversa bem séria, Sofia.
Ele me encarou e pela primeira vez a voz dele não tinha a leveza despreocupada que eu conhecia, estava solene, grave e muito séria. Também foi a primeira vez que ele me chamou pelo meu nome tão formalmente. E ele já não estava sorrindo.
- Maximilian... – Eu tentei, mas ele estava irredutível e, na verdade, eu tinha que admitir que ele tinha motivos. Ele me puxou, como se estivesse contando um segredinho romântico no meu ouvido.
- Sorria! – Ele me alertou. – Seja adulta, Sofia! Encare os fatos, encare o seu engano. Nós fizemos uma bela bagunça, agora nós vamos em frente. E nós vamos conversar e você vai se desculpar, porque você me julgou mal, um pedido de desculpa é o mínimo que eu mereço. Se você não é capaz de fazer isso, você tem muito o que aprender da vida!
Eu não podia estar me sentindo pior, porque ele tinha razão eu fiz uma confusão por nada e ele merecia que eu me desculpasse, mesmo que eu tivesse que engolir o meu orgulho.
N.A.:
Queridos... como estão? Felizes que deixei dois capítulos enormes?
Olha queridos, desde que minhas dores voltaram eu tenho tentado manter o ritmo com vocês, em alguns dias eu escrevi os capítulos de pé, por vezes chorando de dor, mas eu mantenho o meu compromisso com vocês, até porque vocês têm sido muito queridos comigo e me dado força, uma força que enche o meu coração de amor e vontade de estar aqui com vocês. Porém, a fisioterapia começa difícil para só depois melhorar, eu fui na segunda, na quarta e irei na sexta. Por tudo isso, o ritmo precisou diminuir, mas eu estou me dedicando ao tratamento que os médicos me passaram para poder voltar ao nosso delicioso ritmos de três capítulos. Não me abandonem!
Sobre o capítulo de ontem, me emocionei com os comentários! E confesso que aquele capítulo teve uma carga emocional enorme pra mim. Vocês sabem, minha mãe já está nos braços do Pai, é uma ausência que dói sempre mais, não passa, nós aprendemos a conviver com a dor, com a saudade, porque a vida tem que seguir, mas a dor está sempre aqui. E eu chego a sonhar com o abraço da minha mãe. Porém, eu sinto que o mínimo que posso fazer para honrar a memória da minha mãe é ser feliz, porque é tudo que uma mãe quer, não é?! Que seus filhos sejam felizes. Mas sentir, chorar, doer, isso faz parte e nós temos todo o direito de sentir essa saudade, porque a gente não deixou de amar, nós só não podemos mais tocá-las, mas elas ainda estão em nós, porque nós somos a metade delas. Que Deus conforte cada coração de filho e cada coração de mãe!
Obrigada, queridos, pela honra de estarem comigo!
Beijos no coração, meus lindos!

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
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