“Abigail Zapata Monterrey”
Nós nos sentamos para ouvir o que o Enrico tinha a dizer e enquanto ele e o Thierry contavam o que tinha acontecido e os horrores que passavam dentro do antro de criminalidade e prostituição forçada do Ulisses, eu observava a Magda ouvindo tudo de olhos fechados e com uma expressão de dor. O Tomás passou a mão pelo ombro dela e a puxou para o seu peito, a acolhendo com ternura e nas partes mais difíceis dando um beijo em sua cabeça, como se a lembrasse de que ela não estava sozinha e que agora estava tudo bem.
- Minha nossa! É muito pior do que eu imaginava. – O Antônio comentou ao final. – Eu já sabia do acordo do Luiz com o promotor. Assim que ele entregou o seu bilhete para a Abigail eu disse para o delegado mandar um policial disfarçado falar com ele e propor um acordo, se ele estava disposto a te ajudar e pelo que ele falou com a Abigail, era muito provável que ele cooperasse para entregar o Ulisses. A justiça precisava de alguém que entregasse tudo, cada mínimo detalhe do esquema e o Jorge não sabia de tudo.
- O marido da Rainha? Ele não está morto? – O Thierry perguntou e o Antônio contou sobre como o Jorge escapou. – É, ele foi mais esperto que todos eles.
- Foi sim. Mas agora eu preciso saber o que faço com vocês dois. Pelo que vocês estão dizendo, a polícia vai conseguir provas suficientes para deixar o Ulisses e a Vera presos pelo resto da vida, bem como os colaboradores deles. Mas e vocês dois, querem testemunhar, querem denunciar os crimes que sofreram, o que vocês querem? – O Antônio perguntou e eu achei meio descabido.
- É claro que eles vão denunciar, Antônio! – Eu me adiantei achando muito estranha a pergunta do meu amigo.
- Na verdade não, Abigail. – O Enrico me encarou. – O Thi e eu só queremos viver a nossa vida e esquecer tudo isso, ou pelo menos deixar para trás.
- Como assim, deixar um crime impune? – Eu perguntei sem entender.
- Mas não vai ficar impune. – O Enrico deu um meio sorriso. – Como o Antônio disse, eles terão provas de crimes praticados por aqueles dois que vai mantê-los na prisão pelo resto da vida. Ser julgado ou não pelo que fez conosco não fará diferença, porque ele já estará lá. Se não fosse assim eu denunciaria, mas não fará diferença no resultado que já é muito satisfatório pra mim. Então eu prefiro pular a parte em que eu tenho que ir à delegacia e à justiça ficar relembrando todo aquele horror. Eu só quero começar de novo.
Quando o Enrico falou, fez sentido pra mim, ele tinha escolha e estava escolhendo o que era melhor para ele naquele momento.
- Foi por isso que eu perguntei, querida. Eles participando dessas denúncias ou não o resultado será o mesmo, o Ulisses e a Vera ficarão presos a vida inteira. – O Antônio me deu um sorriso e eu entendi a escolha feita ali.
- Entendi! E o que vocês pretendem fazer? Como vocês vão recomeçar? – Eu queria saber o que eu poderia fazer.
- Nós não sabemos direito ainda, Abigail. Nós temos um dinheiro, que o Luiz nos deu, ele disse que era uma compensação e que estava limpo, Tony, mas eu não sei exatamente... – O Enrico começou a explicar, mas o Antônio o interrompeu.
- Fica tranquilo, garoto, o Ulisses tinha negócios lícitos também, provavelmente o Luiz tirou dinheiro daí. Mas, se tiverem que falar sobre isso com alguém, apenas digam que ganharam na loteria. – O Antônio aconselhou. – Vocês precisam de alguma ajuda para investir ou encontrar um negócio?
- Seria ótimo, Antônio, mas quanto você cobraria? – O Enrico estava mesmo mudado.
- Não vou cobrar nada, garoto, considere como uma ajuda para a sua nova vida. Gosto do novo Enrico! – O Antônio sorriu.
- E se precisarem de um lugar pra morar, deixa comigo. – O Maximilian se adiantou.
- Ah, mas eles vão morar comigo. – A Magda ergueu a cabeça imediatamente.
- Não, mamãe! Nós vamos procurar um lugar pra nós. – O Enrico avisou a mãe com seriedade. – Agora, mamãe, é a sua vez, faça as coisas direito, dê ao Tomás o lugar que ele ocupa na sua vida e faça isso de cabeça erguida.
- Enrico... – A Magda mexeu no cabelo nervosa. – Olha, aconteceu e... – Ela parou, olhou nos olhos do Tomás que esperava a decisão dela e respirou fundo, antes de olhar outra vez para o filho. – Enrico, o Tomás é meu namorado. Ele me faz feliz de um jeito que eu nunca fui na vida. Ele me trata bem, com amor e respeito, me valoriza. E eu estou apaixonada por ele.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
Quero ler capítulos 320...