“Martim Monterrey”
A minha paz com a Abigail não durou muito, quando chegamos em casa haviam quatro carros estacionados em frente e eu conhecia cada um deles, eram o Emiliano e meus três irmãos.
- O que vocês fazem aqui? – Perguntei ao sair do meu carro, indo abrir a porta para a Abigail. Tudo o que eu não precisava era de intrusos essa noite.
- Deixa comigo que eu ajudo a cunhada. – Meu irmão Tomás, o mais novo, um atrevido paquerador que eu não sabia porque as mulheres achavam um charme e se jogavam pra cima dele, veio correndo e pegou a mão da Abigail antes que eu pudesse raciocinar. Eu olhei pra ele de cara feia e ele riu. Era muito atrevimento!
- Onde estão seus modos, irmão? – O Ignácio riu e se aproximou. – Nós viemos te buscar para a sua despedida de solteiro.
- Ah, não, Ignácio! Sem essa! Além do mais eu só me caso no sábado. – Eu reclamei, mas sabia que seria impossível me livrar disso.
- Por isso mesmo. Nossa mãe disse que não quer nenhum de nós cheirando a álcool no seu casamento, então nós vamos sair hoje e encher a cara, e assim teremos tempo de nos recuperar da ressaca. – O Ignácio me explicava, mas meus olhos já estavam sobre o Maximilian, solícito demais, tirando as malas da Abigail do carro.
- Gente, vamos pular esse negócio de despedida de solteiro. Eu preciso ajudar a coelhinha com a mudança. – Tentei convencê-los.
- Não se preocupa, ursinho. Os rapazes vão deixar as malas lá no quarto pra mim e você pode ir para a sua festinha. – A Abigail estava do lado deles? Mas que traidora!
- Coelhinha, eu não quero deixar você sozinha! – Eu falei no meu melhor tom derretido por ela e ela riu.
- Eu não quero que os seus irmãos pensem que eu sou uma chata que vai privá-los da sua companhia. – Ela se aproximou e o Ignácio a cumprimentou com um beijo no rosto. Mas o que ela havia feito coma minha família? O Ignácio não era o tipo de beijinhos e abraços, ele era o mais velho depois de mim, mas se comportava como se fosse mais velho que eu.
- Se não fosse uma despedida de solteiro eu diria pra você vir coma gente, Abi. Você fica muito divertida quando bebe. – O Emiliano sugeriu e eu senti um incômodo por ele conhecê-la tão bem, mas eu fiquei curioso para vê-la bêbada.
- Não me entrega, Emi! Ou o noivo me abandona. – Ela riu.
- Ah, não, mas agora eu quero saber o que acontece quando a cunhada enche a cara! – O Tomás se aproximou.
- Olha o respeito, Tomás! – Eu chamei sua atenção e ele riu.
- Acontece de tudo, Tomás, inclusive ela é acometida por um desejo incontrolável de subir em cima da mesa e cantar baladas românticas. – O Emiliano atiçou a curiosidade geral.
- Então vamos levar a cunhada para a despedida de solteiro e deixar o Martim em casa, ela é mesmo mais divertida que ele e mais gata! – O Maximilian se aproximou e eu sabia que ele estava me provocando.
- Se afastem da minha noiva. – Eu puxei a Abigail pelo pulso, a envolvi em meus braços e ela riu.
- Vai com eles, ursinho. Eu vou arrumar as minhas coisas e depois eu vou pra cama, eu estou exausta. – Ela realmente parecia cansada.
- Dessa vez. Na sua outra despedida de solteiro você se empolgou totalmente com as garotas e, apesar de não ter ficado com nenhuma, aproveitou bastante as danças e aproximações das meninas. – O Ignácio se lembrou de algo que já parecia fazer muito tempo. – Mas dessa vez, você está aí como um monge.
- Ah, Ignácio, isso é porque minha amiga Abigail é muito especial. – O Emiliano se pendurou em meu pescoço. Ele sim, estava bem animadinho com as dancinhas das garotas essa noite.
- Sim, ela é! – Eu me lembrei do beijo que trocamos no apartamento dela.
- Olha só, eu achei que não ia ver isso acontecer. – O Maximilian me olhava do outro lado da mesa, era uma cópia fiel do Ignácio, a única coisa que diferenciava os meus irmãos gêmeos era a personalidade, enquanto o Ignácio era mais sério e reservado, o Maximilian era totalmente expansivo e cordial. – Você está totalmente apaixonado pela Abi!
Ele não era o primeiro a me dizer aquilo e a dúvida se agitou em mim de novo. Eu já não sabia mais e eu não tinha resposta para ele, então apenas sorri.
- E como não estaria? A Abi é uma gata. E além do mais, aquela implicância dele com ela já deixava isso claro, bem que a mamãe falou. – O Tomás se meteu na conversa deixando de lado a garota que dançava pra ele.
- Conta pra gente, Martim, como ela conseguiu essa proeza, tirar você do casulo que você se meteu depois daquela ordinária? – O Maximilian me encarou e eu, mais uma vez, não sabia o que dizer.
- Cara, eu não sei! Eu só sei que ela me deixa assim, como um menino apaixonado, que quer chamar a atenção da menina, mas não sabe o que fazer. Mas às vezes ela também me deixa louco de raiva. Só que foi impossível não notá-la, foi impossível mantê-la longe. – Eu girava o copo sobre a mesa, pensando no que eu mesmo acabava de dizer e me dei conta da dualidade que eu sentia em relação a Abigail.
Muitas vezes no escritório eu a achava impressionante, altamente capaz e admirável, a sua beleza também não passou despercebida por mim e muitas vezes também eu a provoquei só porque achava que ela ficava linda zangadinha. Mas ela também tinha algo que me irritava profundamente, vivia me desafiando e tinha uma boquinha muito atrevida, atrevida e gostosa demais. Eu estava percebendo que precisava me resolver em relação à Abigail ou ficaria louco.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
Quero ler capítulos 320...