“Abigail Zapata Monterrey”
O Martim e eu entramos no escritório de mãos dadas. Claro que a cobra da Maria Luiza já estava sentada na recepção lixando as unhas e quando nos viu chegar o olhar dela poderia ter me matado, pois era puro ódio.
- Bom dia, Marilú! Senti sua falta no nosso casamento. – Eu me encostei no balcão da recepção e falei com uma simpatia fingida. – Mas o meu ursinho me contou que você foi muito gentil e ajudou a colocar todas aquelas flores lindas na casa pra mim.
- É Malu! – Ela falou entre os dentes e meu sorriso se ampliou.
- Pois é, Marilú, mas acredita que o meu ursinho achou que não estava a minha altura e me levou pra um hotel maravilhoso?! Menina, deixa eu te contar, um quarto lindo, todo arrumado especialmente para a nossa noite de núpcias. – Eu falei só para matá-la de raiva.
- Nossa, Martim, mas eu me esforcei tanto. – Ela choramingou com ele.
- Ah, Malu, mas eu queria algo ainda mais especial para a minha coelhinha! – O Martim entrou na minha e não contou o verdadeiro motivo de irmos para o hotel, mas se ele contasse eu arrancaria a língua dele.
- Ele não é lindo? – Eu perguntei para a recepcionista folgada e o Martim me deu um beijo.
Mas o que era para ser um selinho, acabou virando um beijo daqueles que o Martim me dava e que me faziam esquecer até onde eu estava e de repente eu já nem ligava para a ridícula da recepcionista.
- Ah, mas que lindo! Meu casal favorito! – A voz do Emiliano fez o Martim interromper o nosso beijo e eu senti que ele estremeceu, quase como se sentisse medo de algo.
- Não atrapalha, Emi! Meu marido está me beijando! – Eu falei ainda com a boca pertinho da dele e meus olhos nos seus. Eu senti quando ele relaxou, no mesmo momento em que sorriu pra mim, satisfeito com o que tinha ouvido.
- Ah, olha, agora ela só quer saber do maridinho! – O Emiliano brincou e o Martim apertou os seus braços em mim um pouco mais e deu um beijo na minha cabeça, antes de me soltar para cumprimentar o nosso amigo.
- Emiliano, meu amigo! – O Martim se afastou de mim para abraçar o Emiliano. – Como você sobreviveu essa semana sem mim?
- Olha, Martim, não foi fácil, eu cheguei a pensar que eu é que deveria ter me casado com você, mas a Abi foi mais esperta. – O Martim riu e o Emiliano me abraçou. – Também senti sua falta, Abi!
Nós fomos caminhando pelo corredor e quando chegamos à porta da minha sala eu me despedi deles, deixaria os dois conversarem, eu precisava colocar o meu trabalho em dia. Não demorou muito para a recepcionista vadia dar as caras na minha sala.
- Ainda não aprendeu a bater antes de entrar, Marilú? – Eu não teria muita paciência mais com essazinha não. Eu ia dar um sacode nela, para ela aprender que comigo ela não ia se criar.
- Para de me chamar de Marilú, sua galinha oferecida! – Ela colocou o dedo em riste e veio em minha direção.
- Ué, gente, qual o problema? – Eu me fiz de boba e a encarei com uma expressão que não escondia o meu cinismo.
- Martim, eu não fiz nada, é mentira dela, ela me detesta desde o primeiro dia, você sabe. – A Maria Luiza tentou se defender.
- Ah, Maria Luiza, você se esquece que a Abigail é minha amiga há muito tempo e eu a conheço muito bem. Ela é incapaz de inventar mentiras para prejudicar qualquer pessoa. – O Emiliano me defendeu.
- E agora, Maria Luiza, ela é minha esposa! Eu não vou permitir que você continue sua campanha de difamação contra ela. Além do mais, eu sei que você fez na casa de praia. – O Martim a pressionou e ela estava quase chorando.
- Eu n-não fiz nada, Martim! – Ela olhava pra ele suplicante, mas o olhar dele pra ela era duro e frio. – Po-por favor, não me demitam, eu preciso do emprego. Emiliano, você sabe, eu preciso desse trabalho.
- Pensasse antes, Maria Luiza! – A voz do Martim me deixou até um pouquinho assustada.
- Por quê você precisa do emprego, Marilú? – Eu perguntei e ela me fuzilou com os olhos mais uma vez, mas vendo o olhar do Martim sobre ela, ela abaixou a cabeça.
- Porque eu ajudo com as despesas de casa. – Ela se limitou a responder, mas eu percebi que ali havia verdade. – Por favor, Emiliano, eu preciso muito do meu emprego.
- Eu já disse... – Eu coloquei a mão no braço do Martim numa tentativa de acalmá-lo e ele me encarou. – Maria Luiza, quem vai decidir se você fica ou não é a Abigail. Concorda, Emiliano?
- Acho justo, afinal é a Abi quem ela vive tentando atrapalhar. – O Emiliano deu de ombros e a decisão sobre o destino da recepcionista folgada estava em minhas mãos.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
Quero ler capítulos 320...