Theo não me dá a menor chance de recusar aquele beijo.
Segura meu rosto entre as mãos e a boca logo se apodera da minha. Nos beijamos na frente de todos, sem o menor menor pudor, sem o menor constrangimento, como se o tempo tivesse parado e fôssemos apenas nós dois no jardim ao som da orquestra.
Quando deita minha cabeça para trás, eu abro os lábios para permitir a passagem da sua língua, que sugo avidamente. Seu gosto é maravilhoso e me faz sentir viva depois de todo esse longo tempo solitário. Minha mente tenta recobrar o juízo, mas a razão se perde em meio a boca macia de Theodoro e a forma como ele enterra a mão no meu cabelo, me puxando para si pela nuca, de maneira possessiva.
Terminamos o beijo sob aplausos entusiasmados. E é o som das palmas que me traz de volta a realidade.
Chego para trás, chocada com a estupidez que acabei de cometer. Outra vez, deixei que Theodoro me reinvindicasse para ele. Deixei que provasse o seu ponto de vista e cravasse a porra de uma bandeira sobre mim. Entreguei de bandeja todas as minhas fraquezas depois de decidir que nunca mais pertenceria a ele de novo.
Eu me afasto com uma sensação de fracasso angustiante. Quando vou me libertar do domínio que esse homem exerce sobre mim?
Preciso agir o quanto antes.
Theo também me obseva. Parece tão espantado quanto eu, mas acredito que por razões diferentes.
— Precisamos conversar — ele diz, segurando o meu pulso antes antes que eu me distancie demais.
— Não!
— É importante. Vou esperar você lá dentro, Vitória — ele decreta, antes de me soltar e desaparecer do jardim em direção ao casarão.
***
Eu não entro imediatamente.
Primeiro, dou uma volta pelo jardim para esfriar a cabeça. Não tenho a menor condição de enfrentar uma conversa com Theodoro agora. Não quando estou tremendo desse jeito.
Quando consigo me recompor, eu me arrasto para o casarão, sem querer admitir que estou mais do que um pouco ansiosa para descobrir o que Theo tem de tão urgente para me dizer.
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