Jogo de Intrigas romance Capítulo 40

Fico imóvel, chocada, completamente sem piscar.

— Do que você está falando, Theodoro? Fala logo porque eu não estou entendendo. 

— É simples, Vitória. Estou propondo um acordo — ele sugere, com sua pose de homem de negócios impassível. — Nós dois damos uma trégua. Deixamos para trás todas as nossas merdas e seguimos em frente, o que você acha?

— Como assim seguir em frente? Como se ainda fôssemos casados?

— Não como se fôssemos — há um brilho irritado em seus olhos. — Ainda somos! Somos casados, Vitória. No papel nunca deixamos de ser.

— Mss não um casamento convencional, você mesmo disse. Estamos juntos por uma questão de conveniência e....

— Pode ser convencional a partir de agora, se decidirmos — ele avisa, segurando o meu queixo para olhar em meus olhos com paixão. – Você não quer que seja? Não quer voltar a ser minha mulher?

Sua oferta me deixa atordoada. Sinto como se eu tivesse sido sacudida por um vendaval bem forte. Mesmo assim, eu me desvencilho e me afasto dele bruscamente. 

Theo franze as sobrancelhas, me observando tomar distância. Ele parece dilacerado. É como ter outro homem diante dos meus olhos. Alguém que sabe que está me perdendo e que realmente se importa. Mas sua mudança repetina não me convence. Sei que Joaquim foi sequestrado e que uma situação extrema de estresse costuma desencadear alguma reação nas pessoas, mas me recuso a acreditar que Don Tremesso teve uma mudança assim tão radical. Deve ter alguma outra coisa...

— Não consigo entender o que você pretende com isso. Por acaso não acha mais que eu tentei matar você? — decido encurralar o cappo contra a parede. — Acredita mesmo na minha inocência, Theo? Anda, me responde!

— Por favor, não confunda tudo — ele esfrega o rosto, torturado. — Não me leve como um idiota, Vitória. Estamos falando de outra coisa. 

— E que coisa seria essa?

— Eu tentei manter distância de você — ele grita, furioso, descontrolado. — Primeiro, tentei te esquecer. Depois, eu tentei te odiar... mas nada disso adiantou. Eu ainda penso em você a cada porra de segundo!

Meu peito aperta e se quebra com o peso aquela confissão. Seu olhar é dolorido, angustiado. Nos encaramos como dois pássaros quebrados, com as asas arrancadas.

Quando ele torna a falar, toda a determinação desapareceu. Sua voz tem um tom de urgência e desespero.

— Você está linda, sabia? Todos esses anos só serviram para te deixar ainda mais bonita. E ver isso, dia após dia, é um tormento. Ver seu rosto sem poder tocá-lo... seu corpo sem poder amá-lo. Pode me achar um idiota, mas é assim que eu me sinto. Por isso, estou disposto a passar por cima de qualquer coisa... qualquer coisa, eu disse... para ficarmos juntos de novo.

Meu coração se parte em pedaços. Eu me dobro para frente, lutando para não chorar. Theodoro não está se desculpando, não está admitindo que cometeu um erro ao me culpar. Ele está me oferecendo uma segunda chance. Se eu aceitar, se quiser pegá-la, estarei admitindo minha culpa por uma coisa que nunca fiz. E isso não me soa nem um pouco tentador, apesar de me garantir ficar com o homem que eu amo.

Ele avança alguns passos e, dessa vez, não tenho forças para recuar. Com cautela, estende a mão para afastar meu cabelo e acariciar o meu rosto delicadamente. Me observa com atenção, como se eu fosse o mais cruel dos enigmas. A mulher apaixonada que é capaz de matar por ambição. É isso o que ele pensa que eu sou?

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