Emma abriu a porta do apartamento com receio. Não esperava que seu encontro tivesse demorado tanto, mas sentia-se como se houvesse traído Raoul de alguma forma. Meneou a cabeça para espantar tais pensamentos ao entrar no apartamento, o qual encontrava-se escuro com apenas a luz de fora iluminando o cômodo da sala. Trancou a porta e caminhou em direção ao seu quarto. Assim que colocou a mão na maçaneta da porta escutou o barulho da porta de Raoul abrindo, virou-se ficando sem ar ao vê-lo sem camisa, vestindo apenas uma calça de algodão.
–Boa noite.. – ela murmurou sem graça. Abaixou os olhos sentindo as suas faces avermelhassem.
–Chegou muito tarde – falou sério observando as reações da jovem a sua frente – onde estava?
–No cinema.
–Com quem?
Emma ergueu a cabeça fitando-o. Aquela era a primeira vez que ele lhe fazia uma pergunta tão pessoal.
–Com... R...Um amigo.
–Amigo – repetiu com sarcasmo. – lembre-se que para a minha família somos casados. Tente conter seus hormônios durante um ano e não saia em publico com qualquer garotinho. Para os Belinni, és casada comigo e é fiel. E quero que continuem pensando assim. Estamos entendidos?
–Mas porque isso? Seria mais fácil contar a verdade – disse pensativa – eles devem saber que isso é uma mentira.
–Não se preocupe em entender, apenas faça o que eu digo. É o mínimo que deve fazer já que mora em minha casa e tem tudo o que precisa.
Emma fechou a mão com força ao escutar as palavras dele. O sangue subiu em sua cabeça.
–Não lembro-me de ter pedido para vir morar aqui. O único que foi atrás de mim, foi o senhor. Também não me lembro de ter implorado por sua ajuda.
Raoul sorriu de lado ao perceber que nem sempre ela era dócil.
–Costuma mostrar suas presas? Isso é interessante – murmurou ao caminhar ate ela, parando em sua frente. – Imaginei que fosse um coelho indefeso, mas me enganei.
–Estou dizendo apenas a verdade e se não me queria aqui porque me trouxe? Um casamento desse tipo não deve ser motivo suficiente.
–E não é – falou misterioso ao encará-la. Segurou o seu queixo, erguendo-o um pouco, e sem que percebesse já havia tomado os lábios dela. Fechou os olhos ao sentir a maciez dos lábios de sua esposa, tentando não imaginar o quanto assustava ela se encontrava.
Emma manteve-se paralisada. O beijo que Raoul lhe dava era diferente de tudo. Por mais incrível que parecesse, o sabor dele conseguia apagar o de Rupert facilmente. Ela fechou os olhos, recriminando-se, e correspondeu com ardor o beijo que recebia. As mãos de Raoul encontravam-se na cintura dela, apertando-a contra si quase deixando-a ciente do desejo dele por ela.
No meio de um corredor, em um apartamento, na Itália duas pessoas se beijavam ardentemente ignorando todos seus pensamentos.
Raoul não sabia, mas sentia a necessidade de mostrar a Emma, que ela era dele, enquanto ela deixava-se levar pela sensação inebriante dele em seus braços. A razão já começava a deixar a mente deles quando Raoul se pós a beijar o pescoço dela antes de empurrá-la contra a parede. Suas mãos moviam-se pelo seu corpo, mas ao erguer as pernas dela colocando-as na direção de sua perna, parou. A soltou e se afastou abruptamente. Passou as mãos pelo cabelo em forma de confusão.
–Boa noite – falou antes de correr em direção ao seu quarto. Trancando-se em seguida.
Emma fitou o nada ao levar a mão ao seu coração. Ela não havia percebido o perigo que corria naquele casa ate aquela noite.
–O que eu estava prestes a fazer? – se perguntou confusa ao lembrar-se dos beijos dele – como alguém pode ter tamanho poder sobre mim?
Raoul encostou-se na porta com o semblante desesperado.
–O que está acontecendo comigo? Nunca imaginei ter complexo de Lolita – falou a si mesmo antes de suspirar. Andou até a sua cama sabendo que não dormiria aquela noite e temia que o mesmo acontecesse mais vezes. – Tenho que me afastar dela.
***
Raoul andou de um lado para o outro a espera que Enzo chegasse na empresa, o que só aconteceu minutos depois. Enzo assim que abriu a porta sorriu, largamente, ao ver o seu primo desesperado.
–Ela já pediu o divorcio? – indagou bem humorado.
–Preciso de sua ajuda – disse direto deixando Enzo interessado – eu pagarei todas as despeças, mas peço que deixe Emma ficar em sua casa.
–Não... Estou entendendo – murmurou confuso fechando a porta – o que houve? Ela quer sair de lá?
–-Enzo... Isso está errado. Tenho 30 anos, não posso ficar morando embaixo do mesmo teto que minha esposa de quinze anos. Isso não é correto.
–Vocês moram como irmãos. Não se preocupe, ninguém está lhe recriminando.
–O problema não é esse – confessou ao afrouxar a gravata. Tudo estava lhe sufocando. Aquela seria a primeira vez que demonstrava fraqueza para Enzo.
–Qual é? Senti-se atraído por ela por acaso? – falou sorrindo, mas ao ver o semblante sério de Raoul percebeu ser verdade – ”Isso é interessante” pensou entusiasmado. –Se for isso, qual o problema? É casado com ela, estão morando juntos e é o tutor legal dela. Tudo está ao seu favor.
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